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terça-feira, 5 de julho de 2022

O granel



Dois anos de pandemia (que continua, embora já não se fale dela) e cinco meses de guerra na Ucrânia provocada pela ilegal invasão da Rússia de Putin puseram o Mundo – a que os espertalhões chamam democracias liberais – a ferro e fogo.

Isto anda tudo ligado, como dizia o outro, sendo que “isto” é a situação nos hospitais, nos aeroportos e livre circulação, na inflação, na energia, na fome do denominado terceiro mundo, no retrocesso ambiental, nas liberdades e confinamentos, já para não falar no disparo da mortandade no Mundo e na Ucrânia em particular, na destruição do modo e qualidade de vida e nos migrantes e refugiados que tudo perdem.

Os noticiários fazem crer que a coisa é só por cá, mas não é.

É um agigantar de problemas universais para os quais não existem lideranças mundiais suficientemente capazes e competentes para combater e resolver.

Este granel é como certas procissões onde os santinhos mundiais de cerâmica foleira se passeiam em andores levados às costas por pé-descalços e os povinhos se embalam no som das fanfarras enquanto se agarram à fé com esperança em milagres.

O pior de tudo é que a procissão ainda vai no adro.

LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.062/2022]

domingo, 21 de julho de 2013

Nunca tenho dúvidas e raramente me engano

Cavaco Silva

Nada voltará a ser como dantes.

O Presidente da República olhou para o espelho enquanto escrevia o discurso e acrescentou:
Existe em Portugal um ciclo vicioso.

O resto da alocução, sem novidade, já conhecem. Um desperdício de tempo caríssimo.
LNT
[0.244/2013]

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Gatilho

Canos de armaMais claro não poderia ser o Ministro das Finanças na comissão, esta manhã.

Aquilo que Gaspar e Álvaro anunciaram na passada semana foi um gatilho. Pena que não explicasse melhor, para que melhor se entendesse, que a arma disparada continha um cartucho sem bala e de pólvora seca.

Ainda assim, um tiro é um tiro, mesmo que seja só de fulminante e a lentidão da narrativa foi-nos útil por permitir acompanhar a velocidade do disparo do seu pensamento e ainda os artifícios cadentes contidos na linguagem de trapos com que disfarça.

Quanto ao alvo estamos esclarecidos. Sempre os mesmos e sempre mais do mesmo na senda deste túnel em que nos meteram e a quem teimam acrescentar, em cada réstia de esperança, mais um segmento de túnel no lugar onde devia haver uma luz, por muito baça que fosse.
LNT
[0.139/2013]

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O chumbo dos bons alunos

Orelhas de burroPaulo Portas tem saudades de andar nas feiras populares sem precisar de ser escoltado. De que lhe serve a colecção de bonés se não os pode usar? Irritou-se com a utilização abusiva do seu nome, zangou-se com a mentirola que Coelho lhe pregou ao convencê-lo de que aquilo que ia ser anunciado se devia a uma exigência dos credores e que ficou claro ser mais uma das patranhas de Coelho quando Gaspar anunciou publicamente que a troika não tinha feito tal exigência, amuou quando teve conhecimento de que a sua rapaziada, mais papista que o papa, fez declarações de apoio aos absurdos anunciados como se eles tivessem sido também congeminados por si.

Portas, saudoso do populismo e como sempre a olhar para o umbigo, abriu deliberadamente uma crise profunda, não no namoro com Coelho a quem nunca reconheceu qualidade, mas na solução do vazio que se criou a seguir às eleições. Com isso pensa ter conseguido passar pelo que aí vem, sem ser beliscado.

Passos Coelho continua a julgar que, por ter sido nomeado Primeiro-Ministro, está num patamar de superioridade que fará com que tudo e todos se submetam à sua vontade. A criancice que o caracteriza e a falta de estofo político que já demonstrou amiúde acabam de o transformar num calinas que nem os amigos e associados respeitam, ficando cada vez mais entregue aos que ainda sobrevivem à sua custa mas que lhe serão implacáveis logo que se perfile novo senhor.

Neste jogo pouco interessam as centenas de milhar que já tiveram um assomo de cidadania, de nada interessa a sequência de Portugal. Prefere, como sempre preferiu, a chantagem sobre todos os que lhe apontam outros caminhos, prefere a prepotência da ameaça da catástrofe e do caos. Revela-se um fundamentalista fanático preparado para o hara-kiri.

Zangado com a zanga de Portas anuncia ir pagar-lhe na mesma moeda sem sequer ter a noção de que Portas sabe mais a dormir do que ele acordado. Convoca o clã para dar mais lenha ao Conselho de Estado onde Gaspar vai ter voz própria para lentamente defender a teoria do empobrecimento pátrio.

A Nação na rua, as comadres zangadas e o xerife de canhota sacada são o deitar pela borda fora de toda a contenção que este povo estóico até agora revelou. O que estarão agora a pensar os mestres de tão bons alunos?
LNT
[0.433/2012]

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Vendedores do ano

Teclado JoaninhaNa fúria dos milhões era preferível que o Estado privatizasse a Parpública e se deixasse de armar em Xanax, Rexamax ou coisa do género, sob o risco de um dia destes vermos circular ao nosso lado os carros com a fotografia do Álvaro e do Gaspar, com o número de telemóvel e a legenda de se tratarem dos vendedores do ano.

O Estado porta-se como o privado que tem de dar de comer aos filhos, neste caso à sua caçula Troika, e se desfaz, ao custo de uma sopa de lentilhas, dos bens que herdou. A rapaziada esquece-se que está a gerir o património público e que esse facto merece cuidado, até porque depois de se irem os anéis, ninguém há-de querer ficar com os dedos da manápula que nos vai empobrecendo.

Os resultados, mesmo assim, têm sido deficientes. Esta gente que se recusa a sair da teoria e dos bancos da escola para dar uma volta pela rua e perceber que a vida é diferente de um manual de tese, vê milhões onde existem tostões e surpreende-se sempre que obtém por resultado aquilo que nunca esperou.

Coisa parecida com o que acontecerá em 2013 quando fizerem as contas do IRS de 2012 e apurarem que as receitas são muito inferiores àquilo que esperavam porque, quem usou a máquina de calcular, se esqueceu de contabilizar que 700.000 X 2 = 1.400.000 de salários não irão ser taxados e de que os escalões atribuídos correm o risco de downgrade perante o valor salarial anual de cada um desses 1.400.000 salários que foram surripiados.

Como já disse antes, se fossem espertinhos, em vez da ilegalidade e do roubo, podiam ter pago os salários em dívida interna (diferida no reembolso, por exemplo, a cinco anos), mas como o que se pretende é desvalorizar o valor do trabalho no Estado, preferiram o maltrato à inteligência. Em relação ao IVA nem vale a pena falar. Cá estaremos na altura própria para comparar as receitas resultantes da ganância alarve.
LNT
[0.508/2011]

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Al-mukhaddâ

Almofada PSDO prefixo “al” denuncia a origem árabe da palavra "almofada" e o Priberam dá-lhe coxim por sinónimo, o que merece a minha concordância e preferência, até porque o verbo almofadar também significa enchumaçar.

Adelante!

Falemos então de coxins, daqueles que se usam na indústria naval (à excepção da especializada em submarinos) para evitar que os cabos rocem. Estes revestimentos tecidos destinam-se, tal como disse no parágrafo anterior, a "evitar" e é neste evitar que está o diabo porque é o tal detalhe a que se referiu o nosso Presidente antes de embarcar para a gringolândia com o seu séquito feudal.

O Ministro dos Impostos anda descorçoado. Ele tinha determinado cortar salários aos trabalhadores do Estado para conseguir as verbas com que iria despedir 100.000 desses trabalhadores e não para almofadar o Orçamento de Estado de 2012.

Por isso, quando Seguro fala em almofadas, saem-lhe ao caminho os galgos amestrados a ganir que deve ter cuidado para que a senhora alemã e o pai da Guilia não o passem a considerar como mau aluno por não saber distinguir um coxim, de um fundo de despedimento.
LNT
[0.503/2011]

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Não virar as costas às bengaladas em Portugal

BotaSabe-se que há Partidos do poder e há os outros, os que fazem política só para se entreterem. Os Partidos do poder podem ser responsáveis, como é o Partido Socialista ao aceitar que as propostas do Governo dêem entrada na Assembleia da República para serem discutidas em especialidade, ou podem não o ser, como num passado muito recente o foi o PSD e o CDS ao recusaram o menos mau para poderem impor o pior.

Os Partidos que não são do poder podem ser irresponsáveis porque nunca assumem a responsabilidade, fogem dela como o Diabo da Cruz.

Os do poder, ao serem irresponsáveis, criam a quem neles confia (e aos outros que neles não confiam mas que os terão de aturar) o maior prejuízo. Se para além de serem irresponsáveis ainda forem aldrabões, impreparados e amorais podem deixar um País à beira do esgotamento. Se para além de irresponsáveis, aldrabões, impreparados e amorais ainda forem injustos e ressabiados deixarão certamente uma porção muito curta da população desse País a pagar tudo aquilo que resulta da má gestão nacional feita pelos Partidos do poder.

Os recuos deste Governo em relação a todas as selváticas medidas que estão a tomar à excepção daquelas que foram aplicadas à Administração Pública e ao Estado Social (SNS, Educação, etc.), a par das nacionalizações a tostão (o BPN foi o primeiro exemplo), só pode ser adjectivada com todos os adjectivos anteriores e ainda com um enorme nojo civilizacional e de cidadania.

Leio que afinal há mais recuos (agora no lóbi autárquico do PSD) e lembro-me sempre de Eça "... era um dever de moralidade pública dar bengaladas ... ".
LNT
[0.494/2011]

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Podia ter sido pior

PicoteA cultura portuguesa gosta da fórmula: Podia ter sido pior!

Uma pessoa é atropelada numa passadeira, perde um olho, três dentes e uma perna e não faltará alguém para dizer:
Podia ter sido pior!
Uma outra perde o emprego, não consegue pagar a prestação da casa, mas ainda assim consegue não ir dormir para baixo de uma ponte e haverá sempre alguém que diga:
Podia ter sido pior!
Outra espatifa um automóvel, morre-lhe a família toda menos um e alguém lhe dirá: Podia ter sido pior!

A isto acresce o complemento:
Resigne-se, tenha paciência!

É com base neste caldo de cultura que se faz saber que a electricidade vai aumentar 30% e vai ser mais cara 17% de IVA, para depois, usando a fórmula do engano, se informar que não, que não será nada disso e que, embora o país esteja em recessão, os ordenados não tenham tido aumentos e nalguns casos até tenham baixado, a inflação seja a mais alta dos últimos anos e que a Eléctrica portuguesa continua a gerar lucros chorudos, o aumento da electricidade vai ser só de 5% mais os tais 17% de IVA, coisa de nada, coisa para resignação e paciência, até porque podia ter sido pior.
LNT
[0.415/2011]

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

1712, o número milagreiro das pérolas

Frascos com PérolasSó duas coisitas porque estou cheio de trabalho mas não quero deixar a página de hoje em branco.

Relacionam-se com os fantásticos números ontem anunciados (e hoje já publicados) pelo nosso Primeiro referentes ao "corta", salvo erro qualquer coisa ligada à poupança resultante de extinção de 1712 chefias (gosto especialmente da particularidade das unidades) e de 162 entidades públicas (na verdade 137 e parece não ser ainda desta que extinguem a Presidência do Conselho).

A primeira coisita diz respeito às chefias. Só para lembrar que na Administração Central do Estado, grande parte das chefias, principalmente a nível de Chefe de Divisão, recebem pelos seus lugares de origem uma vez que o vencimento do topo de carreira é superior ao de Chefe de Divisão. Façam lá essas contas como deve ser, não vão ter uma grande surpresa quando fizerem as contas da poupança. E, já agora, espero que esses cortes não sejam do género de, ao eliminar o número de Chefes de Divisão e Directores de Serviços, fazer criar lugares com a fórmula mágica "com equivalência remuneratória a Chefe de Divisão, ou a Director de Serviços". É que essa já é velha e, p.e., já foi anteriormente utilizada em organismos que fizeram o milagre de diminuir as chefias em quase 80% (coisa que causa grande impacto na AR e na CS) mas, bem vistas as coisas, passaram a ter mais chefes (em termos remuneratórios) do que tinham antes da redução.

A segunda coisita, ainda aproveitando a hora do almoço, diz respeito à extinção de "entidades públicas" sem especificar o tipo de entidades. Não vale contabilizar aquelas que já só existem no papel, ou aquelas outras em que, p.e, ao fundir três entidades numa só se passa a ter um conselho directivo com mais dirigentes de topo do que os que havia antes da fusão.
LNT
[0.378/2011]

terça-feira, 5 de abril de 2011

Os do costume que paguem a crise

Zzaga Jepsen
"Que sirva de lição a quem andou sempre com "paninhos quentes" a proteger o contrário do preceito constitucional que garante estar assegurado o primado do Estado de Direito democrático com base na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas. Sempre que a banca foi tratada de forma desigual, fomos nós, contribuintes iguais, que tivemos de pagar mais. O "primado" da finança prevalece."
Foi assim que resolvi introduzir esta notícia da Agência Financeira no FaceBook. Parece mais uma tirada demagógica e certamente é mesmo, dirão.

Pelo menos dirão num País que mantém em liberdade (ou livremente condicionados) alguns dos colarinhos brancos que ajudaram a atirar-nos para o buraco em que estamos hoje.

Pelo menos dirão os que nunca entenderam que, nos países civilizados, a banca tem direitos e deveres iguais aos de qualquer outro sector da economia.

Pelo menos dirão ser atrozmente demagógica, quem deixou correr as promessas de mel que agora, em altura de aperto, se transformam em chantagem sobre o primado do Estado de direito democrático.

Por cada cêntimo beneficiado pela banca ou objecto de tratamento desigual em sede de fisco e de apoio, todos nós tivemos de ser mais e mais contribuintes.

Foram esses beneficiados que agora se reuniram para demonstrar por a+b que quem manda são eles e para decretar que serão os do costume quem irá pagar a crise.
LNT
[0.119/2011]