quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Conselho de Ministros

Ri-te, ri-te...De uma penada, pancada ou porrada vem-me à cabeça a forma como os historiadores se referirão a Pedro, o Vulgar, quando quiserem dissertar sobre a porcaria que fez e lançou para a ventoinha enquanto exerceu este mandato de merda.

Não o poderão comparar a Andeiro porque esse, antes de ter sido defenestrado, nunca escondeu as suas intenções de submissão. Não o poderão comparar a Salazar porque esse, antes de se espalhar da cadeira, nunca escondeu os seus tiques autoritários. Não o poderão comparar a Tomaz porque esse, antes de ter ido gozar a reforma para o Brasil, nunca disfarçou a sua burrice com vulgaridade.

Não o irão comparar com ninguém. Pedro, o Vulgar, é incomparável no exercício do poder.

Já no regabofe se pode comparar com os melhores regabofistas da Lusitânia.
Já na pieguice se pode comparar aos evangelizadores importados de Vera Cruz.
Já na vulgaridade do linguajar de barata tonta se pode comparar ao Zé Colmeia quando perdeu o tino com a descoberta do pote do mel.

Coisas que me vêm à cabeça quando devia estar a almoçar sem nelas pensar a bem da digestão da sopa, do croquete e dos 23% IVA que Pedro, o Vulgar, Portas, o Submerso, e Vítor, o Fantasioso, ditaram ser a dieta que emagrecerá os barrigudos que, como eu, vivem muito para além das possibilidades. Só Álvaro, o Pastel, insiste no nata, mas isso é doce para outro Conselho de Ministros.
LNT
[0.386/2012]

O complexo mundo do sexo

BananaMuito se tem descascado a banana Assenge. Muita expressão inglesa é usada para dizer, na nossa língua, coisas que não temos palavras para significar. Muitos são os casos de assassinato político (e profissional) que se baseiam, nada mais tendo para argumentar, em acusações sexuais. Muito mal se trata o assunto sexualidade usando conceitos, preconceitos, moral, religião e mais uma catrefada de risos e risinhos com intenções e desatenções.

A formatação começa cedo, os meninos e as meninas de hoje já brincam com carrinhos e bonecas, embora o controlo parental se continue a manter atento, principalmente quanto à manipulação das bonecas pelos meninos, e para eles prefira a iniciática brincadeira dos doutores ou coisas verdadeiramente masculinas como jogar à bola, amontoar-se no rugby ou outras acções violentas de contacto.

Desviei-me da conversa. Voltando:

Coisas sérias são tratadas por sex by surprise, por legitimate rape e por muitas outras expressões anglófonas tentando dar-lhes um sentido em português mesmo correndo o risco de ficarem lost in translation. No fundo andamos numa roda viva para chegar ao conceito de violação (interessantemente centrada no hetero, como se não acontecesse no homo, e na violação sobre o feminino, como se sobre o masculino não existisse) rodopiando sobre a questão do consentimento, incluindo os sim-sins e os não-nãos pronunciados com mais ou menos ruído e mais ou menos convicção no decurso do acto, para já não falar nos apelos divinos que muitas vezes nele são proferidos.

Sei que esperavam que agora iniciasse uma tese e retirasse a conclusão, porque o assunto é sério, mas é Agosto e fico-me pelo enunciado deixando esse trabalho para quem sabe da poda (linguagem casual-passista).
LNT
[0.385/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXIII ]

Golfinhos Tróia
Golfinhos Roazes - Tróia - Portugal
LNT
[0.384/2012]

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

No pasa nada

troikasEles andam aí e mesmo que os jornais e a restante malta do 5º poder não fale deles (já não sei se a designação está correcta porque cada vez mais parece que o primeiro poder é a finança e a comunicação social é o seu instrumento), a auditoria está a processar-se.

Possivelmente nada se sabe porque também não se querem fazer saber quais são os requisitos que estão a ser auditados, até porque eles mudam em cada visita e em conluio entre quem cá manda vir os auditores e os próprios auditados.

É por isso que a coisa tem corrido bem e a forma fálica que o coiso está a ganhar prenuncia a fornicação que ainda falta fazer para que se atinjam, com sucesso, os objectivos de empobrecimento.

Talvez por isso o instrumento do primeiro poder se esteja a guardar para a pompa e circunstância com que se prepara o anúncio de um relatório de excelente desempenho e o respectivo desbloqueio de nova “tranche” destinada ao sorvedouro insaciável de quem cá manda vir os seus auditores para darem luz verde à entrega do dinheiro que se destina a voltar para o seu bolso.

Parece confuso, mas não é. É só um jogo. Dona Branca não teria feito melhor.
LNT
[0.383/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXII ]

Portinho Arrábida
Portinho da Arrábida - Portugal
LNT
[0.382/2012]

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Xeque ao cão

JornaisConfirma-se que, em Agosto, é difícil de descobrir aquilo a que os jornalistas chamam uma boa notícia.

Confirma-se, também, que difícil não quer dizer impossível e o Público faz essa prova.

À falta de uma caixa com o dono mordeu o cão e sabendo que quem não tem cão, caça com gato, o nosso matutino arrancou com caixa melhor:

Kasparov arrisca cinco anos de prisão por morder polícia em Moscovo

Com um só título salvou a edição de hoje e ainda aproveitou para inovar.

O xadrezista mordeu o cão é muito mais silly.
Ainda para mais numa notícia onde se refere que o acontecimento tem a ver com uma manif em defesa de punk pussies.
LNT
[0.381/2012]

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Sol e sombra

CínicoEm Agosto não se discute política. Quando muito, utilizando a semântica vulgar-passista, mandam-se uma bocas sobre política, nada de muito sofisticado ou profundo, nada que vá além de reflectir sobre a toalha do Primeiro-Ministro e sobre se o seu tamanho xl está imaculado de areia por ser sacudido por um, dois, ou três gorilas.

Até mesmo nós, os blogo-palpiteiros, nos vemos à rasca para mandar porcaria para a ventoinha, tão entretidos que andamos com as minissaias e os decotes das estrangeiras que desfilam despreocupadas e não querem saber se os machos latinos estão, ou não, na situação de coiso.

A crise que se lixe até porque as eleições ainda vêm longe e neste momento o horizonte cinge-se à curiosidade dos romances e das ficções deixadas para ler no verão ao fim da tarde, na esplanada de recobro da azáfama dos protectores solares. Os cartões de crédito que fervam e os troikos que se preocupem para justificar os chorudos salários que ganham independentemente da crise e que se mantenham brancolas e suem as estopinhas do estio na companhia dos escalonados para os acompanhar, que só irão para o bronze quando os tipos se forem de cangalhas balbuciar ao mundo o nosso bom desempenho e o cumprimento, em excesso de zelo, da obediência às regras de empobrecimento na metodologia do “custe o que custar para além”.

Parem de resmungar com as praias atafulhadas de barrigudos a jiboiar do regabofe do pote.

Em Agosto, como disse, não se discute política. Mandam-se umas bocas, papam-se umas arrozadas e prontos.
LNT
[0.380/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXI ]

Praia d'el Rey
Praia d'el Rey - Óbidos - Portugal
LNT
[0.379/2012]

sábado, 18 de agosto de 2012

Há muitas formas de visitar as Maldivas

MaldivasPode-se ficar num dos milhares de resorts de papo para o ar à espera que o mar se mexa e nos venha molhar à cama;

Pode-se ficar repimpado num regabofe de marisco servido por autóctones entre mesuras e massagens;

Pode-se ficar besuntado no mel com açafrão de um pote chegado do continente;

Pode-se ficar lixando para tudo isso, ligar a ventoinha e apanhar na tromba a trampa que, tal como nós, aqueles que nos servem não deixam de fazer.

Há muitas formas, ao contrário do que pensam os formatados, para se visitar as Maldivas.

Pode-se ficar hospedado num barco, em vez de se ficar fixado num atol, para visitar todos os atóis que nos apetecer.

Mesmo nas Maldivas, um metro e meio acima do nível do mar, a liberdade é o melhor nível para se estar.
LNT
[0.378/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLX ]

Maldivas
Republic of Maldives
LNT
[0.377/2012]

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Andam aos figos

Duque de PausAnda tudo doido e quem não anda doido, anda aos figos pelo Allgarve. Se não andasse tudo doido (todos doidos) alguém evitaria que Álvaro fosse a um canal de televisão dizer as mais diversas coisas que lhe passam pela cabeça.

Aliás, a mesma lei que proíbe que alguns trabalhadores do sector Estado ganhem mais do que o Presidente da República deveria conter uma disposição que impedisse que qualquer titular pudesse fazer declarações mais alucinadas do que as que são proferidas pelo primeiro-ministro.

Quando Álvaro afirmou a Crespo, seu compagnon de voyage que por ele puxou cortando-lhe sempre o fim das frases para que se não comprometesse nas conclusões, que as reformas estruturais que já fez estão a dar resultados no equilíbrio das diversas balanças com o exterior, deu um sinal claro da língua-de-trapos com que esta gente mantém o regabofe em que está atolada desde que deitou a mão ao pote.

É verdade que as balanças se estão a equilibrar mas nada tem de verdade que esse equilíbrio advenha das “medidas estruturais” do Ministro Álvaro. Elas decorrem única e exclusivamente de dois factores que são a diminuição de importações devido aos cortes de salários, aos saques do fisco e ao desemprego que empobrecem todos os cidadãos e à razoável capacidade de se manterem as exportações.

Todos sabemos que o decréscimo de importação, mesmo que as exportações não aumentassem, provocaria o equilíbrio das tais balanças. O que isso não significa, antes pelo contrário, é que a economia esteja melhor, porque ela só estaria melhor se nós equilibrássemos essas balanças com produção. Todos sentimos na pele que o ”custe o que custar” significa empobrecimento.

Se todos conseguirmos morrer antes de usufruir das reformas para que descontámos a vida inteira, a questão das reformas fica resolvida. Se baixarmos a importação de matérias-primas e de combustíveis devido ao fecho das fábricas que os importavam, conseguiremos o equilíbrio das balanças de que Álvaro julga ser o fiel.

Do coiso salvou-se o velado aviso de imposição de orelhas de burro que fez a Passos Coelho quando o informou pela televisão que ensina aos seus alunos o contrário daquilo que Pedro anunciou no Allgarve.
LNT
[0.376/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLIX ]

Cascais
John Bull - Cascais - Portugal
LNT
[0.375/2012]

Free Pussy

Pussy Riot

Esta coisa da liberdade de expressão é uma chatice tanto na Madeira como em Moscovo. Amanhã deverá saber-se o que espera as Pussy Riot mas seria preferível que elas nem sequer tivessem de estar a aguardar esse veredicto.

A Barbearia associa-se, como é evidente, ao apelo para que libertem as miúdas.

Em seu lugar prendam o pessoal que andou a ganhar com o BPN aquilo que nos fez perder os subsídios de férias e de Natal. Se não os conseguirem julgar cá, peçam ajuda aos tribunais russos.
LNT
[0.374/2012]

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O mitomaníaco


Percebe-se que Passos Coelho possa dizer as coisas que diz sem se rir. Percebe-se também que o discurso de Passos Coelho feito ontem no Pontal possa conter frases mentirosas ditas com o mesmo ar com que ele, em campanha, garantiu à miúda que o abordou que nunca cortaria subsídios de férias ou de Natal.

Leio na Wikipédia que:

A mitomania (ou mentira obsessivo-compulsiva) é a tendência patológica mais ou menos voluntária e consciente para a mentira. Normalmente, as mentiras dos mitomaníacos estão relacionadas a assuntos específicos, porém podem ser ampliadas e atingir outros assuntos em casos considerados mais graves...

...Justamente pelos mitómanos não possuírem consciência plena de suas palavras, os mesmos acabam por iludir os outros em histórias de fins únicos e práticos, com o intuito de suprirem aquilo de que falta em suas vidas. É considerada uma doença grave, necessitando o portador dela de grande atenção por parte dos amigos e familiares.


E a Wikipédia diz ainda mais sobre mitomania.

Vão lá ver e, depois de reouvirem a discurseta de Coelho (se conseguirem), preparem uma tese porque possivelmente será aceite para equivalência a doutoramento.
LNT
[0.373/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLVIII ]

o banho do papagaio
Pontal - Algarve - Portugal
LNT
[0.372/2012]

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Podiam fazer a festa do Pontal no Alfeite

CapSeria uma questão de coerência. Seria uma precaução de segurança. Seria uma extensão do bunker onde andam refugiados vai para ano e picos. Seria a utilização de uma terra de ninguém onde poderiam acolher os seus parceiros de coligação. Finalmente, seria a forma de darem alguma utilidade aos meios submarinos perdidos no meio dos papéis que fizeram perder.

Não só Portas poderia usar o “cap” da Navy e as condecorações de Rumsfeld, como os seus anfitriões poderiam apresentar-se de galochas para evitarem molhar os pés no lastro que não pára de jorrar sempre que o INE faz mais uma divulgação dos números resultantes da política de empobrecimento que insistem em levar a cabo.

Poderiam igualmente fazer discursar o soba madeirense já que ele prescindiu da sua festarola de Chão de Lagoa na sequência da queimada que afligiu a nossa Pérola do Atlântico.

Se fizessem a festa do Pontal no Alfeite podiam aproveitar a capela da Escola Naval para que Cristas rezasse por chuva, para que a outra senhora loira da justiça (de quem não se pode dizer o nome), vestisse o camuflado dos fusos para ficar invisível, para que Crato se voltasse a fazer Prior e para que Macedo levantasse as mãos ao céu e orasse uma prece em memória dos defuntos que vai enterrando.

Seria também o local próprio para que Álvaro reencarnasse o Adamastor e para que Pedro se penitenciasse das coberturas que Marcelo sentencia que Coelho faz a Relvas ao invés das que Relvas, sem equivalências, lhe deveria fazer a ele.
LNT
[0.371/2012]

sábado, 11 de agosto de 2012

We all live in a yellow submarine

Submarino Portas

Afinal, segundo parece, os submarinos eram mesmo amarelos.

Há arquivos emergidos e há outros submersos.

Prevê-se que, mais tarde ou mais cedo, apareça alguém a dizer que foi o Sócrates que escondeu os papeis.

Full speed ahead, mister Paulo, full speed ahead!
Full speed over here, sir!
Action station! Action station!
Aye, aye, sir, fire!
Heaven! Heaven!

LNT
[0.368/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLVI ]

Conceição Tavira
Conceição de Tavira - Algarve - Portugal
LNT
[0.367/2012]

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

IN

FotosO dez de Agosto é para mim, todos os anos, um dia especial. Relaciona-se com a imortalidade e faz parte do processo de aprendizagem que me trouxe até aqui.

Muitas vezes me questiono, e hoje é 10 de Agosto – dia de me questionar, sobre o que ando a fazer com uma escrita pública quando tantos o fazem bem melhor do que eu e com a propriedade que não quero (ou não consigo) ter. No fundo cinjo-me a partilhar com os meus voluntários leitores experiências, conhecimentos e opiniões sobre aquilo que mais me toca ou, pelo menos, sobre o que entendo ser partilhável, mesmo que, tal como neste texto, não ultrapasse a necessidade de me questionar.

Não sou, nem pretendo ser, uma pessoa pública e como tal não tenho obrigatoriedade de expor o meu pensamento. Não me julgo narcisista e não sinto qualquer necessidade de me dar a conhecer. Não pretendo notoriedade para além daquela que me é absolutamente necessária para o desenvolvimento da minha actividade e essa não é aqui que a consigo. Detenho canais capazes de desenvolver a influência de que não abdico nas organizações a que pertenço. Nunca senti necessidade de me colocar em bicos de pés para parecer mais alto.

No entanto esta actividade (já com uma década de exercício, mesmo sem contar outra opinião publicada que tenho praticado) dá-me algum gozo e espanta-me verificar o número de audiências que provoca.

Claro que não sou ingénuo nem considero ingénuos aqueles que vêem aqui ler-me e sei que tudo isto faz parte de um jogo que também envolve militância informal desenvolvida fora dos circuitos tradicionais, assim como também sei que a irreverência, sempre necessária à criatividade, é um meio de transmitir a mensagem de combate à indiferença.

Este Post, em que assinalo mais um dez de Agosto, é uma química na evocação dos meus fantasmas. Não creio que tenham capacidade de o ler mas sei que questionando-me com eles no pensamento eles não me esquecerão.

Materializo-o para a partilha com os (ainda) físicos.
LNT
[0.366/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLV ]

Fotos
Memórias - Portugal
LNT
[0.365/2012]

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Referendos na RATA

Dor de cabeça de cãoDiz-nos o Carlos Barbosa de Oliveira que o Tribunal Constitucional admite a possibilidade de se fazerem referendos locais na RATA e que, nessa hipótese, irão aumentar as dores na cabeça do Governo em férias e em especial na cabeça de Relvas.

Imagino que sim, imagino que a haver referendos locais na RATA (Reorganização Administrativa Territorial Autárquica) Relvas e outros venham a ter dores até porque a RATA é mais uma daquelas circunstâncias virgens que este poder tem ganas de explorar mas que exige assentimento para não ser criminosa.

Por este andar, se os referendos foram avante, estaremos na eminência de uma RATA extremamente dispendiosa e na eventualidade de um falhanço precoce manifestamente insatisfatório.
LNT
[0.364/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLIV ]

Lisboa
Lisboa - Portugal
LNT
[0.363/2012]

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Até as sopeiras já se vestiam como as meninas da casa

SopeiraEntre uma direita que tomou conta da Europa e uma esquerda que a antecedeu convencida que as soluções de direita eram inevitáveis, o espaço da sociedade social-democrata foi-se encarquilhando até retornarmos a um ponto de desenvolvimento social impensável há meia dúzia de anos.

Não é verdade que a democracia e o estado social não fossem projectos sustentáveis só que, à sombra do estado social e da democracia, desenvolveram-se interesses baseados em cadeias de favor destinados a criar riqueza pessoal.

Os cidadãos adoptaram a mentalidade Oeirense em que a máxima mais propagada era a de que “este rouba mas, ao menos, nós também temos benefícios” sem que houvesse a consciencialização de que os benefícios decorriam da contribuição de todos e que o roubo que lhes estava associado retirava, para proveito exclusivo de quem roubava, a parcela destinada à sustentabilidade do estado social.

Esta mentalidade levada ao extremo conseguiu, inclusive, usar a democracia para perpetuar legitimamente o poder de reconhecidos corruptos.

A direita sabia que estado social e enriquecimento pessoal à sua custa eram incompatíveis. Só teve de esperar que a realidade se mostrasse no seu máximo esplendor e, aproveitando o abstencionismo que o descrédito provocou, levantou o machado de guerra contra o estado social porque, entre uma e outra coisa, o enriquecimento pessoal sempre foi a sua prioridade.

Foi esta ajuda que a esquerda deu ao ajuste de contas que a direita há muito pretendia executar contra os que tinham ousado comparar-se ao seu estatuto social. A lei da selva está de novo a voltar a uma Europa que foi pioneira dos conceitos de justiça social, de solidariedade e de igualdade de oportunidades.

Se não nos convencermos que a liberdade e os restantes conceitos sociais são conquistas que exigem luta permanente que inviabilize a sua extinção, irá restar-nos observar que as sopeiras voltarão a distinguir-se das meninas da casa pela roupa que vestem.
LNT
[0.362/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLIII ]

Camaleão
Camaleão - Ria Formosa - Algarve - Portugal
LNT
[0.361/2012]

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Na faixa da direita a subir para cima

Auto estradaNeste difícil retornar da crise algarvia para a de Lisboa fica a imagem de muitos carros de alta cilindrada a subir de baixo para cima e de muitos outros de cilindradas menores a descerem de cima para baixo fugindo ao empastelamento das nacionais de Canal Caveira ou de Mértola e a entregarem ao Ministro da Finanças mais uma mão cheia de dinheiro que ele tratará de fazer desaparecer.

Foi um impressionante desfile de bólides que no passado Sábado subiam para cima, a mais de 160 Km/hora, com pressa de chegarem ao ponto mais forte de uma crise que não parecia afectá-los, possivelmente por não serem trabalhadores do Estado, o que os torna incomparáveis como diria tão sabiamente Paulo Portas em mais uma discursata de ódio.

Vê-los passar, a subir para cima, e manter seguro o carro na faixa da direita evitando uma farolada potente como que a avisar:

- Chega para lá malandro que te atreves a obstruir o meu roncar.
LNT
[0.360/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLII ]

Praia Altura
Foi bom mas acabou-se - Algarve - Portugal
LNT
[0.359/2012]

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A crise vista daqui

A crise vista daqui

Já se lê que neste momento há demasiados portugueses a descansarem como se o lazer de quem trabalha não fosse um direito.

A coisa ameaça dominar o pensamento fazendo com que todos os que ainda têm trabalho em Portugal (e são cada vez menos por obra deste miserável Governo que tem por base de raciocínio o empobrecimento e a necessidade de nos transformar em seus lacaios sem remuneração nem tempo de descanso) mergulhem na neura de quem ainda não entregou o resto que tem para gáudio dos pançudos que odeiam o Sol e vivem refastelados o ano inteiro e à custa do nosso esforço, nos ares condicionados onde vegetam.

O pensamento é atroz, lê-se:
A esta hora, milhares de portugueses estão de pança ao sol, inermes como camaleões obtusos.”

É a miséria de espírito dos que odeiam todos em favor do espelho que os anima. Um espelho comprado com o nosso labor, sugado do nosso sacrifício para lhes sustentar a vaidade e o convencimento de que são mais, ou melhores, do que aqueles que os sustentam.

Em Julho e neste princípio de Agosto viu-se a crise a partir daqui. As praias ostentavam panças de alemães, franceses, ingleses, noruegueses, espanhóis e de outras gentes que se habituaram aos direitos de quem trabalha. Há quem chame a isto, civilização.

Os verdadeiros pançudos lusos jibóiam no conforto, mesmo aqueles que andam em dietas para parecerem que não são barrigudos.
LNT
[0.358/2012]