quinta-feira, 5 de julho de 2012

E agora, Senhor Presidente?

Cavaco Silva - FigosVossa Excelência disse publicamente que tinha dúvidas constitucionais sobre a equidade das medidas aprovadas pela maioria CDS/PSD na Assembleia da República.

Disse, mas esqueceu-se que, para as esclarecer antes da promulgação, tinha de consultar o Tribunal Constitucional e esqueceu-se também que tinha feito o juramento que a Constituição determina:
"Juro por minha honra desempenhar fielmente as funções em que fico investido e defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa."
Estou ansioso por saber quais são as consequências da quebra de tão solene juramento.

Aproveitando, Senhor Presidente, peço-lhe que faça saber aos senhores jornalistas deste regime que o corte dos subsídios aos trabalhadores do Estado não decorre do memorando da Troika, mas sim do “mais além, custe o que custar” que este Governo entendeu aplicar para concretização da sua filosofia política.
É que eles enchem as televisões com a mesma propaganda que levou Vossa Excelência a promulgar uma Lei que admitia não estar conforme a CRP.
LNT
[0.334/2012]

O que nos desalenta

Sarko, Coelho e Merkel

Há coisas muito mais importantes do que andar por aqui a discutir se o Ministro Relvas é ou não equiparado a doutor da mula russa. O que não faltam são mulas dessas e também das outras que, tendo os anos, frequências e créditos todos, não o deixam de ser. (russas, pretas, ou brancas)

Passemos portanto a coisas muito mais importantes agora que já gastámos o subsídio de férias de 2012 num ápice e em inutilidades, antes mesmo de o termos recebido.

Reparei que o nosso Primeiro-ministro rapou o topete e perdeu aquele arzinho de menino manteigueiro que fazia com que Merkel tivesse ganas de o adoptar. Fez mal! Vê-se mais a careca, o que não é grande vantagem (por mim falo) e perdeu a metade da graça que tinha quando cumpria o tique de afastar a melena dos olhos.

Vivemos nesta angústia de o ver envelhecer a perder pêlo aos magotes sem termos recursos para lhe pagar uma viagem de ida para as lamas de rejuvenescimento na ex-Југославија, ou um transplante capilar.

É isto que nos arrelia e nos dá desalento.
LNT
[0.333/2012]

Já fui (in)feliz aqui [ MCXLVI ] (variante)

Passos Coelho
1 ano de Governo - Empobrecimento - Portugal
LNT
[0.332/2012]

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Porque fogem?

EstrelaCom meio País a discutir o caso da licenciatura de Relvas (manifesto exagero porque só a anda a discutir a meia–dúzia de pessoas do costume) neste portugalito de doutores e engenheiros, os governantes que ainda se atrevem a meter o seu longo nariz fora dos gabinetes fogem e fintam os seus governados que já não os aguardam de bibe e de bandeirinha, nem lhes dão vivas nem efeerreás.

A partir do dia em que Álvaro teve de mandar consertar a estrelinha que o guie, símbolo da potência europeia a que este governo presta vassalagem e a quem, em troca de uns beijinhos e do epíteto de bom aluno, se mordoma a sacrificar o bem-estar dos seus governados transformando-os numa subclasse europeia empobrecida, que os restantes governantes passaram a usar as portas das traseiras.

Agora foi a vez de Passos Coelho que, para se deslocar a uma multinacional alemã, usou a camuflagem e ordenou ao seu motorista que procurasse no GPS um caminho escuro para aparecer onde estavam as câmaras de televisão sem ter de se cruzar com aqueles que lhe pagam o carro, o motorista, o Google Maps, a gasolina e os disfarces matreiros. Não foi um Cavacal António Arroio, mas andou por lá perto.

Porque se esconde esta gente? Porque vive esta gente só na zona de conforto que aconselha os jovens a abandonar? Porque fogem ao povo os que anunciam que o povo está consigo? Do que (de quem) terão medo?
LNT
[0.331/2012]

segunda-feira, 2 de julho de 2012

As canas da barbearia

CanasA Barbearia fez-se canavial para que, com essas canas, se proteja dos patos bravos que sacaneiam este povo.

Como se sabe, todos os patos bravos são protegidos em Portugal.

Partindo dessa premissa e sabendo que os patos bravos se escondem nos canaviais e sabendo também que é voz popular de que a melhor protecção é a que mantém os inimigos debaixo de olho e à mão de semear, dispuseram-se as canas e afinaram-se os cartuchos.

A clientela habitual há-de ser bafejada, um destes dias, com uma arrozada.

Até lá recostem-se e fiquem a vê-los voar.
LNT
[0.329/2012]

Mais além

Escher Mobius
“O ir mais além é uma forma que Passos Coelho e Paulo Portas arranjaram para verem até onde podem ir.
Começa a ser tempo dos portugueses lhes dizerem que já foram longe demais.”
Moi même in FB
Enquanto que na Europa já quase todos entenderam que as medidas de austeridade impostas aos países mais frágeis têm de ser revistas por estarem a destruir o próprio conceito da Europa, em Portugal Passos Coelho e Paulo Portas consideram que o empobrecimento do seu povo é o desígnio nacional e que as medidas que nos foram impostas são curtas, insistindo em ir mais além do que internacionalmente nos é exigido.

O “além de” é um programa de retrocesso civilizacional, é uma obsessão pelo passado, é um aquém daquilo que a nossa História admite, é uma atitude política escondida cobardemente num memorando de resgate exigido pelos que agora o apregoam como herança para esconderem aquilo que pretenderam para Portugal quando inviabilizaram soluções alternativas.

Recebo pedidos de esclarecimento para o texto que aqui publiquei. Estranho, porque não vejo nele qualquer dúvida ou contradição. Nós, portugueses, vivemos em democracia há quase 40 anos. Não é muito, porque o período que a antecedeu formou gerações de conformados com a miséria e com a falta de liberdade. Fez-nos mansos, carne para canhão, submissos e “bons alunos”. Mas trinta e seis anos já é tempo suficiente para que entendamos que, sendo o voto o poder que temos na mão, ao abdicarmos de o exercer sujeitamo-nos a ser submetidos por minorias.

Nas últimas presidenciais e nas últimas legislativas o direito e o dever de voto não foram exercidos. Muitos dos que não se revêem no “mais além, custe o que custar” entregaram, por omissão, o poder a quem hoje o exerce e reclamam medidas. Alguns outros que se apressaram a provocar que Portugal tenha hoje o Presidente e o Governo que tem, organizam “esperas espontâneas” onde apupam os poderes que ajudaram a instalar, tentando manipular com as suas bandeiras um povo levado ao limite por quem entende, custe o que custar, que esse povo terá de pagar com a fome a fartura de quem o rouba.

Tal como disse no meu texto anterior este povo gosta de chorar sobre o leite derramado mas o leite já rareia e, à sua falta, as lágrimas irão secar. Os que continuam a não entender que já foram além demais e os que até agora orquestraram os apupos para tirarem proveito da terra queimada vão acabar por perder o controlo.

A Constituição que determina que o poder reside no Povo através do voto é a mesma que institui o direito de resistência quando não há poder público que defenda os direitos liberdades e garantias que essa Constituição consagra.

Foi isto que quis dizer anteriormente e espero ter-me feito agora entender.

É necessário que os poderes instituídos se façam ouvir e que impeçam a continuidade pela obsessão do miserabilismo que se prevê com o novo pacote de austeridade que já se anuncia (só falta dizer quando). A todos nós compete assumir, se necessário resistindo ao confisco e exigindo justiça e equidade, as responsabilidades que a liberdade determina para que continuemos a ser um povo digno, não espoliado nem manipulado.
LNT
[0.328/2012]

Já fui feliz aqui [ MCXLIV ]

Encerramento das CCTM
Comemorações do Centenário de Tito de Morais - Lisboa - Portugal
LNT
[0.327/2012]