quarta-feira, 7 de março de 2012

Pieguices

PiegasTenho horror à pieguice. Não serve para nada a não ser para piegar e piegar também para nada serve e até julgo não existir no léxico. Para o caso pouco importa e para o texto que se pretende uma intimidade pública, ainda importa menos.

Há trinta anos, alguns dos nossos dirigentes ainda não eram nascidos, ou existiam em forma imberbe. Eles não sabem, porque pensam que essas coisas só encarnaram com a sabedoria com que se sentem iluminados, mas já nessa altura havia quem planeasse vidas baseado em realidades ao mesmo tempo que era agente dessas realidades. Muitas delas obtiveram-se a partir de impossíveis recorrendo à combatividade, à inteligência, à criatividade e a todos os outros factores capazes de gerar e gerir as mudanças que derrotaram os "im"possíveis.

Alguma ideologia também e muita determinação.

Há trinta anos era possível acreditar que aquilo que se estava a construir era um caminho certo. Gritava-se na rua, sendo necessário, batia-se o pé, sempre que fosse exigido. Trabalhava-se muito, inventava-se muito, descobria-se muito, transformava-se o bom de poucos no bom para todos, provava-se ser possível a igualdade de oportunidades.

Há trinta anos, ainda alguns dirigentes não eram nascidos e outros eram fedelhos, abriam-se caminhos de futuro para que eles, agora homens (e mulheres), usufruíssem da bagagem que lhes permite, hoje, estarem onde estão para dizerem que esses são maus caminhos para os vindouros. Dizem-no com a certeza de quem nunca tentou combater os "im"possíveis, de quem nunca teve de bater o pé, de quem nunca saiu à rua, de quem nunca foi combativo, de quem nunca foi inteligente nem criativo e de quem nunca gerou nem geriu. Apostam no retorno à treva, à desigualdade, à infelicidade e ao empobrecimento. Dizem ser essa a sua ambição de destino para os governados.

São uns tristes, estes fedelhos feitos gente.
LNT
[0.159/2012]

5 comentários:

folha seca disse...

Caro Luis
E são os que há 30 anos bateram o pé, que inevitavelmente o terão que voltar a fazer, antes que estes "fedelhos" destruam tudo o que nesses tempos se construiu. Tempo em que até sentíamos orgulho em ser Portuguêses, coisa que esta cambada não sente.
Há que pôr mãos à obra (antes que seja tarde)
"vem vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer"
Abraço
Rodrigo

Anónimo disse...

O sr Barbeiro disse tudo:
"São uns tristes estes fedelhos feitos gente."...
DNO

Maria disse...

Amigo Luís:
Assino por baixo, tudo o que escreveu.
Maria

Anónimo disse...

A maioria destes fedelhos, como diz muito bem, nem é portuguesa, nasceu em África. Nunca agradeceu o esforço de guerra feito pelos portugueses de Portugal para os defender e tantos que por eles, deram a vida. Cresceram com as facilidades todas, pagas por nós, portugueses de Portugal. E agora só nos faltava levar também com eles na desgovernação de Portugal.E, excelente texto.

Colégio em Académico disse...

Está na moda a pieguice, seja lá o que significa, mas agora tudo anda com isso na boca. O que significa cada um o saberá