segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Da liberdade

RespirarNão é fácil sair-se à rua. Principalmente é difícil para quem participou activamente na construção da democracia e sabe que uma saída à rua, não enquadrada, pode ser sentida como um acto de rebelião contra a democracia representativa.

No entanto, há um outro sentir que, embora associado à ideia de democracia, é um valor superior à própria democracia, porque é algo de mais profundo e único e que ao contrário da democracia não tem significados vários, nem formas interpretativas diversas. A liberdade é um bem maior e, embora normalmente associada à democracia, não precisa dela para existir.

Foi em nome dessa liberdade (e num contexto democrático que talvez tenha extravado o conceito de democracia que sinto ter ajudado a construir em Portugal) que fui à Praça de Espanha no último sábado. Sabia o que lá iria encontrar e senti-me bem acompanhado pela liberdade dos outros.

Na rua, como em tudo na vida, há e haverá sempre quem esteja com intuitos diferentes dos nossos, inclusivamente com intuitos de se aproveitar da nossa liberdade para chamar a si o que não lhe compete. Mal de nós se não soubermos que assim é e mal de quem se convence poder-se apropriar da liberdade dos outros.

Das centenas de milhar de cidadãos livres que se juntaram na Praça de Espanha, seguiram o seu rumo uns poucos de milhares para o confronto militante. Foi uma vontade de uns quantos e uma lição de que os cidadãos não se deixam manipular pelo hooliganismo. Já o deveriam ter aprendido nos campos de futebol.

Quanto à democracia representativa chegou a altura dos Partidos anotarem que a liberdade e a cidadania já são bens intrínsecos. É bom que, mesmo não havendo tempo para parar, os Partidos Políticos reflictam profundamente sobre aquilo que se passou no último Sábado e possam arrepiar caminho.

Se insistirem que a Nação é um conceito abstracto e a cidadania só um conjunto de votos e não de pessoas, podem vir a ser surpreendidos por um futuro que nunca entenderão.
LNT
[0.434/2012]

O chumbo dos bons alunos

Orelhas de burroPaulo Portas tem saudades de andar nas feiras populares sem precisar de ser escoltado. De que lhe serve a colecção de bonés se não os pode usar? Irritou-se com a utilização abusiva do seu nome, zangou-se com a mentirola que Coelho lhe pregou ao convencê-lo de que aquilo que ia ser anunciado se devia a uma exigência dos credores e que ficou claro ser mais uma das patranhas de Coelho quando Gaspar anunciou publicamente que a troika não tinha feito tal exigência, amuou quando teve conhecimento de que a sua rapaziada, mais papista que o papa, fez declarações de apoio aos absurdos anunciados como se eles tivessem sido também congeminados por si.

Portas, saudoso do populismo e como sempre a olhar para o umbigo, abriu deliberadamente uma crise profunda, não no namoro com Coelho a quem nunca reconheceu qualidade, mas na solução do vazio que se criou a seguir às eleições. Com isso pensa ter conseguido passar pelo que aí vem, sem ser beliscado.

Passos Coelho continua a julgar que, por ter sido nomeado Primeiro-Ministro, está num patamar de superioridade que fará com que tudo e todos se submetam à sua vontade. A criancice que o caracteriza e a falta de estofo político que já demonstrou amiúde acabam de o transformar num calinas que nem os amigos e associados respeitam, ficando cada vez mais entregue aos que ainda sobrevivem à sua custa mas que lhe serão implacáveis logo que se perfile novo senhor.

Neste jogo pouco interessam as centenas de milhar que já tiveram um assomo de cidadania, de nada interessa a sequência de Portugal. Prefere, como sempre preferiu, a chantagem sobre todos os que lhe apontam outros caminhos, prefere a prepotência da ameaça da catástrofe e do caos. Revela-se um fundamentalista fanático preparado para o hara-kiri.

Zangado com a zanga de Portas anuncia ir pagar-lhe na mesma moeda sem sequer ter a noção de que Portas sabe mais a dormir do que ele acordado. Convoca o clã para dar mais lenha ao Conselho de Estado onde Gaspar vai ter voz própria para lentamente defender a teoria do empobrecimento pátrio.

A Nação na rua, as comadres zangadas e o xerife de canhota sacada são o deitar pela borda fora de toda a contenção que este povo estóico até agora revelou. O que estarão agora a pensar os mestres de tão bons alunos?
LNT
[0.433/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXXIX ]

15 de Setembro
15 de Setembro (a cidadania a acordar) - Lisboa - Portugal
LNT
[0.432/2012]

sábado, 15 de setembro de 2012

Para que não se esqueçam que o absurdo afecta as pessoas

Manif 2012.09.15
Durante os últimos dias ouvi mil vezes as estrelas que desfilam pelas passadeiras vermelhas da comunicação social perguntarem nas televisões o que se iria fazer com o resultado das manif’s que hoje decorreram.

Há gente assim, gente que gosta de fazer estas questões. É natural, porque o simples facto de serem as estrelas que passeiam pelas passadeiras da comunicação social já faz entender que as coisas têm de ter sempre, para eles, algum lucro.

Estive lá, no meio dos muitos milhares de portugueses que hoje saíram à rua com o intuito de nada lucrarem com isso. A grande maioria, famílias inteiras de classe média, desceram à rua desenquadradas, desalinhadas, corajosas e sem se deixarem manipular. Estiveram só com a intenção de lembrar aos senhores que desenham, no sossego dos seus gabinetes, os absurdos teóricos que aprenderam nos livros que esses absurdos afectam a vida de pessoas reais que eles pensam não existir.

Eram muitos milhares de pessoas. Penso que nunca vi coisa tão grande.

O resto andava também por lá. Líderes políticos à procura de vantagem, agitadores à procura do caos, gente diversa à procura de protagonismo e à espera de ganhar alguma coisa com isto.
LNT
[0.431/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXXVIII ]

Sophia de Mello Breyner Andresen
Praça de Espanha - Lisboa - Portugal
LNT
[0.430/2012]
Fotos para: O que diz a rua

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Fado malandro

GuitarraO problema maior desta gente é o de que tudo aquilo que sabe, aprendeu na escola. Ninguém lhes explicou que saber e sabedoria não são a mesma coisa e que, enquanto o saber é adquirido na escola, a sabedoria vai-se buscar ao ancestral.

Todas as sociedades antigas sabem isso, todas as famílias também, pelo menos as famílias onde os mais novos não são de geração espontânea.

As Nações, principalmente se forem Pátrias, são antros de sabedoria e quem não lhes conhece o saber nunca as conseguirá dirigir.

É por isso que eles estudam, estudam, estudam e alguns até ensinam e, quando vão ao terreno para fazer, não conseguem perceber as causas da diferença entre aquilo que planearam e o que efectivamente obtiveram.

Esquecem-se que as cartilhas dos países novos (p.e. a de Chicago) seguem modelos para serem aplicados a povos sabedores mas sem sabedoria e que dificilmente resultarão em povos milenares (que até podem parecer que não se defendem nem confrontam), porque eles detêm aquilo que os fez sobreviver por milénios.

A economia paralela, em Portugal, parece andar pelos 25%.

Quanto mais cartilha, mais se lhe arrima.
LNT
[0.429/2012]

Post It

Arco - Praça de EspanhaEstamos num tempo em que já é difícil convencer alguém que andam a espalhar pregos nas estradas.

Ângelo, o conselheiro espiritual das trevas, já deve ter desenvolvido outra tese para justificar o rebentamento dos pneus para as bandas de Massamá. Aguardemos para a conhecer até porque, em breve, haveremos também de conhecer as teses que Paulo vai congeminar para justificar os seus silêncios. Até mesmo o patriotismo, tal como a nossa paciência, tem limites.

Não é meu costume bater desalmadamente em moribundos e estou tentado a deixar passar algum tempo antes de voltar a abrir o sarcófago onde dormem os mortos-vivos que nos ameaçam com catástrofes colossais caso lhe sejamos desobedientes, mas mantenho à mão mais um monte de letras em forma de espeto de pau aromatizado em alho, para o caso de ser necessário.

Entretanto, enquanto a rataria, rata, vou à rua arejar. Não se esqueçam de amanhã ler Sophia no arco plantado na Praça de Espanha.

Post It para minha memória:
Ir ao fundo do baú que está na arrecadação e reler os slogans da Fonte Luminosa.
LNT
[0.428/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXXVII ]

Primatas
Jardim Zoológico - Lisboa - Portugal
LNT
[0.427/2012]

A Ota de Coelho

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Surdinas [ LVI ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

Em relação à entrevista de Passos Coelho tudo aconteceu da forma que eu previa. Bem, confesso, que foi ainda mais atabalhoada do que eu previa, mas não me admirou.

A única coisa que realmente estranhei foi não ter havido qualquer jogo da selecção logo a seguir.
LNT
[0.425/2012]

A roubalheira

LadrãoManuela Ferreira Leite, de quem me orgulho de divergir, disse ontem algumas coisas muito acertadas. Confirma-se que “eles” não são todos iguais. Ela é uma social-democrata de direita e a tríade Coelho/Gaspar/Borges são experimentalistas-fundamentalistas-radicais da Lei da Selva.

A um social-democrata, mesmo de direita, preocupa o social e está-lhe adjacente o humanismo. Aos robots servis do capital só está subjacente a primazia do dinheiro.

Muito haverá a dizer sobre esta intervenção de Ferreira Leite mas fico-me pelo conceito de roubo dos reformados a que ela chamou imposto, ignorando a universalidade que teria de ter para o ser.

Um reformado (gostam de lhes chamar pensionistas para os igualarem aos que recebem sem nunca terem contribuído) é alguém que entregou parte dos seus rendimentos a uma instituição para dela poder usufruir a partir de determinada altura. O dinheiro que recebe da reforma é por isso tão seu, como se o tivesse colocado no banco, ou numa conta poupança-reforma. É uma poupança privada (mesmo que forçada) feita ao longo da vida.

O que aconteceria se um cidadão que constituiu uma poupança chegasse à organização onde a constitui e lhe dissessem que não a retribuíam conforme estava acordado?

O Estado não é o BPN. Os gestores do Estado (os governantes) não podem ser uns Oliveira e Costa.
LNT
[0.424/2012]

O alvo

MãosConcordo e possivelmente participarei na manif que está agendada para o dia 15 em Lisboa.

Saberei demarcar-me, caso alguém ou alguma coisa me queira enquadrar e, tal como diz o nosso PM, estar-me-ei lixando para os aproveitamentos políticos que alguém ou alguma coisa queiram fazer.

No entanto gostaria de deixar claro que o alvo que me leva a aderir à rua é a insatisfação com as políticas extremistas e os modelos desumanos que este Governo está a seguir e que levam ao empobrecimento da nossa Nação, à destruição da nossa economia, à abolição da qualidade de vida conseguida pela evolução do conhecimento, pela liberdade e pela igualdade de oportunidades e ao radical corte com a coerência social que a civilização europeia e a nossa Constituição apontam como caminho.

A minha luta não é contra a troika, embora me esteja lixando (linguagem oficial) para ela. Essa luta já a fiz quando defendi soluções que não passavam pelo recurso à troika e que foram recusadas na Assembleia da República pelo PSD, pelo CDS, pelo PCP e pelo BE.

A minha luta é contra o modelo anti-social que este Governo está a seguir para atingir as metas a que se comprometeu e pela desumanidade do modelo do “sempre a eito, custe-o-que-custar”(e que custa sempre aos mesmos) mesmo após já ter verificado o falhanço que esse modelo comporta.

A aderir, engordarei a contestação só no seu término (na Praça de Espanha) não me prestando a afrontar a sede da representação permanente da troika, ainda que tenha gozado com o gamanço do carteirista do 28.
LNT
[0.423/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXXVI ]

Relógio
Solengas - Albergaria-a-Velha - Portugal
LNT
[0.422/2012]

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

No limite da tolerância

CabeçaVinha com vontade de perguntar ao Ministro Gaspar se ele acha que os chineses da EDP, ou os seus pentelhos (confirma-se que os chineses os têm), terão ficado convencidos de que a conversa de ontem na televisão era para ser levada a sério e que, na sua sequência, irão olhar para a factura da electricidade para fazerem reflectir os milhões que lhes vão sobrar depois da benesse dos 5,5%. Nós sabemos que o regime chinês é muito atento a esses pormenores como ficou provado pelas lagartas que cirandaram por Tiananmen.

Vinha com vontade, mas passou-me porque a paciência que ontem tive para o ouvir a soletrar a lengalenga do temos pena, mas isto irá a eito, custe o que custar” está a esgotar-se no limite da tolerância.

Vejo para aí escrito que haveria outras formas de fazer as coisas e sei que haveria, mas não há forma diferente de se implementar a selvajaria fundamentalista que a dupla Gaspar/Borges quer implementar. Bem podem os Coelhos, os Relvas e os Mendes fazer crer que continuamos a trilhar o caminho do estado social que já todos percebemos ao que vêm.

O PSD foi tomado de assalto por ideologias que nada têm a ver com a social-democracia. Esta gente mentiu a todos, vestiu a pele de cordeiro e está a comer o rebanho sem dó nem piedade. A carneirada só irá acordar quando já não houver força para pegar no cajado.
LNT
[0.421/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXXV ]

Praia Abano
Praia do Abano - Guincho - Portugal
LNT
[0.420/2012]

Spin

MochoPaulo Gorjão anda pelos Blogs, pelo menos, há tanto tempo como eu. Uma eternidade.

O Bloguítica que se publicava no escurinho da noite de Bruxelas (ou por lá perto) é uma referência para quem respeita, mesmo na discordância, essa coisa que nos é comum.

Os Blogs, já mil vezes decretados mortos pelos moribundos, são a genica de quem nunca teve medo de dar a cara. Excluem-se os anónimos porque esses esgrimem na esperança de que os touchés lhe passem ao lado.

Vem esta conversa a lume porque, distraído, ainda tinha Paulo como suspenso. Mas não, está blogovivo e escreve hoje a Pedro uma epístola de súplica.

E mais não digo porque aguardo que Portas, outro Paulo, faça de Pilatos.

Ámen.
LNT
[0.419/2012]

terça-feira, 11 de setembro de 2012

De cu pra cima, de cu pra baixo

Vai estudar Relvas
No tempo em que era menino, de cu pra baixo, como Coelho ainda é hoje, de cu pra cima, brincava-se em português, de cu pra cima, porque se sabia português, de cu pra baixo.

Esta forma de falar, de cu pra cima, era um exercício que auxiliava a formar frases, de cu pra baixo, e dava alguma destreza na articulação do que se dizia, de cu pra cima.

Na sexta-feira ouvimos Passos Coelho, de cu pra baixo, dizer aos portugueses que tinham de se por a jeito de serem esmifrados, de cu pra cima.

Hoje, de cu pra baixo, ouvimos Gaspar dizer que seria doloroso suportar mais um ano, de cu pra cima, mas que passado esse tempo iriamos todos ficar muito mais aliviados, de cu pra baixo.

Entretanto, de cu pra baixo, Cavaco e Portas continuam mudos e quedos, de cu pra cima.
LNT
[0.418/2012]

Hoje é dia de bola

Gaspar, Coelho, Relvas
Como hoje é dia de bola e se prevê que o esférico possa trazer algum entretimento aos espíritos, Gaspar, Ministro das Coiso, aproveitará para informar o País das conclusões que a troika retirou do novo pacote que Gaspar lhe sugeriu.

Não se prevê nada de bom novo embora a lenta linguagem usada seja inovadora conforme determina o guião de chavões criado pelo poder. Desta vez vai ser desenvolvida uma tese de combate ao desemprego através do embaratecimento do trabalho, do empobrecimento dos contribuintes e do aumento dos dividendos que chineses, angolanos, venezuelanos e outros democratas vão repartir entre si.

Entretanto Relvas faz saber, a partir de Copacabana onde anda refugiado para que os jornalistas portugueses não o possam questionar sobre se já conseguiu outra nova equivalência devido aos relevantes serviços prestados à Pátria, que “O Governo nunca faltou com a verdade..." o que nos deixa mais descansados por constatarmos que o clima de mentira e propaganda continua intocável e que o estilo charlatão não ficou beliscado pela cacetada que tem levado dos atiradores de porcaria para a ventoinha, nomeadamente, pelos histéricos piegas que lhe pagam as passeatas a Terras de Vera Cruz.

O soporífero governamental já está em estágio e a equipa de arbitragem já está comprada.

Fujam das televisões.
Fica o alerta.
LNT
[0.417/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXXIV ]

Porto Covo
Porto Côvo - Alentejo - Portugal
LNT
[0.416/2012]

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Enquanto Portas dormia *

Paulo PortasNa movimentação dos espiões que circulavam livremente e passavam os saberes públicos aos privados que lhes pagavam favores e mordomia,
Portas dormia para fazer que não via.

Na movimentação dos estrangeiros que adquiriam as jóias da coroa a valor de saldo para depois empregar os que lhe davam guarida e outra simpatia,
Portas dormia para fazer que não sabia.

Na movimentação das copiadoras e dos dossiers que submergiam para que a História não contasse a conta pública que aparecia,
Portas dormia e fingia.

Na movimentação dos saques que se abatiam sobre os cidadãos para dar mais gordura ao gordo que no Estado se mexia,
Portas viajava e fingia que dormia para fazer que não via, nem sabia.

Enquanto Portas dormia,
Todos e tudo se espremia,
ele de conta fazia,
ele nada sentia e mentia,
ele de todos se escondia,
e mais do que qualquer outro, fingia.
* Título inspirado numa obra de Domingos Amaral
LNT
[0.415/2012]

Surdinas [ LV ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

Má sorte nascer-se Marcelo.

Aos tacanhos, mesmo sem perdão, ainda se dá desconto. A ascensão ultra sónica não deu tempo, aos botas, para serem gente. Mas para os Marcelos (alguns, que não estes de que falo, que me desculpem) não há desconto nem perdão. Tinham obrigação e escola para serem melhores do que os tacanhos (botas e láparos) e só o não o foram, nem são, porque preferem ser malvados.
Sejam Caetanos ou Sousas.
LNT
[0.414/2012]
Aconselho a leitura de JM Correia Pinto (Politeia)

O Povo será sereno?

Palácio São Bento em obras

A estória conta-se em meia-dúzia de linhas e é importante que se conte para que fique de registo aos esquecidos.

O Governo anterior (aquele que o PSD, CDS, PCP e BE fizeram cair com a bênção do Presidente da República), num dos seus três PECs apresentados em 5 anos de função, cortou 10% dos salários dos trabalhadores da administração pública tendo a medida sido considerada excepcional e temporária (porque nunca fez sair o diploma legal com a nova tabela de vencimentos).

O actual Governo nomeado pelo Presidente da República, ambos eleitos com a maior abstenção da história pós-liberdade, composto pelos Partidos que exigiram o recurso à Troika (e o PSD – com Catroga - foi parte activa das negociações e condições para que ela viesse) numa estratégia de tomarem o poder tendo um álibi que os desresponsabilizasse daquilo que queriam fazer (a teoria do “para além da Troika custe o que custar” é a prova) e ainda na estratégia de manipulação da opinião pública através do chavão de ter sido o governo anterior a chamar os estrangeiros (sem nunca explicarem que esse plano era seu e que o Governo anterior já estava demissionário quando, por imperativo nacional na sequência do chumbo das suas propostas, se viu obrigado a tal recurso) em pouco mais de um ano já apresentaram três pacotes de austeridade que fazem os do PS parecerem insignificâncias.

Este Governo decretou manter o corte dos 10% nos salários da AP que vinha do Governo anterior, decretou que Portugal precisava de uma política de empobrecimento e decidiu também que aos sectores público e privado fossem retirados 50% do subsídio de Natal.

Este Governo decretou que, para continuar a política de empobrecimento em 2012, se retirassem dois meses de salário ao sector público, aos reformados e aos pensionistas e que, para todos os cidadãos incluindo aos miseráveis, se aplicassem taxas de IVA que deitassem o consumo dos bens essenciais por terra.

Este Governo, não satisfeito com o álibi da Troika engendrado por si e pelo Presidente da República, arranjou um novo álibi atacando o Tribunal Constitucional (único órgão do poder que ainda garante a Constituição Portuguesa). À pala de uma decisão do TC, que exigia esforço igual perante as dificuldades, anunciou ir decretar para 2013 que todos os trabalhadores do País irão pagar mais 1,5% de TSU e que passarão a receber menos 5,5% de salário que reverterá directamente para os lucros das empresas capazes de sobreviver ao decréscimo de consumo (monopólios entretanto migrados para a mão de particulares, alguns para a mão de estrangeiros que os adquiriram a preços de saldo).

A estória fica contada para memória. Havia ainda muitos outros pormenores que se podiam acrescentar mas tinha prometido só usar meia-dúzia de linhas.

Como diz o PM na sua qualidade de cidadão e pai: “isto não fica por aqui”.

Passos Coelho, Paulo Portas, Cavaco Silva e Marcelo ainda não viram o povo em fúria e estão convencidos de que a sua ignorância da História de Portugal os salva porque “o Povo é Sereno”.
LNT
[0.413/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXXIII ]

Padeira
Campo de Ourique - Lisboa - Portugal
LNT
[0.412/2012]

domingo, 9 de setembro de 2012

Um ás

Passos CoelhoTranscrevo o que ontem escrevi no FB sobre aquilo que Passos Coelho resolveu escrever no seu mural do FaceBook. (“não como Primeiro-Ministro mas como cidadão e como pai...”)

A todos nós assiste ir lá escrever o que, como cidadãos e como pais, temos para lhe escrever.

“Passos Coelho, depois de ter retirado aos trabalhadores portugueses o dinheiro que vai entregar aos chineses e aos angolanos da EDP e da Galp (entre outros), ainda se atreve a escrever no seu mural:
Não baixaremos os braços até o trabalho estar feito, e nunca esqueceremos que os nossos filhos nos estão a ver, e que é por eles e para eles que continuaremos, hoje, amanhã e enquanto for necessário, a sacrificar tanto para recuperar um Portugal onde eles não precisarão de o fazer.
Ele não tem noção do nojo que está a criar nos nossos filhos. Vale a pena ir lá explicar isso na caixa de comentários.

Certamente um dos seus muitos assessores terá oportunidade de lhe fazer um resumo."
LNT
[0.411/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXXII ]

Comporta Café
Praia da Comporta - Tróia - Portugal
LNT
[0.410/2012]

sábado, 8 de setembro de 2012

“Eles” são todos iguais

BaralhosO governo Passos Coelho/Paulo Portas é o resultado da democracia pela qual alguns se bateram para construir e da qual os cidadãos resolveram alhear-se com o argumento inculcado pelos que nunca foram adeptos do regime e que se resume na frase:

“Eles são todos iguais”

Esta mentira dita vezes sem conta e incrustada na sociedade portuguesa pouco habituada à democracia e à liberdade levou a que a democracia representativa ambicionada por todos nós, que saímos à rua para dizer basta à ditadura e nos fez de novo sair quando uma ditadura de sinal contrário se tentou instalar, se tivesse transformado num simulacro democrático.

Efectivamente “eles” (esta outra mania portuguesa) são bem diferentes. Uns acreditam que a ditadura de esquerda é melhor que a democracia. Outros acreditam que democracia é liberdade e que liberdade é o estado social e a igualdade de oportunidades. Outros acreditam que a solução é ter ricos sustentados pela usura aos trabalhadores e que o mundo do trabalho deve calar-se e nada exigir na esperança de que os bons princípios morais dos que o sugam promovam compaixão e lhes proporcione alguma caridade.

Baralhos
“Eles são bem diferentes”. Estes “eles” são mesmo “eles”. São os que nos querem reduzir, a “nós”, ao esforço que os enriquece. Por isso foram buscar o que sempre quiseram trazer à praça pública e, desta vez sem qualquer pejo (mesmo escondendo-se em imposições externas que eles próprios chamaram para lhes dar cobertura), disseram-nos na cara que a parte do nosso vencimento que era pago através de uma comparticipação das entidades patronais, sob a forma de contributo para a reforma que teremos quando já não dispusermos de mais força para continuar a servi-los, deixará de ser um encargo dos que enriquecem com o nosso trabalho e terá de passar a ser suportado pelos trabalhadores.

Se no sector público isso ainda reverte para o Estado porque a entidade patronal diminui a despesa, no privado é um imposto pago directamente aos patrões (tal como já tinha sido com o anúncio de que os portugueses continuariam a pagar uma taxa quando a televisão pública fosse privatizada).

Baralhos
“Eles” não são todos iguais. Nunca passou pela cabeça dos “outros” que os cidadãos tivessem de pagar impostos ao Estado e a alguns particulares.

Isto deixou de ser uma democracia e passou a ser um estado feudal em que os grandes senhores se acham com o direito de exercerem a colecta da dízima.

Não somos todos iguais e para o provar teremos de, se for necessário, demonstrar que não o somos.

Temos uma Constituição para defender e se o Presidente da República voltar a quebrar o seu voto de defesa dessa Constituição (como o fez com a promulgação do OE do ano passado sem ter ido ao Tribunal Constitucional confirmar as suas suspeitas de que a Lei violava a Constituição) teremos de exercer os outros direitos e deveres que essa mesma Constituição nos proporciona.
LNT
[0.409/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXXI ]

Comporta Café
Comporta Café - Praia da Comporta - Portugal
LNT
[0.408/2012]