domingo, 20 de novembro de 2011

O contra-senso

Bomba máscaraO projecto europeu é uma ideia social-democrata. Baseia-se nos princípios sociais-democratas europeus (Internacional Socialista) e consiste numa federação social e económica das nações europeias.

A direita (que agora se diz liberal) sempre foi contra este projecto e mesmo os eurocépticos só admitiram que ele pudesse andar porque o viam como uma forma de suportar a globalização.

A direita sempre detestou que as sopeiras se vestissem como as meninas da casa e que os pobres pudessem engarrafar as auto-estradas onde eles queriam circular sem impedimento.

Os pobres, os ex-remediados que gostam de ser considerados classe média, perdem-se de amores pela aparência e, ao vestirem as camisolas da moda - laranjas e azuis, sentem-se em pé de igualdade. Pensam que o canudo e o cartão de crédito resolvem o resto.

Nunca repararam, como os espanhóis estão à beira de não reparar, que é um contra-senso ter uma Europa com um projecto social-democrata (em Portugal e em Espanha, PS e PSOE, respectivamente) e ter um poder que o odeia e tudo fará para o destruir e, tal como já aconteceu em França, na Alemanha, na Grã-Bretanha, em Portugal e por aí fora, vão dar mais uma ajuda ao fim do projecto social fazendo também a Espanha voltar à direita.

É um contra-senso que fará a Europa continuar no retrocesso humanista e civilizacional e que só terminará quando se voltar a reconhecer na rua, pela indumentária, quem é o assalariado e quem é o patrão.
LNT
[0.528/2011]

13 comentários:

Vítor Coelho da Silva disse...

vou copiar. não fica chateado, pois não? eu referirei o autor e a fonte :-)
Vítor

Luís Novaes Tito disse...

Sirva-se, meu caro. Tudo o que existe neste Blog é partilhável.
Abraço.

Porfirio Silva disse...

Caro Luís,
Permito-me discordar. Penso ser factual que na origem da construção europeia está uma "aliança" de uma certa direita e de uma certa social-democracia, para livrar o continente da guerra endémica.
Abraço

nottome disse...

Formulei uma teoria nova...
e tão tramada, que até tenho medo de a enunciar. (não vá ela ser verdade...)

contradicoes disse...

Os espanhóis cometeram
os mesmos erro dos portugueses
porque afinal hoje elegeram
quem lhes provocará os reveses

Luís Novaes Tito disse...

Caro Porfírio,
Não diria que há discordância.

O que existe são perspectivas diferentes no enquadramento do texto que eu escrevi.

Enquanto me estou a referir à CEE e à UE, tu referes-te à CECA.

O meu raciocínio refere-se aos anos 90 e o teu aos anos 40/50.
Refiro-me a Maastricht e a Amesterdão e tu referes-te a Roma.

Refiro-me à Europa dos direitos dos cidadãos e do emprego e tu referes-te à Europa das indústrias pesadas e da guerra-fria.

Por isso, na minha perspectiva, mantenho o que escrevi.

Porfirio Silva disse...

Luís, eu diria que sim, que há discordância.
Nem comento essa ideia de que eu me refiro à CECA e à Europa das indústrias pesadas e da guerra-fria.
Mas é factual, historicamente, que a linha divisória entre europeístas e anti-europeístas não coincide assim tão perfeitamente com as famílias políticas.

Anónimo disse...

Desculpe-me o reparo: O acerto do conteúdo não merece o contra-senso do contracenso.

Luís Novaes Tito disse...

Agradeço, anónimo. Foi lamentável e já está corrigido.
Obrigado.

Helena Araújo disse...

Luís,
aqui do meu ponto de observação, parece-me que a ideia da paz é ainda fundamental e central na construção da Europa. Ainda outro dia o Helmut Schmidt fez um discurso excelente em que - no meio desta crise - apela à boa vizinhança e à responsabilidade da Alemanha para ser um bom vizinho.

E é verdade que tem havido alguns ataques ao Estado Social (curiosamente: a agenda 2010 foi feita pelo SPD, e diz-se que essas reformas foram fundamentais para a economia do país passar relativamente incólume pela depressão de 2008). Mas apesar de todas as reformas, de todas as poupanças, e apesar do problema grave de uma certa mentalidade de abuso da Segurança Social que infelizmente existe, a Alemanha continua a tratar muito bem os seus pobres. E tem um cuidado especial com os filhos dos pobres, para quebrar o ciclo vicioso da pobreza.

Tudo isto para dizer que o povo alemão não está a sofrer por aí além os resultados das políticas liberais. O mesmo não se poderá dizer das imposições que a Alemanha faz a outros países, obviamente.

Luís Novaes Tito disse...

Verdades boas, as que se vêem do seu posto de observação, Helena.

Principalmente as contidas no último parágrafo e o que isso significa de perigo para a paz, como refere no início deste seu estimável comentário.

Helena Araújo disse...

Um dia destes hei-de traduzir o discurso do Helmut Schmidt. Ele está realmente preocupado com isso.

Luís Novaes Tito disse...

Força Helena.
Traduza e publique para que eu o vá lá roubar e o traga também para aqui.