segunda-feira, 11 de julho de 2011

Quero o meu naco do empréstimo

Rolo de dinheiroSerá verdade que o dinheiro que pedimos emprestado ao exterior, antes de Cavaco ter dissolvido a Assembleia da República e ter comprado a passagem de Sócrates para a Sorbonne, foi só para garantir que podíamos pedir mais dinheiro emprestado aos "mercados" ao preço que eles entendessem?

Será verdade que ainda não parámos de ir aos "mercados" às compras de dinheiro e que eles, sabendo que ainda temos o dinheiro troiko para lhes pagar, não deixam de nos vender o dinheiro cada vez mais caro?

Será verdade que o dinheiro troiko que pedimos se destinava a por as contas em ordem e a pôr-nos a salvo da especulação dos "mercados" uma vez que nos fazia ficar fora desses "mercados" durante uns anos?

Se sim, então porque é que estão constantemente a dizer que continuamos a ir aos "mercados", que em princípio nos estão vedados, para comprar dinheiro mais caro em vez de usarmos o dinheiro barato que os nossos amigos troikos cá deixaram ficar?

Por mim, vou reclamar o meu naco do empréstimo. Se o pedi emprestado era porque o queria usar e se me dizem que tenho de o pagar com o meu subsídio de Natal e com as outras alarvices que estão na forja, quero gastá-lo como muito bem me apetecer.

Irrita-me que andem a fazer empréstimos em meu nome e que eu tenha de os pagar sem que nunca me sejam creditados. Ainda por cima em negócios que vejo à partida serem ruinosos e que se resumem a pedir dinheiro emprestado a 5% para garantir que me emprestem dinheiro a 16%.

Dêem-me já o dinheiro que me compete e cá me hei-de governar com ele.
Se não poder comer bifes de boy, fico-me pelo ensopado de coelho.
LNT
[0.263/2011]

O estoiro da boyada

Picasso - BoisTudo isto faz lembrar as largadas de touros em Pamplona.

Agora, diz-nos o I, está aberta a porta do curro para correrem com os boi(y)s do PS.

Cuidado com as aparências porque há muitos que parecem PS, e foram ferrados como fazendo parte da manada no arrebanho do governo anterior, que afinal mais não são do que chocas do PSD (havia poucos, havia!...) e que agora se arriscam a ser confundidos no meio da manada atiçada para os becos da festança em correria desenfreada até ao pote, desculpem, até ao curro, do tentadero do poder.

Todas as rolhas de cortiça sabem boiar, Yhéééah!
LNT
[0.262/2011]

Marcelar

Rui PerdigãoHá pessoas em Portugal que continuam a ter um estatuto acima de todos os outros mortais. Esses personagens apresentam-se sempre sem contraditório e dão-lhes tal relevo que lhes concedem espaços nobres da comunicação de massas para que façam da sua oratória, baseada em suposições e palpites, matéria para condicionamento das agendas mediáticas e do poder.

É interessante verificar que esta prática se aplica na proporcionalidade inversa dos resultados que esses personagens obtém quando se sujeitam a sufrágio (aliás, por regra, sempre que vão a eleições internas ou externas conseguem sair de lá sem mandato), assim como é interessante verificar o grau de erro que resulta das suas análises apesar de conseguirem diminuir essa percepção dizendo tudo e o seu contrário.

Exemplos? Marcelo Rebelo de Sousa e José Pacheco Pereira, entre muitos outros que nem sequer se deixam escrutinar.

Vem isto a propósito de quê? A propósito daquilo que Marcelo ontem deixou ficar no ar quando se referiu às agências de notação e às justificações que deu para explicar as incoerências do Presidente da República quanto aos “mercados” tentando desviar a opinião pública do facto de elas resultarem exclusivamente da alteração do novo equilíbrio político de direita por ele fomentado com mestria, diga-se.

As agências de notação servem para fornecer indicações aos “mercados” sobre os activos que estão na praça. Para que essas indicações sejam relevantes têm de se basear em metodologias e boas-práticas credíveis. Não podem ser mera fonte de opinião. Resultam da análise de indicadores, metas e métricas.

O que é que lhes dá credibilidade? A transparência na aplicação dos métodos, a qualidade na recolha e no tratamento dos dados, a aplicabilidade, a coerência e a consistência dos indicadores, a fiabilidade dos resultados (também mensurável pelo índice de erro em avaliações anteriores) e a imparcialidade e independência na sua comunicação. Há muitas empresas, e também as há na Europa e até mesmo em Portugal (aqui está uma boa área de negócio internacional de serviços que o Poder nacional deveria apoiar) que não estão cotadas nem fazem parte do portfolio de referência dos grandes investidores e dos grandes decisores institucionais. Há que as credibilizar.

O capitalismo não se gere nem se assusta com o coração. Mesmo com a razão é aquilo que se sabe, quanto mais com estados de alma! Ás investidas do capitalismo desenfreado tem de se responder com a mesma insensibilidade impiedosa e, para isso, as suas vítimas terão de centrar a defesa na demonstração de que os instrumentos ou estão mal concebidos, ou incorrectamente aferidos e/ou que os resultados transmitidos estão manipulados ou distorcidos.

Como? Primeiro com a creditação internacional das metodologias e dos indicadores, depois com a calibragem dos instrumentos de aferição e finalmente com a constatação das evidências através de auditoria igualmente creditada.

Ao contrário do que Marcelo quis fazer entender isto não é conversa de café e quando, p.e., as notações com base nas medições de risco referentes aos USA são baseadas em regras opacas e diferentes daquelas que têm sido aplicadas em países europeus (até agora SÓ para ALGUNS países europeus) tem de se demonstrar essa contradição.

A questão não é nova e a alteração de opinião que Cavaco Silva apresentou nos últimos meses só lhe deveria ser permitida se ele não fosse um técnico da matéria, razão bastamente evocada como o valor para o fazer eleger das duas vezes que se candidatou à Presidência da República.
LNT
[0.261/2011]

Já fui feliz aqui [ CMXXXIII ]

Pôr do Sol
Porto Côvo - Alentejo - Portugal
LNT
[0.260/2011]

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Necessidades e ratices

TridentePaulo Portas, Ministro (vénia), atirou o sound byte do dia de ontem, procedimento base do jingle "um sound byte por dia, o bem que lhe faria", informando que delegava uma parte dos seus poderes de Presidente do CDS/PP, podendo assim dedicar-se em exclusividade à actividade dos Negócios Estrangeiros.

Portas não deixa créditos por mão alheia e como a sua actividade no governo tem sido, até agora, tão invisível como a concretização da ambição anunciada na campanha eleitoral de ser o Primeiro-Ministro deste Governo empossado por vontade popular e por mão amiga, vai fazendo o que pode para que lhe olhem para os dentes.

Fica por saber se o Ministro (vénia), para além da reunião tabu que fez anunciar há dias com o Presidente da República, já reuniu com os seus pares europeus, igualmente ministros em exclusividade para, por exemplo, começar a avançar com mecanismos que auditem as malfeitorias que as agências de ratice norte-americana andam a cozinhar na Europa. Falta igualmente saber se já mandou instalar o kit de classe económica nos Tridentes para que se possa deslocar a Varsóvia onde terá de conversar sobre os assuntos comunitários que o trio Polónia – Dinamarca – Chipre estão a preparar para os próximos três semestres.

A Nação está emocionada. O Partido de Portas, em grande expansão desde que passou a ter de usar uma frota de seis táxis para se deslocar ao Parlamento (presume-se que o deputado sobejante vá de scooter), está delegado em segundas figuras para que se não misture com o Governo de Secretários de Estado que migraram do Caldas para o pote, digo, para as Necessidades e arredores.

Depois queixem-se da graduação da Moody’s.
LNT
[0.259/2011]

Já fui feliz aqui [ CMXXXII ]

Houaiss
Dicionários Houaiss - Portugal
LNT
[0.258/2011]

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Oxalá o pote não seja de barro

PotesOs portugueses consomem. Como consomem, tem de se lhes sacar parte do dinheiro que usam no consumo. Como os que consomem luxo estão a consumir menos, há que sacar no consumo do não-luxo. Alarga-se o universo, aumenta-se o saque.

Acontece que o dinheiro não é elástico, pelo menos para alguns. Os portugueses passam a consumir menos e, para que se mantenha a receita, há que agravar o valor do saque e compensar o menor consumo. Aumenta-se a taxa, aumenta o saque.

Acontece que os portugueses consomem cada vez menos porque o dinheiro, além de não esticar, também rareia. A coisa complica-se. O dinheiro não chega para o consumo e as receitas do saque, secam.

Os portugueses trabalham. Como ganham dinheiro com o trabalho, tem de se lhes sacar parte do que ganham. Como produzem para um mercado que não consome, deixam de trabalhar.

Os portugueses não trabalham nem consomem. Como têm casas que valem dinheiro tem de se lhes sacar dinheiro dessas casas. Como não têm dinheiro para esse saque têm de vender as casas e o saque monta-se nessas transacções.

Mas os portugueses que não consomem, não trabalham nem têm casas, também já não têm dinheiro para novas casas, aliás nunca o tiveram porque compravam as casas com o dinheiro que depositavam nos bancos para que estes lho emprestassem com juros.

Nada tarda para que o único saque possível seja nas calçadas portuguesas e nem dinheiro de saque vai haver para comprar as balas que evitem os arremessos.
LNT
[0.257/2011]

Não vos esquecemos

Terror - London
Passaram sete anos, não vos esquecemos.

LNT
[0.256/2011]

Um murro no estômago

Apanhar papeisNem pensem que me vou meter com esta gente. Eles têm as suas metodologias, implementam-nas e monitorizam os resultados com ferramentas que não conheço, nem quero conhecer porque já me basta o que basta.

Sei que estas coisas podem ser divulgadas como se tudo não passasse de conversa de café em que, por palpite, se atiram umas atoardas. Sei que foi isso mesmo que quiseram fazer passar na comunicação social. Fazer-nos acreditar que há aí um grupo de gente que manda palpites e que esses palpites são só, como é costume em Portugal, umas bujardas cimentadas na maldade invejosa.

Não explicam as metodologias nem referem as métricas usadas. Fazem crer que tudo isto é só conversa, mas não é.

Sobre o papel que o espaço Euro deve desempenhar como auditado e dos instrumentos implementados para verificar a qualidade das auditorias que a ele, ou a algum dos seus membros, são feitas para que possa ser apresentado o contraditório, nada. O velho continente quer viver o capitalismo e os capitalistas, para que ele viva, usam os mecanismos que aconselham os seus associados.

O Governo Passos Coelho/Paulo Portas queixa-se de ter levado um murro no estômago. Espera-se que não tenha o estômago fraco porque, quando defendeu os tais "mercados", devia ter tratado de fortalecer os músculos que lhe protegem as entranhas.

Estavam mesmo a pedi-las e escusam de mentir porque a transparência e a verdade que prometeram aos portugueses não se compagina com declarações ( (...)que a agência norte-americana "não terá tido em devida conta" o consenso político entre os três partidos (PS, PSD e CDS) que se comprometeram com (...)) e com a verdade evidenciada (Moody's acknowledges that its earlier concerns about political uncertainty within Portugal itself have been largely resolved...).

PS. Quanto a coerência ficam dois ditos de quem tem fama de nunca ter dúvidas nem nunca se enganar. Façam os vossos juízos.
"A retórica de ataque aos mercados internacionais não cria um único emprego, nós devemos fazer o trabalho que nos compete por forma a reduzir a nossa dependência do financiamento externo sempre com uma grande preocupação de distribuir com justiça os sacrifícios que são pedidos aos portugueses"
Aníbal Cavaco Silva
Novembro de 2010


(Cavaco Silva) "
congratula-se com a condenação da atitude da agência de notação financeira Moody's por parte da União Europeia, de instituições europeias e internacionais e de vários governos europeus"
Aníbal Cavaco Silva
Julho de 2011

LNT
[0.255/2011]

Já fui feliz aqui [ CMXXXI ]

Londres
Londres - GB
LNT
[0.254/2011]

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Eu sou uma mulher sem medo*

Maria José Nogueira PintoMaria José Pinto da Cunha de Avilez Nogueira Pinto, jurista e mulher de princípios inabaláveis e de coerência determinada sempre foi, para mim, um modelo da ética em política.

Não me lembro de alguma vez lhe ter faltado coragem para enfrentar aqueles com quem estava em desacordo, não me lembro de a ver deixar de dizer aquilo que entendia ser seu dever dizer, não me lembro que alguma vez tenha cedido nos seus princípios em troca do que quer que fosse.

Defensora de doutrina diferente da minha, nunca me foi indiferente na inteligência e na argumentação com que se batia por aquilo em que acreditava, nem na força que irradiava nos muitos combates que a vi travar.

Nunca a conheci pessoalmente o que não evitou que tivesse por ela o maior respeito e admiração como pessoa de bem.

Devo-lhe esta homenagem.
LNT
*2007
Imagem: Parlamento Global

[0.253/2011]

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Parabéns, América

Bandeira dos EUA













LNT
[0.251/2011]

Livros

Questão

Não está esquecido, Rui Vasco Neto e Teresa Ribeiro.

Neste momento teria de responder a todas as questões com um: - foi o CobiT.

Já falta pouco para que possa puxar pela memória.
LNT
[0.250/2011]

Todos querem eleger o líder do PS

Combate de Blogs nº 54


Cada um tem o seu estilo de intervenção. O meu preferido é pela escrita, até por gostar de argumentar sem ter de expor a imagem. Fica a promessa de não dar qualquer entrevista quando escrever e publicar o romance que tenho planeado há anos.

A convite e por simpatia de Filipe Caetano participei no passado Sábado no programa "Combate de Blogs" da TVI24. Na mesa estavam questões referentes ao imposto especial criado sobre o joelho pelo governo Passos/Portas e a disputa interna da liderança do Partido Socialista.

Tive como interlocutores a Marta Rebelo do Blog de Esquerda que aproveitou o directo para informar que não é "propriamente apoiante de Francisco Assis" e que se situa "nos antípodas de António José Seguro" o que me deixou ficar na situação de lhe apresentar condolências pelo orfanato revelado. Fiquei sem saber em quem irá votar a ex-deputada do PS e como o voto é secreto morrerei com essa curiosidade por esclarecer. Não se faz ao barbeiro.
Do lado oposto da mesa esteve Duarte Lino do Cachimbo de Magritte que irá passar a integrar a equipa dos residentes do programa em substituição do combatente Miguel Morgado que, entretanto, partiu para outras guerras.

Sobre a primeira questão, a relacionada com o imposto extraordinário, não tive direito a pronunciar-me. Nada de grave, uma vez que centraria a minha atenção na necessidade de fazer política de forma decente e sobre o assunto já me referi aqui, neste meu espaço de reflexão.

Sobre a segunda questão, o novo ciclo do Partido Socialista, foi o Duarte que não teve direito a pronunciar-se embora nos últimos segundos tenha tido tempo de manifestar a sua discordância comigo e deixar ficar a ideia que essa discordância deveria tomar forma de Lei da República.

Filipe Caetano mandou-o escrever no Blog. Fez-me lembrar o recado que em tempos o José Magalhães deixou a Pacheco Pereira.

Quem não viu e ficou curioso, faça o favor de consultar o registo em vídeo que já está disponível aqui.
LNT
[0.249/2011]