segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Aos figos

Cavaco aos figosCinquenta dias depois de Cavaco ter percebido que afinal nem todos os cenários que traçou se podiam concretizar, o Presidente eleito pela menor maioria de sempre exigiu seis esclarecimentos que nada esclareçam e que ele nunca poderá atestar porque já não estará na Presidência para o fazer.

Se Costa lhe tivesse escrito uma carta de amor, ridícula como são todas, ficaria Sua Excelência tão ridiculamente esclarecido como já é ridículo o papel que anda a fazer.

Mas há aqui uma artimanha que parece estar a passar ao lado de todos os que nunca aprenderam a apanhar figos no Algarve.

Cavaco quer deixar uma papel assinado por Costa que permita ao próximo Presidente da República dissolver a Assembleia da República, no caso de se conseguir suceder por quem ele entende que o sucederá.

O Presidente que no seu discurso de vitória fez saber que só seria presidente de quem o apoiou, pretende agora deixar um testamento político que permita ao seu sucessor fazer aquilo que ele próprio não fez (por sua vontade ao deixar que as legislativas só se realizassem quando já não estivesse no pleno poder das suas competências).

Um dia há-de dizer, como ele sempre gosta de fazer, que bem avisou. Uma prática que usou em todos os tempos em que preferiu “avisar” do que fazer.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.296/2015]

1 comentário:

Jaime Santos disse...

Bem observado. Mas Costa respondeu bem, citou o programa de Governo do PS, ou seja, não disse mais do que o que já tinha dito. Costa é melhor Tático que Estratega, e sabe aliás aproveitar na perfeição os erros dos outros e as oportunidades que eles lhe criam... Foi assim com as Primárias, e foi assim com a inércia de Passos e Portas na semana a seguir a 4 de Outubro, enquanto esperavam que o PS lhes caísse no colo
(Jerónimo de Sousa deu claro uma mãozinha). Creio que a indigitação (ou 'indicação') de Costa permitirá a Marcelo Rebelo de Sousa ser eleito sem dificuldades, a não ser que a Direita seja estúpida e o obrigue a comprometer-se abertamente com a dissolução da AR. O que acontecerá a seguir à eventual tomada de posse de MRB como PR dependerá provavelmente das condições políticas na altura. Se as coisas correrem bem a Costa, Marcelo saberá esperar até começarem a correr mal, se correrem mal já em 2016, Marcelo saberá arranjar uma justificação para dissolver a AR, e não precisará de papeis assinados... Mas, sinceramente, quem quer vingança em relação a Costa, deverá saber esperar. Como disse Gordon Brown, todas as carreiras políticas terminam no fracasso. A vingança é como a vichyssoise, serve-se fria, como se sabe...