domingo, 9 de novembro de 2008

Botão Barbearia[0.882/2008]
Manifestação docenteManif Professores

Se todos os que andaram por Lisboa eram professores, então devem ter ficado muito poucos fora da manifestação. Não faço ideia do número que forma o universo dos professores em Portugal. Acredito que sejam mais uns milhares do que os 120.000 que dizem ter enchido as ruas da capital, mas, mesmo que o sejam, serão muito poucos aqueles a que a Ministra se refere quando diz haver professores satisfeitos com o método de avaliação que lhes foi imposto.

Penso que todos concordamos que tem de haver um qualquer método para avaliação do desempenho dos professores. É importante que os profissionais se possam distinguir pelo que produzem e pelos objectivos que atingem, mas, para se conseguir mobilizar tanta gente para acções de rua, ou realmente o esquema em execução é mau, ou os anti-corpos que Maria de Lurdes Rodrigues conseguiu nesta legislatura revelam uma inabilidade política de muito alto nível.

De qualquer forma, mesmo considerando haver ética suficiente dos professores para não prejudicar os alunos, deste extremar de posições não se adivinham benefícios para a educação em Portugal.

Veremos se tudo isto não acaba por descambar em grandes dificuldades futuras para os mais jovens e se a metodologia da ruptura que está a ser seguida, em vez de uma reforma dilatada e consensual, não resultará na perda de mais uma geração de alunos transformada em cobaia.
LNT
Rastos:
USB Link-> Jornal de Notícias Manifestação juntou 120 mil professores
-> Ministério da Educação Decreto Regulamentar n.º 11/2008 de 23/5

-> Traço Grosso Alfredo Barroso
-> Corta-fitas Pedro Correia

18 comentários:

José Manuel Dias disse...

Eduardo Henrique da Silva Correia, Vitorino Magalhães Godinho, Vasco dos Santos Gonçalves , Rui dos Santos Grácio, Manuel Rodrigues de Carvalho, José Emílio da Silva, Victor Manuel Rodrigues Alves, Mário Augusto Sottomayor Leal Cardia, Carlos Alberto Lloyd Braga, Luís Francisco Valente de Oliveira, Luís Eugénio Caldas Veiga da Cunha, Vítor Pereira Crespo, João José Rodiles Fraústo da Silva, José Augusto Seabra, João de Deus Rogado Salvador Pinheiro, Roberto Artur da Luz Carneiro, Diamantino Freitas Gomes Durão, António Fernando Couto dos Santos, Maria Manuela Dias Ferreira Leite, Eduardo Carregal Marçal Grilo, Guilherme Pereira de Oliveira Martins, Augusto Ernesto Santos Silva, Júlio Domingos Pedrosa da Luz de Jesus, José David Gomes Justino, Maria do Carmo Félix da Costa Seabra e Maria de Lurdes Reis Rodrigues.
Foram estes os Ministros da Educação desde 0 25 de Abril. 26! Com uma média de 15 mess no cargo! Os problemas da educação não devem dissociar-se destes facto. Nenhum serviu?! E esta, também, não serve? Algo vai mal.

Anónimo disse...

Caro barbeiro,
Não conheço que em lado e tempo algum tenha havido "uma reforma dilatada e consensual" - até pela dificuldade de definir consenso ( ninguém contra ?!).
V. conhece ou é só a minha ignorância a expressar-se ?

Luís Novaes Tito disse...

Reformas dilatadas no tempo poderia dar-lhe N exemplos.

Quanto ao consensual o anónimo anterior é muito radical. O termo não inclui o "ninguém contra" que refere mas sim, porque estamos em democracia, o sentir da maioria, o que, como se pode ver pelo número de contestatários, não é aplicável neste caso.

O anonimo anterior poderá verificar que neste estabelecimento não se vai pela facilidade (isto também se aplica ao José Manuel Dias), mas apela-se principalmente ao bom senso que é uma coisa rara nos tempos que correm.

Parecem-me claras duas coisas:
1- Sem professores não há reforma alguma;
2- Confundir consenso com unanimidade é misturar democracia com ditadura.

odete pinto disse...

A mim parece-me tudo "isto" um ensaio geral do tudo ao molhe e fé em Deus.

Soube-se que terá havido em Março/Abril um acordo entre ME e sindicatos. Já não serve? rasgaram-o?
Os sindicatos foram ultrapassados pela direita? professores na rua a cantar viras e outras modinhas, são referência para os alunos virem para a rua tocar e cantar outra moda qualquer contra notas e/ou exames feitos por esses mesmos professores?

Lembro-me demasiado bem das tristes "modas" por que passaram as escolas durante e a seguir ao PREC.

Sei os sacrifícios que fiz, sozinha, para que os meus filhos pudessem, na altura, estudar no colégio Moderno, desde o 1º ano do 2º ciclo.

Na multinacional onde sempre trabalhei, todos os anos tinha que preencher um formulário com QUATRO páginas inteiras de auto-avaliação e definição de objectivos, que depois eram discutidas pessoalmente com o superior hierárquico.

Para se ser respeitado, é preciso darmo-nos também ao respeito.

Tudo "isto" vai totalmente em sentido contrário, parece-me.

Por último, o "clima" BPN não precisará de ser "ofuscado" com viras e modinhas?

Luís Novaes Tito disse...

Cara Odete,

Limito-me como cidadão observador a constatar que alguma coisa está a correr muito mal neste processo e que isso resulta, pelo que me parece, de uma inabilidade política incontestada.

Não acredito que 120.000 professores na rua seja resultante de manipulação até por estarmos a falar de professores e essa condição leva a crer que não serão facilmente manipuláveis.

Um Ministro é um político e aos políticos compete gerir de acordo com o poder que lhes foi delegado pelos eleitores. Gerir com eles (eleitores) e não contra eles.

De uma coisa tenho a certeza. Os políticos, mesmo sem formulários e burocracias são avaliados. Aguardemos e estejamos atentos para que tudo isto não reste no sacrifício de mais uma geração de estudantes.

Anónimo disse...

Caro barbeiro,
Sou o anónimo da das 15:48.
Para tão bom profissional a "tosquiadela" que me deu considero-a fraca.
Falemos claro:
1.A Escola Pública é uma instituição pertença da comunidade e por ela gerida para educar/ensinar os seus membros por intermédio dos professores recrutados e geridos por quem a comunidade entender, ou não ?
2.Dos N exemplos que diz conhecer de "reformas dilatadas e consensuais" porque não indica um ou dois ?!
3. Como o Diabo nunca está nas generalidades mas sim nos detalhes e o bom senso é um chapéu que serve a cabeludos e carecas, o que acha das seguintes proposições:
A- Sem alunos não há professores;
B- Os direitos das minorias não podem invalidar os direitos das maiorias;
A minha opinião (resumida) sobre " o caso geral" é que as Corporações/Grupos Profissionais nunca se autoreformam porque isso é sempre contra os seus próprios interesses.
Obrigado e cumprimentos.

Luís Novaes Tito disse...

O anónimo anterior colocou uma só questão no seu primeiro comentário, questão que tinha a ver com o seu mau conceito de consenso porque o confunde com pensamento unitário. Foi a isso que respondi.

Agora já aumenta o leque de questões e porventura irá aumentar sempre em contra resposta. O método é conhecido.

O que tenho para lhe responder é que olho para tudo isto como observador e não como técnico de educação e o que vejo é a inabilidade política patente.

Resolver as questões por imposição não é boa solução em democracia e cá estaremos para ver se é verdade ou não.

Luís Novaes Tito disse...

Já agora:
Se ler com atenção o meu comentário verá que na resposta lhe falo de N reformas dilatadas no tempo e não naquilo que diz no seu último comentário.

A formulação das questões do grupo 3 do seu comentário são propangadisticas mas têm pouco sentido numa abordagem como a que foi feita no Post. A A) é mera retórica, a B) fala de direitos, coisa que até agora não tinha sido abordada e fala de maiorias e minorias sem especificar a que maiorias/minorias se está a referir.

Anónimo disse...

Caro barbeiro,
ISTO NÂO É UMA RESPOSTA.
O blog é seu...as suas opiniões são as suas opiniões...há quem goste de conversar e quem goste de desconversar (ou responder ao lado)...em suma há de tudo...
Há quem fique e quem vá.
Fique V. bem...que eu estou de saída.
Desculpe o incómodo, aceite o meu obrigado e cumprimentos.

Luís Novaes Tito disse...

Pois é anónimo.

Ao tipo de abordagem que fez só podia ter aquele tipo de resposta. Se tivesse querido, podia ter abordado o que escrevi no texto mas entendeu desviar-se para questões que eu não tinha colocado.

A minha apreciação no Post refere-se só à Gestão da Mudança e aos modelos (incluindo os políticos) para a conseguir. Não faço nenhum juízo sobre a validade do método de avaliação, digo que o processo tem sido desastrosamente conduzido o que é uma evidência quando põe 120.000 professores na rua (e não se fale de manipulação porque isso é um disparate)

Não o entendeu, paciência, meu caro. O Blog continua de portas abertas.

Nortada disse...

Caro Barbeiro excelente post e por isso tão incomodativo.
Os tais 120.000, que não seriam todos professores, mas que fossem 100.000 deixa sem qualquer dúvida e de forma evidente muito bem patenteada a incapacidade política da tutela na resolução de um problema.
Nunca em sociedade alguma em tempo algum, tudo esteve bem, para isso é que existente governos, para ir resolvendo de forma tendencial ao óptimo os problemas que vão surgindo.
Em hipótese nenhuma a eficiência da educação em Portugal ou qualquer outro país do mundo pode ser conseguida à revelia dos elementos integrantes do próprio sistema educacional.
Não se governa a educação contra os alunos, contra os professores ou contra os pais que são a sociedade em geral.
Por muito que custe a nós todos a educação em Portugal esteve e está mal, por muito que custe a alguns de nós, o pilar que estava menos mal era o dos professores e foi esse exactamente o usado com bode expiatório dos males do sistema.
Os alunos hoje estão mal como nunca estiveram, por que as famílias falharam no seu papel educativo e o estado não providenciou durante décadas a adequação dos investimentos na educação às necessidades reais da sociedade, as políticas seguidas pelos sucessivos governos foram os principais responsáveis pela criação dos péssimos resultados do sistema de ensino público.
Se queriam importar alguma coisa da Finlândia, tivessem importado o ministro da educação…

Anónimo disse...

Caro barbeiro,
Não me faça perder o respeito que há muito tempo tenho por si, i.e., pelos posts que coloca e que supostamente traduzem o seu pensamento.
Desde pequeno (e tenho 59 anos) que aprendi que não se deve bater num homem deitado...porque ele pode levantar-se !
Aconselho-o a reler-se e a reler os meus post's. Nem sempre o último a falar tem razão...
Mas que raio importa isso quando o dogmatismo faz a sua aparição, mesmo que assuma aspecto naif ?!
Cumprimentos (não muito calorosos...).
Ass:Anónimo ( porque na verdade só sou um português em dez milhões e não pretendo ser nem mais nem menos do que isso)...mas não parvo !

Luís Novaes Tito disse...

Tem razão, anónimo.

Nem sempre o que fala por último tem razão, por muito que tente ser o último a falar.

Tudo relido e claro. Pelo menos para mim.

Anónimo disse...

Começo a estar farto de tanta discussão (estou a pensar noutros blogs também) por causa de uma manifestação.
De duas coisas estou certo :
1 - Não me agradam as macificações corporatistas.
2 - Os professores devem, como todas as profissões, ser avaliados. Não disponho de elementos suficientes para saber qual a melhor maneira. Mas o princípio da avaliação não deve ser contestado.

Anónimo no Blogger, mas
J.-C. Ferreira de Almeida (Transdisciplinar)

AnaMar (pseudónimo) disse...

Lamento que no meio de tantas considerações demagógicas, os alunos estejam mais uma vez num plano em que nem contam para os objectivos em discussão.

Sim, avaliações de desempenho são necessárias. Mas talvez antes de se exigir, tenha que se apetrechar de ferramentas quem vamos avaliar. Para definir objectivos, os indicadores de medidas dos mesmos e os critérios de superação.O que é que falha neste processo, que gera tanta polémica? a metodologia? Os objectivos que não se enquadram?

O que é lamentável é que ninguém de direito (com excepção de alguns, muitos BONS PROFESSORES, profissionais que levam as suas tarefas a sério, se preocupam com o "objecto", neste caso, os alunos.

CPrice disse...

sem dúvida alguma uma farpa este ;) bem a seu jeito de tesoura na mão, o profissionalismo que lhe conhecemos, reconhecemos e apreciamos.
De tudo o que escreve, e bem, prendo-me na importância do último parágrafo.

Boa semana Caro LNT

Anónimo disse...

Acho graça as pessoas que criticam sem conhecimento de causa. Se calhar deviam informar-se antes de formularem opiniões.

Vejam o blog: http://vouseravaliado.blogspot.com

e tentem perceber o que a "pequena ficha de objectivos" tem por trás.

Além de que, um dos maiores problemas prende-se com o "avaliador" em si.

Reparem que quem vai avaliar não é um superior como acontece nas empresas. É um colega que até pode ser menos qualificado, menos experiente e até de outra área distinta. Teve foi a felicidade (ou será outra coisa?) de ter estado em cargos de chefia.

Pedro Sá disse...

Se de facto esteve essa gente toda é totalmente impossível que tenham sido todos professores. Sejamos realistas.

Professores ? No máximo dos máximos entre 80 a 100 mil.