quarta-feira, 18 de junho de 2014

E depois de nós

CanasEsta nódoa negra que se está a espalhar faz antever um derrame muito mais profundo do que a mancha que se vê.

As organizações políticas são maiores do que a soma das partes que as compõem e só fazem sentido quando essas partes respeitam as regras de funcionamento em vigor e se centram nos princípios comuns que definem os pressupostos, objectivos e as metas a atingir.

Se o carisma dos líderes escolhidos para levar a bom porto os objectivos em conformidade com as metas desenhadas é um dos requisitos exigidos, porque o poder, em democracia, só é exercido por quem a ele acede, a agregação de vontades decorrente da contagem dos votos que atribui esse poder exige que todas as partes contribuam para a afirmação dos escolhidos.

Assim não foi e a hemorragia espalha-se.

O derrame tem de ser estancado antes que seja necessário uma flebotomia. Sabe-se que o sangramento enfraquece e já lá vai o tempo em que se acreditava que era através dele que se fortalecia, renovando o sangue.

Se a vitória não bastava, por curta, havia que acrescentar, nunca diminuir.

E depois de nós, como dizia a senha para a liberdade, o adeus, o ficarmos sós.
LNT
[0.244/2014]

5 comentários:

Zé Carlos disse...

O Sr. Barbeiro, que eu há muito sigo e me parece uma pessoa calma, agora anda cá num rodopio a postar!...

Eu é que não quero ser "má língua" senão diria que o secretário geral lhe deu um comprimidozito daqueles que ele começou a tomar e que agora o leva a falar grosso, esbracejar muito e fazer oposição a "sério". (Não, não é ao governo, é ao Costa!)

Luís Novaes Tito disse...

Zé Carlos, isto não vai lá com pastilhas, meu caro.
É verdade que já não tenho idade, nem interesse especial, em andar nestas batalhas, mas nunca fui homem de ver passar as guerras ao meu lado sem ir ao armário buscar o camuflado.
É que quando as causas são de princípios nunca abdico dos meus.
( oh pá, não troques as mãos. o Costa é que anda a fazer oposição ao Seguro, porque o Seguro foi eleito para o cargo e está a exercer o seu lugar cumprindo todos os objectivos a que se propôs)
E só mais uma coisita: Aqui sempre se falou grosso e sem medo que o barbeiro nunca foi eunuco.
Cumprimentos.

Anónimo disse...

Sós já estão, há muito, os portugueses.
Sós de políticos competentes e honestos.
Sós de justiça.
Sós de sonhos e esperança.
Conseguiram tirar-nos tudo!

Jaime Santos disse...

Luís Tito, seria bom que nos explicasse o que quer exatamente dizer com essa metáfora. O problema não é falar grosso, é falar claro. O meu caro queixa-se de que é necessário agir depressa e que Setembro nunca mais chega? Mas não foi o seu SG que protelou as coisas até lá? E que vos meteu numa embrulhada estatutária, até já há pelos vistos um militante que contesta as primárias e está disposto a ir a tribunal? Acho muito bem que não abdique dos seus princípios, mesmo que discorde das suas posições, mas não perca a razão perdendo a cabeça. Se transformarem esta luta numa vendetta, então se ganharem o Partido (ou o que sobrar dele) perderão o País... Se perderem, era bom que pudessem sair deste episódio de cabeça erguida e prontos a afirmarem-se como oposição interna, porque as derrotas de hoje são vitórias de amanhã... Se eu não acredito de todo que AJS possa chegar a PM, não é de todo adquirido que Costa possa por sua vez ganhar as legislativas. Se perder, terão que ser vocês a recomeçar...

Luís Novaes Tito disse...

Jaime Santos
Pensei que já fosse claro, mas pelos vistos ede-me que me repita:
Não sou "ista", à excepção de socialista. Ao fazer a defesa do que tenho feito, tento ser coerente comigo próprio. Detesto personalismos e não entro em seguidismos cegos.
Seguro tem sido bom e mau. Quanto a mim, mais de bom do que de mau porque recuperou as vitórias para o PS, porque acompanhou os portugueses na estrondosa derrota da direita.
Sobre a rapidez na resolução desta irresponsabilidade movida contra a direcção releita, há um ano,já escrevi tudo o que tinha para escrever. Se ler os textos publicados neste bolg verá que sempre fui a favor de uma solução imediata. No entanto respeito, mesmo não concordando, a decisão de Setembro. Foi tomada pelos orgãos directivos do PS e só me resta respeitá-la ainda que com ela não concorde.
Diz bem, isto não é um bom serviço prestado ao País. Pode-se agradecer a quem, ao arrepio da tradição do PS, tentou derrubar um Secretário-geral fora do período eleitoral interno. Isto não constitui oposição interna, mas sim uma insurreição. Irá competir aos militantes, uma vez mais, tentar pegar no que daqui sobrar para voltar a ter um Partido forte no centro esquerda em Portugal. Quando lá chegarmos, veremos como a faremos.