segunda-feira, 30 de novembro de 2009

E se os minaretes tiverem sinos de ouro?

Burka - olhos - anéisDa última vez que estive em Genebra partilhei o pequeno-almoço com umas dezenas de mulheres que tinham de praticar um ritual estranho de dificuldades para poderem levar os alimentos à boca.

As burkas negras com uma fresta em renda para as deixar espreitar não eram só um sinal de diferença, o que seria respeitável, mas uma dificuldade real para poderem usufruir, com normalidade, do direito básico de se alimentarem.

Em Genebra, Suíça, as burkas são proibidas o que me levou a pensar que no país do chocolate e dos relógios as entidades policiais ficam cegas com os trajes negros onde se escondem seres humanos que circulam, aos magotes, à volta dos machos pelas ruas da cidade de Jean-Jacques. Quando se pergunta a um genebrino o que provoca tal cegueira nos agentes policiais eles apontam para os Patek Philippe de ouro e diamantes e para os anúncios à mais higiénica e elegante banca do Mundo, para logo de seguida torcerem o nariz com a pretensão de alterar a data das festas da cidade quando ela coincida com o Ramadão.

A Suíça tem destas coisas. Tanto tem orgulho na mosquée de Genève e no seu minarete de onde se avista o quartier des organisations internationales, como se envergonha de que do quartier des organisations internationales se aviste o minarete da mosquée de Genève.

Se ao menos as mesquitas tivessem campanários em vez de minaretes e sinos de ouro em vez de silêncios.
LNT
[0.742/2009]

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