segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

As regras do jogo

As regras do jogoHá aqui qualquer coisa que não entendo. Custa-me perceber como é que um Partido democrático, o mais democrático Partido que existe em Portugal, aquele que nunca voltou as costas à luta pela liberdade, à sua e à dos outros, continua a ter tantos militantes de relevo que não sabem ler o que os eleitores escrevem.

Não me parece um exercício difícil, até porque para fazer essa leitura basta conhecer a letra X, aquela com que os eleitores escrevem o seu voto.

O Partido Socialista é neste momento oposição, facto ocasionado por uma coligação irracional das direitas e das esquerdas. Mas, se esse facto foi ocasionado pela insensata coligação, a verdade é que o PS só é oposição porque os eleitores determinaram que deveria ter essa condição.

Creio que os eleitores continuam a não estar arrependidos da forma como votaram. Creio que a haver arrependidos, e creio haver muitos, são os eleitores que se abstiveram e que hoje já concluem que a vontade de substituírem a anterior direcção do PS saiu-lhes demasiado cara com a eleição desta gente que insiste no "isto é para fazer custe o que custar" sendo que "o custe o que custar" é a sua própria vida.

Regressámos à Índia e à voz de comando do Botas que em vez de tentar a negociação da vida com honra mandou aplicar a teoria da morte.

Voltando a trás.

O Partido Socialista tem hoje nova direcção. Resultou da democracia interna do PS que fez aprovar uma nova dinâmica para um novo ciclo, o que resultará também numa nova estratégia para a governação de Portugal.

Não chegou ainda a altura dessa governação. Mesmo que os portugueses não tenham escolhido entre esta nova orientação do Partido Socialista e aquela que lhes foi apresentada pela direita. Mesmo que as opções de escolha tenham sido entre uma linha orientadora que já não é a do Partido Socialista e uma mentira imensa de ocultação das verdadeiras intenções com que a direita se apresentou às eleições.

António José Seguro é acusado de orientar uma oposição fraca. Os seus maiores críticos são a oposição interna que não se conforma com a orfandade e que se recusa a entender a mensagem passada pelos portugueses. Nada de grave, não fosse o facto de muitos desses continuarem a ter posições de relevo sem que isso resulte da actual quota de poder que representam dado terem sido indigitados anteriormente ao apuramento do actual poder interno. Essas vozes não valem pouco, porque são vozes individuais da democracia, mas não têm o valor da voz do Partido Socialista.

No meu apoio sempre condicional a Seguro (porque nunca dou apoio incondicional a quem quer que seja) penso que AJS só tem pecado por duas razões:

Uma por não fazer ouvir que o acordo com a Troika é mais da responsabilidade do PSD e do CDS do que do Partido Socialista uma vez que o acordo que o PS tinha estabelecido com os seus parceiros comunitários foi chumbado na Assembleia da República pelo PSD, CDS, PCP e BE e aquele que foi celebrado com a Troika foi imposto em virtude desse chumbo e assinado em pé de igualdade com o PSD e o CDS numa altura em que o Governo anterior já estava demissionário e sem qualquer margem de manobra para fazer acordo melhor com os nossos parceiros comunitários.

Outra por não contestar com mais veemência tudo aquilo que este poder insensato está a fazer para além da Troika e que vai levar a nossa Pátria à condição de região indigente da Europa. A política do "custe o que custar" é intolerável e é responsabilidade, principalmente de todos nós que nos comprometemos com este "Novo Ciclo", resistir à sua concretização.

O Novo Ciclo é esperança e é isso que os portugueses esperam ver defendido sem cedências nem meias palavras, para além da Troika, para além da desfaçatez dos actuais detentores do poder nacional e europeu.
LNT
[0.095/2012]

4 comentários:

folha seca disse...

Caro luís
Concordo em geral com o seu post.
Mas há um tempo para tudo. Os estados de graça no governo ou na oposição, já eram.
A.J.S não pode continuar a dar o ar de um estadista que espera pelo seu tempo e muito menos refugiar-se na "honra" quando esta gente que "manda" não sabe o que isso é.
Abraço
Rodrigo

Anónimo disse...

E essas duas razões são muito importantes, e se o Seguro não mudar de agulha penso que muitos eleitores PS vão ficar em casa nas próximas eleições!

Joana Pereira da Costa disse...

Mais que oposição, foi eleito para "limpar" e organizar o partido...
Metade está quase feito e o resto virá.

Ainda que deva assumir os compromissos do passado, não deve carregar erros que não foram os dele nem aceitar medidas além-troika, do mesmo modo que não se pode exigir-lhe alternativas quando a Europa não as consegue dar.

Joana Pereira da Costa disse...

faltou-me isto, que nem consigo comentar, tamanha a hostilidade do Senhor MEP:
http://causa-
nossa.blogspot.com/2012/02/hostilidade.html