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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Desfrizantes (act)

BarbeariaSempre a considerar a nossa distinta clientela aqui fica o interessantíssimo diálogo entre duas ilustres visitantes que ficou registado na caixa de comentários e que salta para a primeira página porque é aqui que deve estar.

Não se traduz a parte francesa dado ser entendível em português corrente.

Agradecimentos a Helena Araújo e a Ana Cristina Leonardo

Ana Cristina Leonardo:
(...) O problema, pelo menos para mim, sempre foram outras 3 coisas:
1. Confirmar, pela conversa, que quem manda é a Alemanha e a Europa é uma fraude
2. O Gaspar andar a dizer que tudo vai bem no reino de Portugal e dos allgarves e depois, em privado, demonstrar que o que anda a dizer é uma aldrabice.
3. Confirmar que a crise europeia anda a ser tratada em função das eleições na Alemanha. (...)

Helena Araújo:
Ana Cristina, as coisas não são tão simples. Primeiro, a Europa é realmente uma fraude, mas a culpa não é só da Alemanha. Ainda não vi outros países a unirem-se com um projecto alternativo a este da Alemanha. Pode ser falta de informação minha, mas parece-me que a Alemanha está a ocupar um terreno deixado livre pelos outros. Aliás: parece-me que está a ser obrigada a tomar medidas e a fazer esta figura de mandona, porque mais ninguém sabe o que fazer nesta situação.
Agradeço – sinceramente! - que me diga que este comentário está errado, e porquê. Gostava mesmo de saber que esforços é que os outros países têm desenvolvido para salvar a ideia da Europa.

Em segundo lugar, isto não é uma mera questão de ganhar eleições. Se a Alemanha decidir aumentar a sua dívida pública para garantir o pagamento das dívidas de outros países, é preciso que os contribuintes alemães estejam de acordo. A dívida pública alemã já é demasiado alta, o próprio Estado alemão anda a poupar imenso a todos os níveis (adiamento de obras públicas importantes, contenção das despesas correntes, etc.) e as pessoas partem do princípio que os compromissos são para respeitar. Ou seja: se é para fazer novas dívidas imensas, também é preciso ver como é que vão ser pagas.
Claro que o povo alemão se pergunta porque é que tem de pagar as dívidas dos gregos que não se conseguem organizar para pôr as classes altas a pagar os impostos. E que dá imenso trabalho explicar que não é só isso, que há muito mais em causa.
Do mesmo modo, um alemão vê aquela auto-estrada de seis faixas entre Leiria e a Nazaré, bastante vazia, e pergunta-se se havia realmente necessidade. E o governo alemão tem de explicar às pessoas que isto não é bem assim, que não é só isto, e os jornalistas alemães têm de escrever artigos a corroborar que de facto os portugueses merecem e valem bem o esforço que os contribuintes alemães serão chamados a fazer.

Ana Cristina Leonardo:
Helena, as coisas nunca são simples. E quando se trata de capitais financeiros, meu deus, é como se entrássemos num acelerador de partículas! Já agora, aconselho vivamente o livro de Michael Lewis The Big Short, para que se perceba (ou, pelo menos, se tente perceber) o tipo de doidos a que estamos entregues. Voltando à Grécia, talvez as coisas sejam simples para quem tenha perdido o emprego ou/e a casa, e se veja tão encurralado que faça como a grega da fotografia que subiu para o parapeito do edifício do escritório de onde irá ser certamente despedida e fique lá em cima a olhar o mundo, a pensar se tem ou não tem coragem para se atirar no vazio.
A Europa é uma fraude. A Europa foi o sítio melhor do mundo para se viver no pós-guerra. Talvez tenha sido a coisa mais próxima da justiça em toda a história da humanidade. Mas o dinheiro, sabe, Helena, está a cagar-se para a humanidade. O dinheiro, ao contrário dos proletários do Marx, que foram desaparecendo, internacionalizou-se. Foram fazer dinheiro para a China, para a Índia, para onde era mais barato. E lixaram com ph esta merda toda. A nós, portugueses, pagaram-nos para abater barcos, deixar de cultivar e o resto, um foi para as auto-estradas cavaquistas, essas que agora estão desertas, outro para o bolso dos corruptos que andaram a fechar fábricas no norte e a comprar jaguares. Enquanto os corruptos deram dinheiro a ganhar, a Europa, essa puta (e pardon my french) não se importou com o que faziam. Mas quando acordaram para a vida... o dinheiro fora-se. Vão cobrá-lo a quem? Aos tipos com ordenado mínimo, aos velhos das pensões, aos funcionários públicos, à malta que ganha 1000 euros por mês e de repente passaram a ser vistos como milionários. Brincamos, não é? Os lucros dos bancos sobem, as grandes fortunas aumentam, mas a culpa é dos gregos. E a Alemanha no meio disto tudo. A Alemanha anda a pensar noutros carnavais. Nos países do Leste, no mercado chinês. E foi mantendo a corda (como fizeram os franceses) apertada até conseguir tirar de lá parte substancial do dinheiro (falo dos bancos, naturalmente). É um problema de contabilidade. Já sacámos o que podíamos, então agora que se lixem. Ninguém faz políticas daquelas a sério, porque, simplesmente, é impossível os gregos pagarem. E estou a deixar de lado, um pormenor sobre o qual também me interrogo: quem apostou no incumprimento grego vai ganhar quanto. Agora dir-me-á, sim, mas os gregos é que se enterraram a si próprios. Acredita mesmo nisso? Houve corrupção, houve má aplicação dos fundos, tudo isso. Mas quem é que andou a emprestar barato? Quem é que se esteve a borrifar para controlar contas? A grande Europa. Isto dos Estados é um pouco mais complexo do que a economia doméstica. E querer misturar moralidade com capitalismo é o mesmo que querer misturar duas substâncias insolúveis. Isto era um projecto europeu, pelo menos no papel. assim sendo, a Europa tinha obrigação de não ter deixado a coisa chegar a este ponto. O Banco Central teria que ter desvalorizado (emitido) moeda (como fizeram os EUA). Deixar a situação chegar a este ponto é a prova provada que nunca houve vontade real de o resolver. A solidariedade é boa para os pobres. E sim, a Grécia ainda está à espera que a Alemanha lhe pague a dívida da II Guerra. Quanto aos gregos, eu gosto de gregos. Nos campos de concentração, em que a coisa era bem simples, os judeus gregos foram dos mais corajosos. E aí era assim: um herói era um herói morto. Não me lixem com a contabilidade dos grandes financeiros. Isto para mim é um nojo. E vai assim o comentário, grande, caótico e sentido. Anacrónico, provavelmente.

Helena Araújo:
Ana Cristina, há aqui coisas muito simples em que, segundo me parece, estamos de acordo:
- a Europa é uma fraude
– a solução apontada pela Alemanha para resolver esta crise é um erro brutal, porque vai lançar toda a Europa numa recessão provavelmente comparável à grande depressão do fim dos anos 20; é também um erro brutal porque opta por proteger os interesses financeiros completamente desgovernados (já agora: ao abrigo de um enquadramento legal totalmente inadequado, que resulta da falta de entendimento entre os Estados) à custa das classes médias e mais pobres.
- O desaustinado sistema de especulação financeira está a conseguir destruir as economias, a destruir os princípios de solidariedade social que pareciam tão inabaláveis, e a atingir o próprio funcionamento das Democracias.

Onde já tenho algumas dúvidas:
- A "justiça europeia" dos últimos sessenta anos construiu-se por conta de excepcionais taxas de crescimento económico (que já não são possíveis) e de um forte sistema de redistribuição (que, na Alemanha, começou a falhar há alguns anos), mas também de uma série de erros: um endividamento progressivo e cada vez mais incomportável para pagar as conquistas sociais (há pelo menos vinte anos que ouço dizer que o "contrato de gerações" tem os dias contados, e que em algum momento não vai haver com que pagar as reformas, por exemplo), a exploração dos países do terceiro mundo, etc.
Tenho alguma dificuldade em dizer "justiça" quando falo sobre o bem-estar europeu, porque muito desse bem-estar é pago com o sofrimento de muitos não europeus e, devido ao progressivo endividamento, terá de ser pago também pelos nossos filhos e netos (no caso de se entender que as dívidas contraídas pelos governos são mesmo para ser pagas algum dia).
- Quando em Portugal me dizem que se trocaram as indústrias, a agricultura e as pescas por autoestradas desnecessárias, sinto uma enorme perplexidade: qual era a ideia dos políticos que assinaram esses acordos? E porque é que continuam a andar por aí impunemente, em vez de serem chamados à sua responsabilidade? Para além de não perceber que seja possível entregar as pescas (por exemplo) em troca de nada, não percebo essa insistência em dizer que a Europa é que nos enganou. Somos crianças de infantário a quem facilmente se rouba um chupa-chupa? É assim tão fácil enganar os portugueses?
- A Europa devia ter controlado o que se estava a passar em certos países, e devia ter posto travões bem antes? Isso chama-se ataque às soberanias nacionais. Não havia um quadro legal europeu que permitisse interferir nas políticas orçamentais dos governos e nos seus processos de endividamento nos mercados. Ou alguém está a imaginar Bruxelas a dizer ao Sócrates que estava proibido de ir pedir o próximo empréstimo de x milhões, porque Portugal já estava demasiado endividado? E enquanto durou o fartar vilanagem de países a pedir dinheiro emprestado com juros baixos, não porque os mercados acreditassem muito na capacidade de esse país pagar, mas simplesmente porque estavam na zona euro e os outros países do euro seriam com certeza solidários: algum dos governantes da Grécia, da Itália, da Espanha ou de Portugal se lembrou de ir à Europa dizer que era preciso acabar com este sistema, porque era demasiado arriscado? Não. Enquanto durou, foi uma festa; mas quando rebentou, os outros é que têm a culpa. Há milhentos exemplos de má gestão de fundos em Portugal. Todos nós fomos testemunhas de casos de esbanjamento, corrupção, incompetência com caríssimos custos. Enquanto assistíamos calados a isso, não nos perguntámos quem ia pagar as despesas? E agora dizemos que a culpa é da Europa, que não acordou mais cedo para o que se passava no nosso país?
- Quanto aos gregos: gosto muito dos judeus gregos, corajosos ou não, gosto menos dos gregos que ajudaram os alemães a mandar os judeus para os campos de concentração. É um povo como todos os outros: há de tudo. Por acaso também gosto dos alemães de Berlim que esconderam judeus até ao fim da guerra, apesar de o Himmler querer a cidade "limpa", e apesar do preço a pagar se fossem descobertos: a morte ou o campo de concentração, e a entrega dos filhos a famílias nazis, para serem reeducados.

Isto é tudo muito mais complicado do que cabe numa caixa de comentários. A única coisa que eu queria deixar claro é que me parece errado fazer da Merkel o monstro e o bode expiatório dos erros que todos nós cometemos, de uma ou outra maneira. Não foi a Merkel sozinha que nos trouxe para esta situação, e convinha que cada país olhasse para as suas próprias responsabilidades em vez de se armar em vítima. Repito: ainda não vi nenhum país (ou grupo de países) a apresentar à Europa uma proposta para resolver esta crise de outra maneira. O papel que a Alemanha está a ter neste momento pode ter muito de calculismo, egoísmo nacional e incompetência, mas os comentários tipo "o que Hitler não conseguiu, a Merkel está a conseguir" são absolutamente despropositados.

Um pequeno reparo: aquela referência à Merkel e ao Hitler foi um deslize no comentário anterior, porque a Ana Cristina Leonardo não estava a falar disso. Eu é que misturei as críticas da Ana Cristina com outras que tenho visto por aí. Mantenho a afirmação – pintar a Merkel de bigodinho é um disparate de todo o tamanho (e andam por aqui uns interessantes laivos de racismo) – mas isso é tema para outra conversa.

Dado serem possíveis mais desenvolvimentos propõe-se a consulta à caixa de comentários onde eles têm estado a ser registados.
LNT
[0.120/2012]

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Diálogos com a memória, a shamba e Berlim

Urso Pinguim
' Turno, aquilo que nenhum Deus ousaria prometer-te, o acaso oferece-te hoje. Eneias, tendo abandonado o seu exército, o seu campo, a sua esquadra, dirige-se ao monte Palatino para chegar à cidade do rei Evandro e avança até à fronteira da Etrúria. Aí alista soldados lídios e dá armas aos habitantes campestres. Porque hesitas? Chegou o momento de fazeres marchar os teus cavalos e os teus carros. Apressa-te e leva ao campo inimigo o tumulto e a desordem. '
A Eneida - Euríalo e Niso

Conversas velhas, diz o José Pimentel Teixeira, secundado por Joana Lopes e mais recentemente pela Helena Araújo.

Isto das feras da Blogos é coisa antiga de 2004, objecto de resmungos e coisas que tal e JPT , JL e HA atribuem o acirramento que está a transformar a feralização de sempre da Blogos em bestialização, aka "besferização", à arregimentação político-partidária e à circulação dos mercenários de missão em missão.

Acontece que há tempos de guerra e outros de paz (assim como há combatentes que não são mercenários) e que terão de haver, sempre, espaços para os litigantes repousarem na sua condição de humanos, embora adversários. Mal estava que assim não fosse se até na vida real, longe das nossas letras e dos bits em que se transformam, há espaço para sermos gente.

Acontece que há quem não veja porque se limita a espreitar e não consiga olhar para além da forma. Esses estão tão enquistados nos seus formatos que não entendem que escrever não é só relatar, implica estilo e linguagem e que fazê-lo publicamente pode ser também um acto privado desde que seja só canal de expressão sem intenção de influenciar ou debater.

É a mescla da liberdade de pensamento e de expressão com o policiamento do pensamento alheio, dos juizos intolerantes, da iliteracia e da incultura. Se escrever não é só relatar, ler tem de ser interpretar.

Acabo com retorno ao começo:
As conversas podem ser velhas mas o objecto é novo. Antes, sem saudosismo, chamar de filho-da-puta a alguém não significava que a mãe do nosso interlocutor o fosse.
LNT
[0.684/2009]

Rastos:
USB Link ->
Ma-Schamba ≡ José Pimentel Teixeira
-> Entre as brumas da memória ≡ Joana Lopes
-> 2 Dedos de conversa ≡ Helena Araújo

sábado, 25 de outubro de 2008

Botão Barbearia[0.822/2008]
Conversas de vizinhos [ V ] Conversas de vizinhos

Da interessante conversa de vizinhos sobre a regulação da Blogos(fera), onde já se cruzaram hiperlinks desta Barbearia (aqui e aqui) com outros de Macro, do Macroscopio (aqui, aqui e aqui), outro de Maria João Pires, do Jugular, uns comentários deixados por JGP do Apdeites V2 e outros por aí, resulta muita matéria para discussão e reflexão.

Fica esta nota para que os interessados sobre o tema possam, se entenderem, seguir os respectivos links onde não falta boa argumentação e muitas outras explicações para entendidos, mal-entendidos e subentendidos numa demonstração que afinal este submundo é muito mais Mundo do que os preconceitos de alguns políticos e opinadores da nossa praça e a desconfiança (e ignorância) que revelam pelo que não podem, nem sabem controlar.
LNT
Rastos:
USB Link
-> Apdeites v2 JGP
-> Macroscópio Macro
-> Jugular Maria João Pires

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Botão Barbearia[0.819/2008]
Conversas de vizinhos [ IV ] Conversas de vizinhos

Com um prego pode-se ganhar um reino.*

Há coisas que se devem ler, mesmo sem (ou apesar de não) concordar com grande parte.

São coisas honestas e objectos inteligentes que geram matéria pelo contraditório interior a que nos obrigam e, lê-las sem preconceito e acrescê-las ao processador, multiplicam sabedoria.

Para mim, que sou barbeiro no mundo das letras electrónicas, este meio é comunicacional. Os manuais de reflexão reflectida ficam para outras instâncias. Como barbeiro não pretendo ensinar política nem gramática a ninguém e uso a ferramenta para lazer e, sem ter a presunção de os querer educar, para admoestar quem anda no espaço público/político a espalhar ignorância.

No fundo, meu caro Macro, todos nós temos os políticos que merecemos, até porque fazemos parte dos privilegiados que os podem escolher.
LNT
* Já houve quem, com três, ganhasse o reino dos céus.
-> Macroscopio ≡ Com um prego pode-se ganhar um reino. OPS!!!
Rastos:
USB Link-> Macroscopio ≡ Macro
-> Macroscopio ≡ Da criação de valor na rede das redes: à boa blogosfera
-> Macroscopio ≡ Um ciber-agradecimento incluído na casa dos 1%

-> Jugular ≡ Maria João Pires ≡ Anonimato - uma saga em capítulos

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Botão Barbearia[0.813/2008]
Conversas de vizinhos [ III ] Conversas de vizinhos

Meu caro Platero

O teu Clik é melhor do que qualquer menção.

Aqui, nesta casa de cortes e massagens, somos mais terra a terra, carcanhóis sem menção de doador, carinhos de substância, se me entendes.

Mas o Dardo que me atribuis é especial porque vem de alguém que retrata, no submundo universal, as belezas de Portugal.

Grato.

E já agora, pá. Vou acabar por te roubar algumas das fotos do espectacular Jardim Tropical de Belém onde também já fui muito feliz.
LNT
Rastos:
USB Link

-> Click Portugal! ≡ Platero

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Botão Barbearia[0.811/2008]
Conversas de vizinhos [ II ] Conversas de vizinhos

Há dois dias Macro, do Macroscopio, publicou um texto que importa ler e que começa assim:
Mas a blogosfera é, infelizmente, ainda um lugar do vazio e da falta de alguma regulação e de tremenda desonestidade entre as pessoas. No fundo, uma extensão da sociedade de carne e osso que todos conhecemos, para o melhor e para o pior.

O texto reflecte sobre a coisa da Blogos, tenta a desculpa para a infeliz expressão "submundo" usada na Quadratura do Círculo, ensaia que o barrete só se enfia na cabeça onde serve e convida a pensar em conjunto acerca do melhor modo de REGULAR a blogosfera.

Indo por partes:

1º - O Macro é brilhante na escrita e bom na argumentação, principalmente quando diz que a blogos(fera) não é diferente da vida. Aqui há muito de bom e muito de mau, há gente boa e gente má, há cultura e ignorância, há generosidade e oportunismo e há todo o resto que se encontra no trabalho, na rua, na política e até na Missa (a quem lá vai).
A vida é isto mesmo e viver em sociedade é viver com tudo isto.

2º - Considerar a coisa Blog como um submundo é a negação da sociedade da informação, é a ignorância transformada em preconceito, é o desrespeito por quem usa estas tecnologias para se exprimir livremente e para partilhar publicamente o seu direito de opinião. Ninguém e muito menos um político com a responsabilidade de António Costa tem o direito de insultar os milhares de bloggers portugueses rotulando-os como "conjunto de indivíduos marginais ou delinquentes enquanto grupo social organizado e que se movem e actuam nesse local ou meio." (Priberam). Seja a que pretexto for e seja no contexto em que for. A AC só lhe resta pedir desculpas a quem ofendeu e ninguém está isento da ofensa porque ele a generalizou. O Vídeo onde faz a afirmação ainda está disponível no site da SIC e aí se pode confirmar a convicção com que a fez (duas vezes seguidas).

e mais importante: A Regulação da Blogosfera.
Se há matéria em que sou absolutamente liberal é nesta. A Blogosfera não pode ser regulada. A Blogosfera não deve ser regulada. A Blogosfera não é regulável. Quem o tentar fazer vai ser surpreendido pelas capacidades intrínsecas da coisa Blogos e pela criatividade, resistência e desobediência dos bloggers. A única regulação aceitável é a mesma que nos (a cada um de nós) rege na vida de todos os dias.

Sabemos que quem anda por aqui convencido do anonimato é ignorante das coisas da informática. Não há anónimos nestas matérias e se nem sempre os sabemos ou queremos identificar há sempre alguém ou alguma coisa na rede que os pode referenciar agarrando-lhes o rasto. No entanto serão os nossos princípios e a nossa capacidade de selecção que marcarão a diferença e será a nossa capacidade de reconhecer essa diferença que regulará este espaço.
LNT
Rastos:
USB Link-> Macroscopio

-> Jonasnuts ≡ Maria João Nogueira

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Botão Barbearia[0.804/2008]
Conversas de vizinhos [ I ] Conversas de vizinhos

Começo esta conversa por informar que se o Corta-fitas fosse um Blog só do Pedro Correia, já me bastava para o considerar um dos melhores da nossa praça. Associando o João Villalobos, a Teresa Ribeiro e a Filipa Martins, melhora bastante.
Juntando os outros que lá escrevem ainda fica melhor.

Feita a introdução vamos à conversa que pretendo curta e sem provocar grande polémica porque nestas conversas de vizinhos não me quero pronunciar para além dos conceitos.

O Corta-fitas, como muitos outros Blogs colectivos, tem o núcleo que enquanto se mantiver coeso deve continuar a produzi-lo. Depois, e para além do núcleo, tem os seus associados que serão corta-fiteiros enquanto o forem. É verdade que as famílias não são responsáveis pelos actos de cada um dos seus membros, mas também o é que os actos de cada um dos membros da família afecta a imagem da família inteira. Nada me choca que as admissões nas famílias comportem determinados requisitos. Já me choca que seja pedida moderação na opinião a qualquer um dos seus membros.
Se pediram a Paulo Cunha Porto que se moderasse, ele fez bem em bater com a porta. Tinha sido preferível dizer-lhe que o não queriam lá. Quanto à forma como bateu com a porta não me pronuncio.

Tenho opinião pessoal sobre os Blogs colectivos. Penso ser-lhes útil coerência e reconheço o valor de visões diferentes dentro dessa mesma coerência. No entanto prefiro os blogs individuais mesmo que isso obrigue a saltar de endereço em endereço, pelo menos até ao dia em que alguém queira avançar com um portal de blogs (ideia já ensaiada pelo barbeiro há uns tempos). Entendo que Paulo Cunha Porto terá sempre a sua audiência onde quer que escreva e possivelmente até preferirei lê-lo em casa própria, como também o faço, já há muito, com outra ex-corta-fiteira que muito estimo, a Isabel Goulão.

Há muita matéria para as Conversas de Vizinhos. Vou registar o título para uma série.

Não pretendo imiscuir-me na vida de cada um deles, só publicar algumas reflexões e provocar outras. A próxima abordagem será para retorquir ao Macroscopio.
LNT
Rastos:
USB Link
-> Corta Fitas
-> Miss Pearls
-> Macroscopio