quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Da mansidão

Gaiola Dourada

Ontem fui ver a Gaiola Dourada (la cage dorée), de Ruben Alves, filme luso/francês que vivamente recomendo pelo desempenho dos actores, pela imagem e pela sensacional banda sonora.

Na sala esgotada onde o vi, incomodado pela mastigação das pipocas (esta gente nunca mais aprende a comer com a boca fechada) e pelo pivete de outras comezainas que agora é possível levar para dentro das salas de projecção, sucederam-se as gargalhadas de gente suficientemente jovem para não entender o drama/comédia e demasiadamente alheia das dificuldades nacionais que levaram à emigração francesa, alemã e luxemburguesa (e também à americana/canadiana) de muitos portugueses nos anos 50/70 do século passado.

Foi uma emigração “à bruta”, “a salto”, muitas vezes para sair dos bairros da lata de cá em busca do menos mau nos bidonville de lá e que misturou a subserviência com o “bom comportamento” para ascender às portarias de um qualquer bâtiment, numa qualquer boulevard parisiense.

Vi as cenas emocionado entre a boa disposição provocada pelo espírito do “desenrasca português” e a revolta por termos deixado na Europa a imagem de sermos um povo submisso, subserviente e manso.

Não pude deixar de fazer o paralelo com a expressão “bom aluno” de que tanto se orgulha o nosso Presidente da República. Não pude deixar de fazer o paralelo entre o comportamento da família Ribeiro e o do Governo Coelho/Portas.

Vão ver porque vão gostar, mas depois digam se não se mantém, excluindo as diferenças existentes entre uma família e uma Nação, a predisposição para a humilhação e para o complexo de inferioridade.
LNT
Elenco: Rita Blanco, Joaquim de Almeida, Roland Giraud, Chantal Lauby, Barbara Cabrita, Lannick Gautry, Maria Vieira, Jacqueline Corado, Jean-Pierre Martins, Alex Alves Pereira, Sergio da Silva, Nicole Croisille, Bertrand Combe, Ludivine de Chastenet, Alexandre Ruscher, Paul Ruscher, Alice Isaaz, Ruben Alves, Oliver Rosemberg e Yann Roussel.
[0.272/2013]

4 comentários:

Anónimo disse...

A opinião que deixei expressa no Crónicas On the rocks, depois de ter ido ver, foi sensivelmente a mesma. Tive a vantagem de ter ido ver numa sala onde as pipocas são permitidas mas raramente entram... Além disso, a sala estava quase cheia, mas muito poucos jovens.

Luís Novaes Tito disse...

Vi agora o On the Rocks. Opiniões coincidentes sobre a mensagem contida no filme. É bom não estar só.

Sorte de quem não tem um mastigador de pipocas ao lado :)
Aliás, esta é uma das razões porque ultimamente em vez de ir ao cinema, tenho esperado para ver os filmes na minha sala de estar.
Abraço

Anónimo disse...

Ainda fiquei com mais vontade de ir ver...amanhã vai a restante família!

Só faltou a classificação das estrelas, para ser um autêntico crítico da 7ª arte!

OFB

Francisco disse...

O filme é bom e ilustra bem a imigração portuguesa a vergonha da 2 geração, a mítica profissão de Concierge que possibilitava a fuga dos bindonville.etc