segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Escadeado à guilhotina

Corte cabeloAo contrário do que se passa nos táxis, nas barbearias, principalmente naquelas onde há tira-dentes a sangradores, as conversas não são só feitas para agrado da clientela mas também para que, quando no assento se repimpam os clientes mais exigentes em termos de escanhoado perfeito, se sinta que a navalha, a escapar, é capaz de cortar uma orelha. Raramente se dá a volta à praça exibindo o troféu, é verdade, mas a orelha, num tempo em que os cuidados de saúde estão pela hora da morte, acaba invariavelmente no lixo misturada com o resto da trunfa a varrer após a tosquiadela.

Os avisos estão bem destacados na montra ao lado. Pode-se fumar, o acordo ortográfico há-de ser matéria para as calendas, aceitam-se manicuras desde que devidamente credenciadas e diplomadas, o estabelecimento foi plivatizado e the rabbits transform come from outerspace to take over the world!

É por isso (por não haver o costume de dar a volta à praça a exibir o troféu) que muitas vezes passa desapercebida a conversa do barbeiro, como por exemplo aconteceu aqui e aqui, sem que alguém tivesse dado grande relevo, mas que agora não há gato pindérico que não levante o topete para amarfanhar a decisão. É o que dá economistas, na vertente da engenharia financeira, meterem as mãos no rabecão.

Espera-se que este deslize não se transforme em trambolhão e que em vez de uma orelha não haja quem venha a perder a cabeça.
LNT
[0.031/2012]

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