terça-feira, 26 de julho de 2011

Caciquismo e aparelhismo

Alka SeltzerDiz-nos o prezado Eduardo Pitta:

As directas dos grandes partidos são um assunto demasiado sério para ser deixado nas mãos dos militantes
Presunção e água benta são assuntos demasiado banais que se deixam ficar na mão dos simpatizantes, digo eu que, com o poder que tenho por ter assumido claramente a minha condição de militante, usei o voto que só compete aos comprometidos. O Eduardo tem de entender, se quiser entender alguma coisa sobre o papel dos Partidos Políticos, que os militantes de um Partido não são o”aparelho” como ele quer fazer entender.

O "aparelho" é o dinheiro e o caciquismo que o dinheiro provoca e isso não está na mão dos militantes mas sim na de pequenos núcleos e na amálgama de "elites" que se enquistam à volta do poder personalizado e que julgam que as organizações políticas são seitas reunidas em torno de uma divindade.
LNT
[0.304/2011]

9 comentários:

C.C. disse...

Sim, mas os Partidos querem e precisam dos votos dos simpatizantes.

Teófilo M. disse...

Caro LNT,
os militantes do partido não são o aparelho é um facto indesmentível, mas se não contarem com as benesses do aparelho, para além de esbracejar, que mais podem fazer?

Luís Novaes Tito disse...

Claro, CC.
Os partidos de poder só o conseguem se cativarem os votos dos simpatizantes e até dos não simpatizantes. É assim que se ganham eleições.
O que não é admissível é a frase de Eduardo Pitta que faz entender que os militantes dos Partidos são menos que qualquer simpatizante. Faz parte do jogo anti-partidos tentar reduzir os militantes a cidadãos de segunda. Como só não se sente quem não é filho de boa gente, e como sou filho, neto, bisneto, tetraneto e por aí fora, de boa gente senti-me e respondi.

Luís Novaes Tito disse...

Caro Teófilo,
O seu comentário resulta de não considerar que os Partidos Políticos são o conjunto dos seus militantes (e também dos seus simpatizantes). Se o entender, facilmente compreende que aos militantes compete tudo, desde a defesa dos princípios que fundamentam esses Partidos, até à apresentação de propostas e soluções para lhes dar cumprimento. O que não lhes compete é contarem com “benesses”, como diz, porque as “benesses” não fazem parte dos estatutos que regem os Partidos.

João Gonçalves disse...

Excelente, Luís. Abraço.

Eduardo Pitta disse...

Caro Luís,

Dando de barato a sua acrimónia, gostaria de precisar:
1) Os militantes dão a cara e o corpo ao manifesto, estando, por isso, numa situação de vantagem, para o melhor e para o pior, sobre os meros simpatizantes. Portanto, se diferença há, e ela existe, é creditada a favor dos militantes.
2) Admitindo por alto que o PS tenha à volta de dois milhões de votantes, parece-me curto que caiba a 50 mil militantes-votantes a escolha do eventual futuro PM.
3) Uma solução de compromisso, atribuindo, por ex., "votos dourados" aos militantes e votos simples a simpatizantes previamente inscritos para votar, parece-me uma hipótese razoável.
Isto dito, boas férias!
Eduardo

Teófilo M. disse...

Caro Luís Novaes Tito,
acredito que ande no partido com esse pundonor, infelizmente não é essa a experiência que tive e que ainda tenho, talvez esteja na secção errada, admito.

Luís Novaes Tito disse...

Não é uma questão de acrimónia, caro Eduardo.
Se ler a frase que publicou (que está a vermelho neste texto) verá que não reconhece aos militantes capacidade de escolha igual à que atribui aos não militantes. Isso resulta do preconceito contra os militantes e foi a isso que respondi.
Iguais votos de boas férias.
Abr.

Luís Novaes Tito disse...

Só mais uma coisa, Eduardo
O mínimo que se espera é que me tenha o mesmo respeito que eu sempre tive por si. Ao desconsiderar ou desvalorizar os militantes do Partido Socialista, entre os quais me conto, terá sempre da minha parte a devida resposta. Não fale de acrimónia porque se ela existe está contida na frase que usou. Continuo a aguardar, e penso que todos os militantes do PS também, um pedido de desculpas e não tentativas de justificação para a ofensa que fez.