quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

O quarto Rei Mago


Como ainda não é em 2015 que voltará o famoso concurso de Natal da barbearia, aqui fica um musical natalício bem ao jeito desta loja, onde nem sequer faltam os instrumentos que por cá se usam.

Boas-Festas, se poderem.

LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.303/2015]

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O pin do “chefe do governo”

Passos Coelho PinPedro Passos Coelho, líder da oposição, subiu ontem à tribuna dos deputados para frisar que se continua a julgar o único possível Primeiro-ministro uma vez que é o chefe do Partido mais votado e que nunca lhe passou pela cabeça que essa condição poderia não ser suficiente para se manter no cargo que ocupou nos últimos quatro anos e tal.

Foi exactamente a incapacidade de entender que tinha perdido a maioria absoluta nas eleições de 4 de Outubro que o fez ignorar a negociação a que ficava sujeito para se fazer sucessor de si mesmo e que não lhe bastaria a bênção presidencial e o abraço de urso do seu ex-vice-PM para poder meter a democracia na gaveta.

Mas a democracia já o chamou à razão duas vezes (a ele, ao seu ex-vice e ao seu patrono) dizendo-lhes que não o queria - uma vez na rejeição que a AR aprovou e, ontem, na rejeição que a AR lhe chumbou - mas insiste em não compreender que os cidadãos elegem deputados e que são eles que dão assentimento às nomeações que o Presidente da República entende fazer para a liderança do Governo.

Até que volte a ter uma maioria de deputados que lhe dêem esse poder, Passos bem poderá guardar o pin que continua a ostentar na lapela e passar a tratar por Primeiro-ministro o Primeiro-ministro agora investido no pleno exercício de funções, porque a figurinha que está a fazer só serve para lembrar aquela que outro, antes dele e da democracia, já fez quando entrou em negação ao saber que tinha Caetano como Presidente do Conselho de Ministros.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.302/2015]

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Portas “o Fofinho”

Oliveira Figueira Forever Friends
“Ficam escolhidos hoje os seu BFF”, disse Portas para António Costa. “Catarina é best friend de António, António é best friend de Jerónimo, Jerónimo – e só isso não é novo – é best friend de Eloísa.” A esquerda protestava, a direita ria e aplaudia. LOL

Paulo Portas, o mais fofinho de todos os fofos de Belas, o mais velho charlatão e vendedor de banha da cobra dos políticos portugueses, o mais balelas de todos os Oliveira da Figueira que Hergé poderia ter criado num improvável episódio do Tintin, passou-se à oposição dois anos e tal após se ter feito revogavelmente irrevogável e subiu à tribuna para representar o papel ressabiado que lhe está destinado.

Portas, prenhe dos sound-bites que há anos o emprenham, vestiu a fatiota da irrelevância que o faz estar num Parlamento democrático às cavalitas de uma coligação PàF onde os seus votos não diferem no peso daqueles onde se encavalitou e usou da jactância cínica, mas fofinha e adocicada dos ursinhos “Forever Friend”, para catalogar o que os seus “inconseguimentos” (e os do seu parceiro galhofeiro) não obtiveram no jogo da democracia.

Habituado a ser charlatão (ele próprio se reconhece como a personagem da banda desenhada que representa o vendedor da banha-da-cobra das feiras saloias) trapaçou do palanque e fez ir às lágrimas o seu público que desta vez não tinha mordomias para lhe oferecer em troca da comédia . Confundiu a condição de tribuno com a de entertainer com a mesma lábia com que esconde a careca no cabelo comprido que saca das orelhas.

Usando a metáfora que ontem se usou no início do debate sobre o Programa do XXI Governo, Portas ficará para a História com o cognome do Fofinho.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.301/2015]

domingo, 29 de novembro de 2015

Je ne suis pas

Ron MueckNão sou homem para tapar a cara com uma qualquer bandeira quando um anormal terrorista decide despejar a sua anormalidade em chumbo ou explosivos.

Nem sequer sou homem para um “je suis” qualquer coisa, porque Je suis moi même, coisa adquirida por berço e por muita formação e informação já sem cueiros.

Recuso, sempre, expressões do tipo “não aceito lições de ninguém” porque aceito lições de alguém dado não me julgar mais do que aquilo que sou e por ter sempre dúvidas razoáveis reconhecendo que, por vezes, me engano (todas as vezes que forem precisas).

Talvez por todas estas coisas e sujeito a mais uma vez estar a errar (o que me fará aprender de novo), olho com a maior desconfiança para as vitórias que os animalescos terroristas conseguem, quando vejo os gorilas, de preto, soltos nas ruas de Paris a interceptar e agredir a liberdade dos cidadãos usando as máscaras, os lacrimogéneos, os bastões e todas as outras armas que lhes foram confiadas para defenderem as liberdades desses mesmos cidadãos.

O terrorismo, venha de onde vier, vai fazendo o seu caminho que só será barrado pelo nosso antiterrorismo e pela nossa vontade de nunca nos rendermos.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.300/2015]

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Foram precisos cinquenta e três dias

Posse XXI Governo

Só me é possível desejar ao XXI Governo Constitucional de António Costa o melhor sucesso.

Esse sucesso será a alavanca da nossa melhoria de vida e do retorno a um ciclo de normalidade onde as pessoas que se queixem das condições que lhe são impostas não sejam considerados piegas mas sim cidadãos a quem é necessário dar voz e proporcionar uma vida melhor.

Esse sucesso será também a vitória dos nossos jovens que passarão a ser olhados como riqueza do nosso País e não como carne de canhão para desenvolvimento dos outros Países.

Esse sucesso passa pela normalidade da vida dos cidadãos onde o trabalho volte a ser um bem maior e onde o desemprego tenha uma luta dirigida em vez de ser considerado como um efeito colateral de uma economia neoliberal.

Quem me lê sabe que não sou propriamente um crente da solução conseguida. Penso que, em situação normal, deveríamos estar perante um poder executivo diferente com uma oposição forte para o condicionar. Mas isto não foi uma situação normal por diversas razões, entre elas a incapacidade de os ganhadores das últimas eleições não terem tido o bom senso de conseguir um assentimento mínimo de sustentabilidade.

Agora resta a esperança, o que já não é pouco dada a sua falta nos últimos quase cinco anos.

Resta a exigência, que se espera sempre maior àqueles que nos são mais próximos do que aos de quem já nada se espera.

Boa sorte para todos nós.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.299/2015]

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Aos figos

Cavaco aos figosCinquenta dias depois de Cavaco ter percebido que afinal nem todos os cenários que traçou se podiam concretizar, o Presidente eleito pela menor maioria de sempre exigiu seis esclarecimentos que nada esclareçam e que ele nunca poderá atestar porque já não estará na Presidência para o fazer.

Se Costa lhe tivesse escrito uma carta de amor, ridícula como são todas, ficaria Sua Excelência tão ridiculamente esclarecido como já é ridículo o papel que anda a fazer.

Mas há aqui uma artimanha que parece estar a passar ao lado de todos os que nunca aprenderam a apanhar figos no Algarve.

Cavaco quer deixar uma papel assinado por Costa que permita ao próximo Presidente da República dissolver a Assembleia da República, no caso de se conseguir suceder por quem ele entende que o sucederá.

O Presidente que no seu discurso de vitória fez saber que só seria presidente de quem o apoiou, pretende agora deixar um testamento político que permita ao seu sucessor fazer aquilo que ele próprio não fez (por sua vontade ao deixar que as legislativas só se realizassem quando já não estivesse no pleno poder das suas competências).

Um dia há-de dizer, como ele sempre gosta de fazer, que bem avisou. Uma prática que usou em todos os tempos em que preferiu “avisar” do que fazer.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.296/2015]

domingo, 15 de novembro de 2015

La Palice

 Sim, é verdade que sentimos mais como nosso o terrorismo em Paris do que em Beirute. Sim, é verdade, que ficamos mais em choque com o terrorismo na Europa ou na América do norte do que com o terrorismo na Etiópia.

Não, não é verdade, que nos seja indiferente o terrorismo em Beirute ou na Etiópia. Não, não é verdade, que esse terrorismo seja para nós menos terrorismo por o ser em Países pobres ou longínquos e nem sequer é verdade que esse terrorismo nos pareça menos mau por ser feito por nacionais ou amigos desses próprios Países.

E isto é tão verdade como termos um amigo ou familiar em risco e conseguirmos distinguir essa dor da que nos provoca o risco de alguém que não conhecemos. É tão verdade como passarmos por uma capela mortuária a caminho de outra onde está alguém que estimámos e não sentirmos igual dor por um morto ou pelo outro.

No entanto terrorismo é sempre cobardia, ódio, intolerância, fanatismo e desumanidade. Não vale a pena tentar amaciar-lhe esse rancor nem é possível pactuar com quem o tenta justificar.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.293/2015]

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Da ignorância

CoelhoNada tenho contra Passos e Portas andarem em campanha eleitoral. É um direito que lhes assiste e, caso haja eleições legislativas lá para meados de 2016 como estou convencido que haverá e até aceito apostas, nem sequer começaram a campanha muito cedo.

O que se pede a Passos Coelho é que, ao lembrar a História da nossa democracia, não cometa erros tão crassos como aqueles que lhe acabei de ouvir num extracto directo na SICn onde ele afirmava que, em 1985, Mário Soares então Presidente da República (em 1985 o PR era Ramalho Eanes) deu posse ao primeiro governo de Cavaco Silva (o que evidentemente não podia), misturando com esse tempo a razão que levou Mário Soares, em 1987, a dissolver a Assembleia da República e a convocar eleições (de onde saiu o primeiro Governo maioritário de Cavaco Silva).

A ignorância é um direito mas exibi-la desta forma é, no mínimo para um Primeiro-Ministro – ainda que só em funções de gestão, muito pouco abonatório.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.291/2015]

Actos estritamente necessários

TAP PaF

domingo, 8 de novembro de 2015

Inequivocamente e muito claro

BengalasPara que fique muito claro, como costuma dizer António Costa, as eleições primárias foram para designação do candidato do Partido Socialista a Primeiro-ministro.

O que foi inequivocamente afirmado pela imensa maioria dos portugueses, como costuma dizer António Costa, foi que os eleitores não quiseram que esse candidato a Primeiro-ministro se fizesse o chefe do Governo, senão teriam posto o PS em primeiro lugar nas eleições.

É nesta clivagem, como costuma dizer António Costa, que reside a diferença entre a consciência de Costa e a minha própria. Nada tenho contra, antes pelo contrário, a uma convergência séria à esquerda, tenho muito contra que ela se faça com estes resultados eleitorais em que António Costa perdeu vergonhosamente umas eleições depois de quatro anos de martírio desta direita. Uma questão de coerência.

E também:

A partir de agora não haverá qualquer Partido que fique isento de responder, em campanha eleitoral, à questão sobre as suas alianças no caso de não obter maioria absoluta.

Ninguém vai poder escusar-se a dar essa resposta (com a desculpa de que está orientado só para a obtenção de uma maioria absoluta) e ninguém poderá vir, a posteriori, dizer que essa resposta já tinha sido dada em momentos diferentes ou por outras palavras.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.288/2015]

sábado, 7 de novembro de 2015

Da coerência e das premissas

Gunter GrassAgora que o “Arco da Governação” acabou, o PS prepara-se para governar substituindo o Governo PSD/PP. Se a vida fosse feita de coerências era uma monotonia.

Enquanto se aguarda o conhecimento dos conteúdos dos três acordos à esquerda para satisfazer as condições que o actual Presidente da República exigiu, reúnem-se este fim-de-semana, em separado, os estados-maiores dos quatro Partidos para validarem o que cada um deles entende por um acordo sustentável para a legislatura.

No princípio da semana tudo tem de estar consolidado, condição desde sempre exigida pelo Partido Socialista para que possa apresentar a quarta moção de rejeição ao Programa do Governo do PàF. E, como é de coerência que se fala, António Costa reafirma para quem quiser ouvir que sem acordos de papel passado que sustentem um compromisso para a legislatura o PS não viabilizará qualquer moção de rejeição dando o dito por não dito que há praticamente um mês foi comunicar no Palácio de Belém.

Uma coisa, a única, é neste momento certa.

Todas as conclusões têm de ter em consideração as premissas e as premissas de hoje não são obrigatoriamente as do dia seguinte às eleições presidenciais sendo por isso irrelevante a pretensão de um acordo para a legislatura.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.287/2015]