sexta-feira, 23 de maio de 2008

Botão Barbearia[0.458/2008]
Bodes expiatórios (act.)Boicote GALP

No Água Lisa, João Tunes rebate a proposta de boicote aos produtos GALP e chama-me a atenção para vários aspectos desta campanha que apelida de "pouco clarividente".

Já lá deixei comentário pedindo que explique aquilo que ninguém consegue explicar que é:
- como é que se pode falar de escalada de preços sem referir que essa escalada é em Dollars/Petróleo e que o Dollar tem sofrido uma desvalorização assinalável em relação ao Euro?
O que é verdade é que com um Euro compra-se, hoje, pouco menos petróleo do que se comprava à uns meses atrás.

Mas há uma coisa que o João diz que me deixa perplexo porque, embora já esperasse essa argumentação, nunca a esperei a partir do Água Lisa.

Diz o João Tunes que esta campanha só "serve para afunilar ódios perante problemas reais, batendo no “nacional” como se a santidade estivesse na Repsol, na BP ou nos seus irmãos tubarões do negócio mundial petrolífero (em que a GALP é um grão no areal)", o que não é verdade. Ninguém considera qualquer um dos outros tubarões santos, mas é dos livros que é impossível combater todos em simultâneo. Por exemplo, a campanha para não se abastecer nos dias 1, 2 e 3 de Junho, sendo legítima, é absolutamente inconsequente porque as pessoas abastecer-se-ão no dia antes ou no dia depois e o efeito será nulo.

Não há nenhum crime de lesa-pátria por fazer o boicote aos produtos GALP porque a GALP não demonstra qualquer consideração com os portugueses não tendo, até agora, tido qualquer preocupação por liderar os aumentos dos combustíveis em Portugal, apesar dos lucros inacreditáveis que tem tido.

Há no texto do meu amigo João Tunes muito mais a rebater, começando pela acusação de que os aumentos são decididos pela OPEP, o que parece não ser verdade (é a OPEP - Abdullah Salem el-Badrique - diz que estes aumentos resultam de especulação), e pela defesa da queda do ISP o que seria, no meu modesto parecer, um imenso erro porque rapidamente a GALP (e os outros) iriam absorver nos seus lucros aquilo que o Estado deixasse de receber (no mesmo caminho do que se irá fazer com a baixa de 1% do IVA anunciada pelo Governo).

De uma coisa tenho a certeza. Se não forem os consumidores a defenderem-se, a vida vai tornar-se insustentável porque a questão do aumento dos combustíveis não se reflecte só nas bombas de gasolina, mas afecta e encarece todos os produtos básicos.

Criminoso é ficar de braços caídos a deixar que a selvajaria capitalista prossiga desta forma nunca vista, nem mesmo no tempo em que se falava de capitalismo selvagem.
LNT
Nota: O Post 456/2008 mantém-se em actualização permanente.

(act.)

O João Tunes já treplicou no Post "MAIS UM BODE EXPIATÓRIO PARA A COLECÇÃO (2)" texto extenso, interessante, fundamentado e de boa retórica, como é seu timbre, mas deixa por responder ao essencial que é, desde o princípio, a justificação da "escalada de preços" dado que o Euro, quando transformado em Dollars, compra agora pouco menos petróleo do que comprava há uns meses atrás.

O João diz que esta conversa não é para aqui chamada... quando sabemos que é exactamente essa argumentação que tem justificado a "escalada de preços" no consumidor.

Percebe-se que o João teria preferido que aqui se tivesse falado da santidade das outras companhias, mas isso não se fez. O que se está a fazer não é por inveja dos lucros da GALP, caro João, mas porque essa grande companhia se está nas tintas para os portugueses e merece da parte dos consumidores portugueses resposta condizente.

Temos de nos defender de uma coisa de cada vez e acredito que seja só por gozo que o João faz o gozo de sugerir que alguém queira tirar a GALP do mercado (essa ainda me está a fazer sorrir), assim como aquela tirada "preconceitos serôdio-soviéticos contra a eficiência que leva ao lucro" como se estivesse a ler nesta Barbearia a cartilha do Avante.

Brincadeiras do João Tunes, velho companheiro destas lides dos Blogs, a quem há muito aprendi a ler a ironia.

Rastos:
USB Link-> Água Lisa - João Tunes (1)
-> Água Lisa - João Tunes (2)
-> Boicote aos produtos GALP
-> Canhoto - António Dornelas
-> RTP - OPEP afirma que mercado está "louco"

8 comentários:

contradicoes disse...

Comprar combustíveis na Repsol, na BP
ou em qualquer outro revendedor com excepção da ESSO e da TOTAL é continuar a facilitar a vida da GALP porquanto se o João Tunes não sabe deveria saber é a GALP que refina os combustíveis que são vendidos nessas distribuidoras, portanto o lucro está sempre assegurado. Um abraço do Raul

Anónimo disse...

Na passada 2.a feira, 19 de Maio, Às 19.30 horas e na sequência do “post” de ref.a 0.446/2008 de LNT, afixado aqui na “Barbearia”, tomei a liberdade de lavrar um comentário que terminei com a seguinte

“PROPOSTA:

Que através da blogosfera se convoque, com a antecedência e o batuque necessários, uma GREVE GERAL À COMPRA DE COMBUSTÍVEIS, COM A DURAÇÃO DE VÁRIOS DIAS, EM DATAS A APRAZAR, precedida de alguma discussão quanto ao exacto intervalo de tempo em que a mesma deva realizar-se, por forma a prejudicar o mais possível essa gentalha e o mínimo possível… os grevistas.”

Logo no dia seguinte, ou melhor, após escassa meia dúzia de horas depois (às 01:31 de 20 de Maio) o ilustre mestre-barbeiro, sob a epígrafe “combustíveis e comburentes”, publicou, com a ref.a 0.450/2008, mais o seguinte “post”, paginado “a latere” da menina do gaz e de outras beldades Galp:

“ Recebo mensagens para aderir a um boicote às gasolineiras GALP, REPSOL e BP (não percebo porquê só a estas) dando corpo a um protesto generalizado contra os aumentos insanos que se têm verificado nos combustíveis.

Olhando para a imagem ao lado, quer parecer que tal boicote não terá qualquer efeito mas, ainda assim e tão irritado como qualquer outro com a alarvice gulosa de quem abastece os nossos carros e encarece a vida em geral, já que mais não posso fazer, transcrevo no salão o comentário que um tal JAKIM deixou lá para baixo.
LNT”

Aquela minha proposta foi encarada com algum cepticismo e mesmo com uma certa sobranceria paternalista que muito me comoveu — vide, por exemplo, o comentário de “redexpo” na parte em que diz “. . . Quanto à 'greve geral', parece-me bem intencionada, mas utópica. As pessoas necessitam de utilizar os seus carros no dia-a-dia pelas mais diversas razões e não podem abster-se de consumir combustível por um longo (ou mesmo médio) período.

Ora, com o devido respeito por melhor opinião, sustento que a minha proposta de greve geral à compra de gasolina e de gasóleo nem era bem intencionada nem utópica. Bem intencionada não era porque pretendia ser um pontapé nos tomates dos interesses instalados à volta da refinação, da distribuição, quiçá da especulação bolsista e mesmo da tributação daqueles bens, ou, mais explicitamente, nos tomates reais dos homens reais que puxam os cordéis daqueles imbricados interesses. Também não era utópica a minha proposta porque, sendo a greve geral uma forma de luta de última instância, ela deve ser adoptada sempre e quando outros meios mais brandos de oposição se revelem inoperantes. É consabido que estamos todos fartos de contestar por escrito e verbalmente o tremendíssimo abuso a que as gasolineiras e o Governo têm vindo a sujeitar-nos de há uns anos a esta parte e que, em resposta, quem (aparentemente) tem na mão a faca e o queijo mais não tem feito do que assobiar para o lado ou, pior ainda, apresentar justificações que vêm ofendendo de forma muito grave a nossa inteligência. Daí, pois, a minha proposta de greve geral. Concedo todavia que uma parte substancial dos consumidores possa não estar preparada para a adoptar e que um boicote cirúrgico seja, aqui e agora, a reacção mais eficaz possível, quer o paciente se chame GALP, BP, REPSOL ou mesmo o “grand complet” desta SANTÍSSIMA TRINDADE. Creio que o importante é, por um lado, que a questão seja objecto de um debate tão exaustivo quanto possível e, por outro, que o figurino de boicote que a final se adopte tenha a duração necessária, ou seja, que cesse apenas e quando os preços da gasolina e do gasóleo regressem a valores consensualmente aceitáveis ou… venha a ser “blogosfericamente decretada” a “utópica” greve geral.

Entendo que na rapacidade desenfreada com que os intervenientes têm subido o preço final dos combustíveis não há lugar para santos nem para pecadores. Como já escrevi por aqui e repito, trata-se de uma descarada ladroeira e, em conformidade, o que temos pela frente é uma imensa cáfila de gatunos.
Diz -se no “Água Lisa” que "esta campanha só serve para afunilar ódios perante problemas reais, batendo no “nacional” como se a santidade estivesse na Repsol, na BP ou nos seus irmãos tubarões do negócio mundial petrolífero (em que a GALP é um grão no areal)” e, tal como LNT, estou em completo desacordo com esta asserção. Aqui não há, não vejo que haja, quaisquer ódios e muito menos dirigidos de forma concertada contra a pobrezinha da GALP, que ainda por cima é portuguesa. O que há, no meu modesto entendimento, é muito simplesmente uma reacção espontânea de autodefesa por parte de quem, farto de levar porrada, decidiu que era tempo de deixar de ser o bombo da festa.

Quando falo de cáfila de gatunos ponho no mesmo saco a GALP, a BP, a REPSOL, o resto das petrolíferas mundiais, a especulação bolsista sobre os produtos petrolíferos, as políticas tributárias atinentes, a OPEP e os demais tubarões que, isolada ou concertadamente, concorrem para que o meu carro consuma gasolina a mais de TREZENTOS paus o litro. Chega, PORRA!

Com cordiais saudações do

JAKIM.

Anónimo disse...

Sigam a minha sugestão. Para quem tem carro a diesel abasteça na FULA ou na VAQUEIRO. O carro fica a cheirar a batata frita, mas o óleo vegetal é muito mais barato do que gasóleo.

:)

WR

Anónimo disse...

e o que dizer do anunciado encerrar de postos de abastecimento do lado de cá da fronteira, quando do lado de lá se encontra um posto, exactamente da mesma marca e a um preço bastante mais convidativo?!...

maloud disse...

O ISP não é fixo? Há dias na Quadratura do Círculo todos disseram que sim, que era.

Luís Novaes Tito disse...

Não sei onde o JAKIM pode encontrar qualquer paternalismo.

Todas as formas de protesto contra o aumento dos combustíveis são válidas, mas só algumas irão mexer com os bolsos dos tubarões.

Se concentrarmos o boicote numa companhia de cada vez seremos muito mais eficazes.

Como bem lembra a SoMaria, já estamos na fase das ameaças, agora do aumento do desemprego. E ainda querem que se respeite a GALP?

Ao Imposto Fixo da Maloud já dei uma curta resposta no Blog. O descascar do ISP seria matéria demasiado complexa para outra abordagem (no meu conceito de Blog de Barbearia).

O WR esquece-se que o Presidente da Ericeira ainda ando de imbróglio, em imbrólio, por causa do óleo de fritar batatas.

Portugal é assim mesmo, um mar de palha.

Anónimo disse...

Em boa verdade, já nem o JAKIM consegue, em releitura mais atenta, encontrar o paternalismo que antes alegou. Tratou-se de um erro de interpretação que, contrito, pede lhe seja relevado.

Com amistosas saudações do

JAKIM.

Anónimo disse...

Embora esteja disponível para aderir a boicotes às gasolineiras creio que terão resultados nulos.

Na minha opinião devia era fazer-se um boicote generalizado de uma semana ou mais e, quando se acabasse o combustível andava-se de transportes públicos.

Claro que se o boicote começasse num sábado, aí pela quarta-feira já o país estaria num caos com filas imensas nas paragens de autocarros, comboios suburbanos e metros a abarrotar, toda a gente a chegar atrasada ao emprego, etc., etc.

Só assim o boicote teria efeitos.

Quanto a boicotar a só a Galp acho que terá poucos efeitos pois é a Galp que vende os combustíveis que as outras revendem.

Devia era boicotar-se as outras para as obrigar a importarem combustíveis a preços mais baixos