segunda-feira, 30 de junho de 2014

Uma tribo política que se agrega por emoções

Parque Eduardo VIIO que Correia de Campos não explica, ou porque não sabe, ou porque quer fingir que não sabe, ou porque gosta de dissimular, ou porque, pura e simplesmente faz parte de uma tribo política que se agregou por emoções, é que não é possível fazer uma afirmação com o teor "A situação é muito clara: uma forte maioria sociológica aspira por Costa, dentro e fora do partido" sem que tenha havido sufrágio que o confirme.

Pelo contrário, todos os sufrágios, internos e externos até hoje realizados comprovam que Seguro tem uma sólida maioria sociológica (e não só).

. Ficou claro quando Assis, de que Correia de Campos foi apoiante, foi concorrente à liderança do PS e se quedou pelos 32.02%(Seguro foi eleito secretário-geral do PS com 23.903 votos, correspondentes a 67,98%, contra 11.257 de Francisco Assis, correspondentes a 32,02%);

. Ficou claro quando, há um ano, Seguro se candidatou pela segunda vez ao cargo de SG e quase não teve oposição;

. Ficou claro quando Seguro liderou o processo autárquico e venceu as eleições recuperando um eleitorado que tinha sido perdido pela direcção anterior do PS. Para além do mais recuperou também a presidência do Conselho Directivo da Associação Nacional de Municípios Portugueses e da Associação Nacional de Freguesias (de que lamentavelmente há a assinalar a morte de Joaquim Cândido Moreira);

. Ficou claro quando Seguro liderou o processo para o Parlamento Europeu e venceu, recuperando a primeira posição antes perdida pela direcção cessante do PS. (eleições em que toda a direita obteve uma das suas maiores derrotas de sempre).

O que Correia de Campos não explica é que os tais “comentadores e fazedores de opinião” que ele refere são Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes, Sousa Tavares e comp.ª que são a “direita” representada na comunicação social e que a “esquerda” e a “mais ou menos” lá representada pelos da Quadratura do Círculo e por aqueles cómicos do Eixo do Mal, além de outros avulsos como o próprio Correia de Campos, são praticamente todos apoiantes de Costa.

O que Correia de Campos não explica é no que consiste a blindagem dos Estatutos do Partido Socialista. Limita-se a usar o chavão para que fique no ouvido e pareça verdade, para além de parecer que os Estatutos não foram revistos por uma maioria qualificada de militantes do Partido Socialista (a quem ele chama “complacentes” ou “distraídos”)

Decididamente é preciso honradez, embora não pareça necessária a quem nas tribunas na comunicação social se apresenta como equidistante, mesmo desrespeitando os votos e a vontade dos militantes do Partido a que pertence.
LNT
[0.272/2014]

O barbeiro [ XIV ]

O BarbeiroAntónio entrou apressado porque tinha muitos compromissos agendados e deu uma palmada nas costas do Sr. Luís ao mesmo tempo que, de rajada:

- Vê lá se te despachas, pá, que tenho uma pressa dos diabos e não tenho a tua vida de barbeiro. A minha exige muita movimentação para arregimentar um número diverso de apoios capazes de me libertarem do núcleo que me tenta aprisionar.

António e Luís conheciam-se há décadas. Como todos os verdadeiros amigos nem sempre estiveram de acordo e, mesmo quando de lados contrários da barricada, nunca deixaram confundir a sua amizade com as opções de cada um. Desta vez a coisa era mais difícil porque, diferente de agora, António sempre tinha discordado do Sr. Luís em defesa de segundos figurões.

- Vamos lá à função, António, que já sabes que daqui não sais com um pelo fora do sítio. Acomoda-te como te acomodaste com a declaração de alguns fundadores. Tens sorte de já restarem poucos, infelizmente, o que faz parecer que quem fundou a coisa está maioritariamente contigo, mas aqui para nós que ninguém nos ouve, deixa ficar grandes dúvidas porque quase todos sempre respeitaram as regras que fundaram para que a coisa não fosse anárquica e nunca conduziram um putsch como o que está em curso. É verdade que muitos deles elegeram e foram eleitos de um lado ou de outro, que quase todos se baterem sempre com lealdade e fizeram-no de acordo com os tempos próprios, com processos eleitorais agendados e nunca em afronta ao poder democraticamente instituído. Vivemos outros tempos, sei, mas o que queres? sou mais velho do que tu e não deixo de ter estas referências como guia de vida.

António sempre calmo, com aquela calma que o caracterizava desde a conquista da JS e da FAUL e que nunca o inibiu de fazer o que sempre achou ser necessário fazer para atingir os seus fins, respondeu com o seu sorriso: - Lá estás tu com os pruídos de sempre, escrúpulos que nunca te deixaram ir além da função que exerces. O caminho é estreito, meu caro, e por ele só passa um de cada vez. E agora é a minha vez. Foi-me anunciado, percebes?

E para rematar: - É pá, acaba lá com isso que já estás a exagerar no desbaste.

O barbeiro foi buscar a escova que passou para a mão de António com um: - Vê lá se te limpas, pá e vai-te à vida que por aqui fico a ver – te escangalhar o que tanto trabalho deu a construir.

Abriu-lhe a porta de saída do ar condicionado e com um aceno de velhas camaradagens despediu-se com um “espero que o nosso próximo encontro seja mais confluente”.
LNT
[0.271/2014]
Imagem: http://www.gutenberg.org/

Barbering Books [ XX ]

Barbering Booksque poder de ensino o destas coisas quando em idioma:
um copo de água agreste plenamente na mesa, só em linguagem o copo me inebria
– placa de gelo em que lóbulos do cérebro? –
e exalta-me a transparência, porque fora, sob administração geral:
ciência, literatura, economia, gramática,
nada, nenhum copo, nenhuma água na mesa,
me fazem sangrar a ferida essencial, ou mover-me às cegas e às avessas até ao último reduto;
só antes, por trás, depois,
à frente, eu sinto que a membrana de vidro, reservando uma pouca
de água miraculadamente do caos dos dicionários,
me despedaça como primeira palavra,
não apenas os dedos, mas dedos e memória, devotação de vida;
a lição do nome que não tem Deus, e de que o nosso nome diminuto se aproxima;
basta aquela água delgada enquanto algures ceifam na terra, edificam;
água colhida no verbo copo ou em Deus advérbio de modo,
e há um nó interno requeimado, um nó semântico, e um calafrio trespassa a bic preta,
e em nativo escrevo a música de ouvido,
e o ar que está por cima enche todo o caderno,
e equilibram-se o copo sobre a toalha, transparência, plano de água,
e dedos e papel e script e trémula superfície da memória, tudo passado a multíplice e ardente
Herberto Helder
Faca não corta o fogo

LNT
[0.270/2014]

Já fui feliz aqui [ MCDXXXIV ]

LNT
Furnas do Guincho - Cascais - Portugal
LNT
[0.269/2014]

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Estou contigo, Costa, pá!

Magritte"Havia coisas em que o PS devia ter-se demarcado do nosso último governo, que cometeu naturalmente erros"

Havia coisas boas - como aquelas de reconstruir escolas que estavam um chiqueiro – e coisas más – como aquelas outras de se terem apetrechado essas escolas com equipamentos de ar condicionado tão potentes que as escolas não dispunham de orçamento para os pôr a funcionar.

Havia coisas boas – como aquelas de acabar autoestradas inacabadas – e coisas más – como aquelas outras de enterrar milhões nos caboucos de autoestradas paralelas às que se acabavam de construir.

Havia coisas boas – como aquelas de apoiar Manuel Alegre numa segunda campanha presidencial – e coisas más - como aquelas outras de ter permitido que numa primeira campanha presidencial se tivesse entregado o poder a Cavaco por se ter preferido dividir os votos socialistas.

Havia coisas boas – como aquelas de arrancar com uma reforma do Estado através de um bem desenhado PRACE – e coisas más – como aquelas outras de ter abandonado a meio essa reforma não resistindo aos lobbies existentes na Administração Pública e se ter metido, pela primeira vez, a mão no bolso dos funcionários do Estado para compensar esse abandono.

Havia coisas boas – como aquelas de corrigir os abusos e desleixos que existiam na educação e na justiça – e coisas más – como aquelas outras que só serviram para denegrir e desautorizar os professores e os magistrados.

Havia coisas boas – como aquelas de evitar que o assalto do BPN se transformasse num estoiro colossal da banca portuguesa e no prejuízo dos seus depositantes – e coisas más – como aquelas outras de não se ter nacionalizado todo o grupo para evitar que se tivesse de ir buscar o dinheiro roubado aos bolsos dos contribuintes em vez de o ir recuperar aos bolsos de quem o tinha roubado.

Havia muitas outras coisas boas e muitas outras coisas más. Mas calaste-as durante três anos, Costa, porreiro, pá! O que foi pena porque: "Havia coisas em que o PS devia ter-se demarcado do nosso último governo, que cometeu naturalmente erros", e tu eras Presidente da Câmara de Lisboa, dirigente do PS, membro de todos os órgãos superiores do Partido Socialista, construtor da Quadratura do Círculo e mais um monte de coisas e nunca ninguém te viu a demarcar delas.
LNT
[0.268/2014]

Barbering Books [ XIX ]

Barbering BooksPorque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner Andersen
Porque - Mar Novo

LNT
[0.267/2014]

O barbeiro [ XIII ]

O BarbeiroVisivelmente bem-disposto e com as baterias carregadas pelo sopro de mar do dia anterior, o Sr. Luís recebeu Janita à porta. Desta vez nem para um cafoné era, somente uma conversa de pé de orelha, como costumavam dizer os clientes do Ipiranga retornados do saudoso campeonato do Mundo.

- Olá Sr. Luís, soube que ontem andou por bandas da margem direita onde confluem águas bravas, mar sem fim, a rapaziada da Quinta da Marinha e as conspirações novas-ricas do Porto de Santa Maria.

- Bem-vinda Senhora Dona Janita. Em primeiro lugar um agradecimento à bondade que me dispensou no seu Cantinho. Trouxe-lhe um pé de erva-príncipe para um chazinho. - Dito isto o barbeiro desapareceu por uns instantes para ressurgir com dois copos altos cheios de chá frio temperado com uma gota de Gin. – Isto é um refresco bom para a azia e estou a pensar comercializá-lo num boteco de que sou sócio ali para os lados do Convento das Trinas. Além do mais é uma mezinha analgésica, antidepressiva e antibacteriana e combate a transpiração e o pé-de-atleta o que a transforma numa janela de oportunidades naquela zona.

- Bem precisa deve ser por lá, Sr. Luís, mas deixemos de lado as negociatas futuras que o tempo é de encher os pulmões e vem aí um fim-de-semana perfumado com as sardinhas em fim de Santos e com os odores expelidos pelas Damas da Noite que já fazem antever as caipirinhas no Maré Alta, os figos com presunto e mel na Noélia e as tiras de choco frito do Pedro de Cabanas. Conte-me lá o que espera deste Verão.

- Vai ser coisa calma, amiga Janita. Entre o calça-descalça do barco para a ilha, o empurra-não empurra do passadiço para a praia, o chega-e-parte dos familiares que vão estar só uns dias, o espera-não espera para arrefecer a casa de banho do duche anterior, o mói-não mói do gelo das caipiroskas e gins que antecedem o jantar, o talha-não talha das maioneses que acompanham os coze-não cozas demasiado as gambas da dona Margarida e o parte-não parte as unhas e o corta-não corta as mãos nas cascas das ostras que teimam em não ser vendidas já abertas e com limão, vai ser coisa mansa (nunca consigo pronunciar esta palavra sem me lembrar dele). Afinal haverá sempre tempo para descansar das férias e, como se prevê que o Verão irá ser propício para que o Governo ponha na mesa a sopa dos pobres que anda a cozinhar, haverá também tempo para o retorno à (a)normalidade.

A conversa ia boa e a efusão relaxante já fazia efeito quando Janita se levantou para regressar à sua loja. - Tenho de ir. Bom fim-de semana Sr. Luís, descanse que isto, para a semana, promete.
LNT
[0.266/2014]
Imagem: http://www.gutenberg.org/

quarta-feira, 25 de junho de 2014

O barbeiro [ XII ]

O BarbeiroAproveitando o facto de amanhã ser dia de comemorações de nascimento, o barbeiro virou a tabuleta de “fechado para descanso do pessoal” e atirou-se às tarefas de desinfecção e esterilização dos utensílios com que trabalha os seus clientes.

Os primeiros a caírem no caldeirão em ebulição foram as toalhinhas quentes. Seguiram-se, nos tachos mais pequenos, os pentes, as navalhas, as lâminas, as tesouras e as redes de protecção da máquina zero. Finalmente, no pote maior, deixou ferver as toalhas de rosto, os babetes de pescoço e as jaquetas de mestre.

Enquanto tudo se desinfectava, o barbeiro, com os seus botões, meditava em como teria sido mais limpo e curial se, quando Sócrates se demitiu e se abriu o processo de sucessão, Seguro tivesse assumido o que dele fez Secretário-geral, isto é, se se tivesse deixado de rodriguinhos e de punhos de renda e tivesse dito aquilo que todos o que o apoiavam pensavam e se Costa não se tivesse deixado ficar na mândria a ver no que as coisas davam e, em vez de Assis, tivesse assumido aquilo que agora acha dever assumir.

Mesmo que não tivesse sido nessa altura, porque a “narrativa” ainda se podia confundir com as falácias que os adversários externos tinham usado para se imporem ao País com uma maioria absoluta, deveria ter sido naquela segunda altura, há um ano, que tudo deveria ter ficado mais claro se cada um tivesse tido a responsabilidade de assumir, como suas, todas as benfeitorias e malfeitorias que herdaram, mas assim não foi (ah o pensamento do barbeiro a fugir para os “juízos de intenção” e a levarem-no para as teorias de que nessa altura ainda havia muito caminho para caminhar e muito voto escorregadio que não garantia que o caminho caminhado já perspectivava uma chegada à meta. Afinal Guterres ainda só andava pelos refugiados, afinal a mágoa portuguesa ainda podia não estar curada, afinal as vitórias que tinham sido antecedidas de derrotas ainda se mediam pela bitola de vitórias-vitórias e não pela bitola de vitórias-de-Pirro.)

Estava o barbeiro nisto quando, meio amargurado por ver a vida a andar para trás numa altura de balanços e acrescentos aos anos que já lhe pesavam, deu por esgotado o tempo de fervura em que tinha os seus preparos.

Arrumados os utensílios para depois de um dia para o outro ficar mais velho, aferrolhou a porta e, sem olhar para trás, foi à vida que tinha lá fora.
LNT
[0.264/2014]
Imagem: http://www.gutenberg.org/

Maria João Rodrigues

Maria João RodriguesHá aproximadamente um mês fomos chamados a exercer o direito de escolha dos representantes portugueses no Parlamento Europeu. O Partido Socialista apresentou a melhor e mais categorizada lista, assim entendido pelos lusos que a sancionaram maioritariamente. (Aqueles que se deram ao trabalho de perceber a importância destas eleições e não se perderam em apreciações desviantes, nem em brincadeiras de redução de votos).

Infelizmente, apesar do bom resultado português, nem todos os candidatos necessários para reforçar o S&D foram eleitos o que contribuiu para que o Grupo Europeu se ficasse pelo segundo lugar, sendo mais difícil implementar o projecto Europe - a call for change, tendo ficado Martin Schulz somente como Presidente do Grupo Parlamentar, e se inviabilizasse a visão de retorno aos princípios de freedom, equality, solidarity, diversity and fairness que, traduzido, coincidem com os Princípios que, desde sempre, orientam os socialistas portugueses.

Chorou-se no fim da contagem de votos portugueses que a vitória de tudo isto foi insuficiente, mesmo tendo-se partido de uma derrota maior e apesar de uma minoria de socialistas, que se deveriam ter envolvido incondicionalmente para eleger a sua lista e reforçar o Grupo Parlamentar Europeu S&D, se tivessem perdido em apreciações que promoveram a abstenção ou o desvio de esforços para aventuras inconsequentes destinadas a abrir caminho para projectos que nada tinham a ver com o propósito das eleições europeias.

Ainda assim, o contributo português reforçou a equipa nacional no S&D e foi um dos melhores resultados nacionais conseguidos nos 28 países que elegeram deputados europeus.

Esse reconhecimento, o da qualidade dos deputados portugueses e o da quantidade de deputados eleitos, acaba de ser reconhecido pela nova direcção do S&D e temos a honra de contar com uma Vice-presidente, Maria João Rodrigues, o que prestigia o Partido Socialista e reforça a voz portuguesa na Europa.

Quando no dia 1 de Julho se reunir, em Estrasburgo, o novo Parlamento Europeu, a direcção do maior Partido da oposição à linha liberal que tem governado a Europa na última década, passará a contar com uma voz de defesa dos direitos dos portugueses que contrabalançará as teorias de que só nos resta estar na Europa na condição de bons alunos.
"We must not delay a process which the people of Europe have voted on. Jean-Claude Juncker should be given a mandate to find a majority in the European Parliament, with a clear commitment from all democratic groups.

"However, our Group will only support a Commission president who is ready to take on the big challenges in the EU: ending austerity, tackling unemployment – especially among the young – curbing the rise in poverty and social exclusion, beating the tax cheats and making Europe competitive with more investment, modernised infrastructure and a more flexible interpretation of the Stability and Growth Pact."

“It is time to start working on the Europe of tomorrow we all need."
LNT
[0.263/2014]

Já fui feliz aqui [ MCDXXXII ]

Enguias Murtosa
Enguias à Murtosa - Por aí - Portugal
LNT
[0.262/2014]

terça-feira, 24 de junho de 2014

Sonhos portugueses

TAP INEM
LNT
[0.261/2014]

Escolas

Tito de Morais, Luis Novaes TitoUma das minhas referências políticas sempre foi Manuel Tito de Morais. Homem prosseguido pelo anterior regime, preso, torturado, maltratado, exilado, resistente sempre.

Homem de convicções fortes, socialista de sempre, fundador na clandestinidade de diversos movimentos políticos, fundador da ASP e do Partido Socialista, fundador do Portugal Socialista, construtor do PS (por extenso) depois da liberdade, resistente sempre.

Foi seu parceiro sempre. No Partido que ajudei a implementar na sociedade portuguesa. Na Secretaria de Estado do Emprego, na Secretaria de Estado da População e Emprego, na Presidência da Assembleia da República, nas lutas ao lado e contra Mário Soares. Resistindo sempre.

E mesmo quando com ele não estive política e pontualmente, estive com ele sempre, com a sua escola de coerência a que Almeida Santos gosta de chamar teimosia.

Com Tito de Morais aprendi a resistir, mesmo – se necessário - com sofrimento físico, na defesa dos meus princípios. Com ele aprendi que um eleito que cumpre as suas promessas nunca se deve demitir porque tem obrigação de respeitar os votos que recebeu.

Com Tito de Morais reaprendi o que já tinha aprendido em casa com a minha Mãe, com os meus Avós, com uma família que é portuguesa há tanto tempo como aquele que a própria Nação tem.

Lá estarei no jantar do dia 30 para recordar mais uma vez o seu exemplo, a sua escola, a sua resistência.
LNT
[0.260/2014]

Barbering Books [ XVIII ]

Barbering BooksO homem abriu o envelope do Manuel e retirou de lá o passaporte falsificado e três camisas de vénus. Colocando estas à esquerda do copo, pensou: “Se o gajo tivesse feito trabalho duvidoso não se punha a gozar”. Guardou o passaporte no bolso interior direito do casaco. E nesse instante viu que um vulto se detinha em frente dele. Levantou a vista e deu com ela nas olheiras do Henrique.

“Tivarich Tchaikowsky”, disse-lhe o homem. “Sente-se. O que toma?” Continuava contente. O Henrique sentou-se, com os olhos ferrados nas camisas de vénus.

“Não tomo nada”, disse o Henrique. “Você arranjou abrigo?”

Uma grande voz gritou perto da mesa deles:

“Ó patrão, não há direito que você sirva melhor a clientela bem arreada. Olha os tremoços que ele dá a quem veste fino”. Era um guarda-fios enorme, a suar em bica. Estacara à porta da Rua da Escola Politécnica e apontava as camisas de vénus a toda a tasca.

“É servido?”, perguntou o homem pegando num desses objectos.

“Não cabe nos postes”, disse o guarda-fios. “E a patroa trabalha sem rede. Bom proveito”.

“Por que raio é que você escolheu este sítio?” perguntou o Henrique. O homem guardou os preservativos no bolso exterior esquerdo do casaco coçado.

“Por causa dos lustres”, explicou, apontando os seres alados empunhando candelabros de três lâmpadas, um de cada lado da porta com bandeiras de vidro verde. “Esta é a única tasca de Lisboa que tem cúpidas. Pensei que isso talvez nos desse sorte”.

Nuno Bragança
Directa

LNT
[0.259/2014]

Já fui feliz aqui [ MCDXXXI ]

Salsichas com couves lombarda
Salsichas com couve lombarda - Por aí - Portugal
LNT
[0.258/2014]