sexta-feira, 3 de julho de 2009

Recolheu aos curros

PicassoO que mais irrita nisto tudo é que o homem nem sequer fez um par de cornos à portuguesa.

Como é de "luas" e de "boas-famílias" em vez de mandar um par de cornos a quem queria, gesticulando com propriedade, espetou um dedinho de cada lado da sua própria testa e assumiu a condição de cornudo.

Percebe-se assim que, ao toque para saltar para a arena, o Cabo dos Forcados tenha dado ordem para que se lhe fizesse a cernelha, como determina a afficion, por se apresentar em pontas e quem assim se apresenta não é para tourear mas para ser toureado.

O erro de Pinho/Pino foi tirar a jaqueta e o barrete, enfeitar-se de choca e saltar a barreira. Nem o derrote o salvou.
Céu dum azul infinito,
Tarde linda, praça a cunha,
0 toiro é negro, gravito,
Cornetim, toca p'rá unha.

E salta lesto pr'a arena
0 forcado valentão,
E pisa a terra morena
Com altiva decisão.

E todo donaire e graça,
Petulante e atrevida,
Citando de praça a praça,
Aguenta a investida.

E o povo desvairado
Com tamanha valentia,
Vendo o toiro dominado
Rompe em alta gritaria.

E no brado do respeito,
Como carícia dum beijo,
Sente o forcado no peito
Todo o sol do Ribatejo.
Toca P'rá Unha
D. Maria Mimela Cid
LNT
[0.489/2009]

1 comentário:

maloud disse...

A mim o que mais me irrita é a hipocrisia do carroceiro de Belém que acabei de ler no site da TSF.
Estou tão furiosa que me dá vontade de despejar o vernáculo do Porto, mais genuíno que o da Madeira.