domingo, 15 de novembro de 2015

La Palice

 Sim, é verdade que sentimos mais como nosso o terrorismo em Paris do que em Beirute. Sim, é verdade, que ficamos mais em choque com o terrorismo na Europa ou na América do norte do que com o terrorismo na Etiópia.

Não, não é verdade, que nos seja indiferente o terrorismo em Beirute ou na Etiópia. Não, não é verdade, que esse terrorismo seja para nós menos terrorismo por o ser em Países pobres ou longínquos e nem sequer é verdade que esse terrorismo nos pareça menos mau por ser feito por nacionais ou amigos desses próprios Países.

E isto é tão verdade como termos um amigo ou familiar em risco e conseguirmos distinguir essa dor da que nos provoca o risco de alguém que não conhecemos. É tão verdade como passarmos por uma capela mortuária a caminho de outra onde está alguém que estimámos e não sentirmos igual dor por um morto ou pelo outro.

No entanto terrorismo é sempre cobardia, ódio, intolerância, fanatismo e desumanidade. Não vale a pena tentar amaciar-lhe esse rancor nem é possível pactuar com quem o tenta justificar.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.293/2015]

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Da ignorância

CoelhoNada tenho contra Passos e Portas andarem em campanha eleitoral. É um direito que lhes assiste e, caso haja eleições legislativas lá para meados de 2016 como estou convencido que haverá e até aceito apostas, nem sequer começaram a campanha muito cedo.

O que se pede a Passos Coelho é que, ao lembrar a História da nossa democracia, não cometa erros tão crassos como aqueles que lhe acabei de ouvir num extracto directo na SICn onde ele afirmava que, em 1985, Mário Soares então Presidente da República (em 1985 o PR era Ramalho Eanes) deu posse ao primeiro governo de Cavaco Silva (o que evidentemente não podia), misturando com esse tempo a razão que levou Mário Soares, em 1987, a dissolver a Assembleia da República e a convocar eleições (de onde saiu o primeiro Governo maioritário de Cavaco Silva).

A ignorância é um direito mas exibi-la desta forma é, no mínimo para um Primeiro-Ministro – ainda que só em funções de gestão, muito pouco abonatório.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.291/2015]

Actos estritamente necessários

TAP PaF

domingo, 8 de novembro de 2015

Inequivocamente e muito claro

BengalasPara que fique muito claro, como costuma dizer António Costa, as eleições primárias foram para designação do candidato do Partido Socialista a Primeiro-ministro.

O que foi inequivocamente afirmado pela imensa maioria dos portugueses, como costuma dizer António Costa, foi que os eleitores não quiseram que esse candidato a Primeiro-ministro se fizesse o chefe do Governo, senão teriam posto o PS em primeiro lugar nas eleições.

É nesta clivagem, como costuma dizer António Costa, que reside a diferença entre a consciência de Costa e a minha própria. Nada tenho contra, antes pelo contrário, a uma convergência séria à esquerda, tenho muito contra que ela se faça com estes resultados eleitorais em que António Costa perdeu vergonhosamente umas eleições depois de quatro anos de martírio desta direita. Uma questão de coerência.

E também:

A partir de agora não haverá qualquer Partido que fique isento de responder, em campanha eleitoral, à questão sobre as suas alianças no caso de não obter maioria absoluta.

Ninguém vai poder escusar-se a dar essa resposta (com a desculpa de que está orientado só para a obtenção de uma maioria absoluta) e ninguém poderá vir, a posteriori, dizer que essa resposta já tinha sido dada em momentos diferentes ou por outras palavras.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.288/2015]

sábado, 7 de novembro de 2015

Da coerência e das premissas

Gunter GrassAgora que o “Arco da Governação” acabou, o PS prepara-se para governar substituindo o Governo PSD/PP. Se a vida fosse feita de coerências era uma monotonia.

Enquanto se aguarda o conhecimento dos conteúdos dos três acordos à esquerda para satisfazer as condições que o actual Presidente da República exigiu, reúnem-se este fim-de-semana, em separado, os estados-maiores dos quatro Partidos para validarem o que cada um deles entende por um acordo sustentável para a legislatura.

No princípio da semana tudo tem de estar consolidado, condição desde sempre exigida pelo Partido Socialista para que possa apresentar a quarta moção de rejeição ao Programa do Governo do PàF. E, como é de coerência que se fala, António Costa reafirma para quem quiser ouvir que sem acordos de papel passado que sustentem um compromisso para a legislatura o PS não viabilizará qualquer moção de rejeição dando o dito por não dito que há praticamente um mês foi comunicar no Palácio de Belém.

Uma coisa, a única, é neste momento certa.

Todas as conclusões têm de ter em consideração as premissas e as premissas de hoje não são obrigatoriamente as do dia seguinte às eleições presidenciais sendo por isso irrelevante a pretensão de um acordo para a legislatura.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.287/2015]