sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Em modo de balanço


Nos tempos que correm os cidadãos que se deixam envolver na coisa política e aceitam cargos públicos arriscam-se a destruir o prestígio de uma vida de trabalho construída arduamente ao longo dos anos.

Falo de cidadãos comuns – incluindo os que são filiados em Partidos políticos – e não de políticos que fizerem da política o seu trabalho e que vão buscar a esses cidadãos comuns a mão-de-obra para a sua empresa.

Basta hoje ver os cartazes de qualquer campanha política onde se dá a entender que fulano(a)-de-tal pretende ser Primeiro-ministro, presidente de Câmara ou de Junta de Freguesia quando afinal se candidatam listas de cidadãos (equipas) que mais parecem ser empregados do(a) cabeça dessas listas do que seus parceiros de eleição.

Sei que os poderes são ambicionados e a projecção mediática e pública podem ser motor para que os cidadãos se envolvam, mas também sei que muitos se envolvem nessas aventuras por motivos de serviço público dispondo-se a oferecer o que de melhor sabem fazer em favor do bem comum.

Depois é o que se vê. Sucedem-se os casos de sacrifício desses cidadãos comuns a favor dos cabeças de cartaz – inúmeras vezes idolatrados e com estatuto de inimputáveis – assacando para eles (para os cidadãos comuns) as causas de todos os males.

Alguma coisa terá de mudar se quisermos ter no futuro equipas de competência que zelem pelos nossos interesses e bem-estar.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.073/2017]

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Temos noção de que vai voltar a acontecer


Estavam reunidas todas as condições.

O mais grave é que quem o devia saber, sabia, e nada fez para mitigar os riscos.

Seca, temperaturas extremas, fenómenos atmosféricos decorrentes da passagem ao largo do Ophelia e respectivos ventos. Se houve pirómanos que souberam ler isso, também deveria ter havido do lado da protecção civil gente competente que o tivesse sabido ler.

Agora parecem baratas tontas a correr de um lado para o outro sem uma voz de comando que coordene os operacionais.

No meio de tudo isto há os que convocam populares sem a mínima preparação para o teatro de operações, os que sugerem que se atirem militares para o meio do fogo (nunca percebi porque não sugerem também as outras classes profissionais, p.e. professores, médicos, advogados, arquitectos, ou quaisquer outros), os tudólogos que nunca deixam de se pronunciar, os que se desculpam com o  destino, a fatalidade e o inevitável e ainda os comentadores televisivos que resolvem o problema com a exigência de demissões políticas fundamentadas com frases soltas retiradas do contexto em que foram ditas.

Está tudo chanfrado, perigosamente chanfrado, e nós entregues aos bichos.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.072/2017]

domingo, 8 de outubro de 2017

Uma fábula como qualquer outra


Um homem dispôs-se a atravessar o deserto na esperança de que, por magia ou por qualquer outro feitiço, o deserto deixasse de o ser.

Acontece que o mago e os súbditos do reino andavam de amores e afectos pelo deserto e acrescentaram-lhe mais areia.

Vendo isto o homem persistiu, embora tenha requisitado um camelo que galgasse as dunas por ele.

Apareceram três, sendo que dois foram de imediato reconduzidos à cáfila por serem animais dóceis que o homem não pretendia estafar.

O homem sonhava que um dia terminariam as areias escaldantes e que o camelo que montava se exauriria à borda do pote que adivinhava existir na miragem nunca perdida de vista.

O que ele não previu foi que o mago esfriasse os amores e afectos possuídos pelo deserto e se afeiçoasse ao camelo, abreviando-lhe as areias e espicaçando o dromedário para que sacudisse o homem que se tinha instalado nas suas bossas.

Moral da estória:

Os camelos não são de fiar e o mago do reino vê mais com os olhos fechados do que um coelho com eles arregalados.

LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.071/2017]

sábado, 7 de outubro de 2017

Autarcontas


Com fonte nos resultados oficiais do MAI fiz umas contas difíceis relativamente aos votos nacionais nas Câmaras Municipais e também na Câmara Municipal de Lisboa para tentar perceber das vitórias/derrotas e das razões que levaram Passos Coelho a abandonar a direcção do PSD em 2018.

Daquilo que apurei, Passos Coelho só precisou de uma boa desculpa para se despedir uma vez que os resultados obtidos não foram tão “pesados” como se disse, malgrado o vexame de Lisboa e Porto.

No fundo, os resultados eleitorais que obteve mais não serviram do que conseguir pretexto justificativo para aquilo que já devia ter feito há dois anos quando viu reprovado o seu Programa de Governo na Assembleia da República isto é, no linguarejar com que ele gosta de balbuciar, “ter-se posto ao fresco” – ou “ter dado de frosques” - tal como fez o seu parceiro de coligação, Paulo Portas.

Nem todos são raposas, adelante!

Senão vejamos:

1- Em relação a Lisboa (só votos para a Câmara Municipal)

O PS ganhou a CML mas perdeu a maioria absoluta que detinha. Mesmo havendo mais 23.799 votos válidos do que em 2013 perdeu 10.388 votos e 3 vereadores.

Os PSD+CDS (porque foi assim que concorreram em 2013) ganharam 29.164 votos e 2 vereadores. É certo que o PSD tinha 3 vereadores e passou a ter 2 mas o CDS tinha 1 e passou a ter 4.

A CDU ganhou 1.591 votos e manteve os seus 2 vereadores.

O BE ganhou 7.491 votos e passou de 0 para 1 vereador.

2- Em relação aos resultados Nacionais (só votos para as Câmaras Municipais)
As contas, em termos de eleitores, complicam-se porque os Partidos apresentaram-se umas vezes só e outras em várias coligações, algumas diferentes das de 2013.

Fazendo as contas aos mandatos apura-se que:

O PS ganhou as eleições tendo passado de 149 presidências para 158 (+9) e conseguiu mais 22 maiorias absolutas. Em termos de mandatos, incluindo os conseguidos em coligação, obteve mais 39. Deverá ficar com as presidências das ANMP, ANAFRE e AML

O PSD diminuiu de 107 presidências para 98 (- 9) das quais 92 foram com maioria absoluta. Manteve-se como 2ª força política autárquica a nível nacional.

O CDS passou de 5 presidências para 6, mantendo o 4º lugar no ranking das forças políticas autárquicas.
Em termos de mandatos os PSD+CDS, incluindo os conseguidos em coligação, perderam 49.

A CDU diminuiu de 34 presidências para 24 (-10). Manteve-se como terceira força política autárquica embora tenha perdido 49 mandatos.

O BE não alterou a sua posição. Continua sem conseguir qualquer presidência. No entanto aumentou em 4 o seu número de mandatos.

Quanto à “grande vitória” do CDS, ficamos falados. Mesmo só olhando para os resultados pessoais de Assunção Cristas chega-se à conclusão que o segundo lugar que obteve na CML e AML (mas que não se reflectiu nas Assembleias de Freguesia de Lisboa – não obteve qualquer presidência de Junta) foi conseguido com as transferências de votos do PS e do PSD que claramente quiserem reprovar a fraquíssima candidata do PSD e sancionar Passos Coelho (que a escolheu) abrindo-lhe o caminho para que seguisse o que foi trilhado por Paulo Portas há dois anos.

Passos Coelho quis testar os cidadãos mas não teve coragem de ser candidato à CML. Temos pena!
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.070/2017]

domingo, 1 de outubro de 2017

Fazias-te de songamonga


Era tão fácil Mariano.

Declaravas a ilegalidade, a inconstitucionalidade e mais dez mil “ades” uma, duas, trinta e duas, dez mil vezes, as vezes que quisesses e ainda podias pedir ao Rei que também o declarasse, e também aos teus parceiros europeus e, se fosse necessário, também a Sua Santidade a quem a coroa deve tributo.

Fazias-te de songamonga, coisa de que sabes tão bem fazer-te, não reconhecias os resultados políticos de um acto ilegal, mas nunca por nunca ser, mandavas que os teus polícias descascassem em civis desarmados até porque estas coisas não se resolvem com repressão.

Ainda agora a procissão está no adro.

A coisa só pode piorar e tu, Mariano, já não te safas de ter feito com que muitos catalães que não concordavam com a independência tivessem passado para o outro lado.

Não aprendeste nada com a derrota com que o teu antecessor foi esmagado quando tentou fazer atribuir, em vésperas de eleições, a responsabilidade de um ataque terrorista islâmico à ETA. As mentiras e agressões nunca dão bom resultado.

Como é evidente, o que hoje se está a passar em Barcelona e arredores não é um processo eleitoral. Não há forma de se poder credibilizar uma votação destas, mas o certo é que o acto político que puseste em marcha é imparável.

Perdeste, Mariano, uma boa oportunidade de ter razão.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.069/2017]

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Vai abrir a caça aos láparos


Pela primeira vez desde a democracia não desci o Chiado no último dia de campanha.

Valores mais altos se levantaram e ninguém mandou que se marcassem as eleições de modo a que esta descida coincidisse com o aniversário da minha neta Maria.

Também, perante o que se vai sabendo, não fiz lá falta alguma e, com a eleição do Carlos Castro assegurada, só fica em suspenso saber a cabazada que a candidata de Passos Coelho vai apanhar.

É perigoso, sei. Se o PSD mudar de direcção vai acabar-se a boa vida da Geringonça.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.068/2017]

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Quérido Ti Célito


Quérido Ti Célito

Num liga porra ao qui teus jornalecos dizem. Eres não percebem nada di sobios.

Á gente ti ama.

Quando puderes vorta sempre prá dar uns mergulho nas praias di Luanda.

Abraço amigo
Tubarão
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.067/2017]

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Pins


Como se pode facilmente adivinhar votarei no Medina (embora o meu voto seja mais para eleger o vereador Carlos Manuel Castro) para a Câmara Municipal, na Helena Roseta para a Assembleia Municipal e no “não-sei-quantos” para a Junta de Freguesia de Carnide (já vi o nome dele nos cartazes do PS daqui da zona mas não fixei o nome).

Não é por acaso.

Tenho cartão partidário e pago quotas logo, ao contrário do que outros já fizeram quando pretenderam mudar o PS por dentro usando o seu voto por fora para depois evocarem os “poucochinhos”, enquanto for militante do Partido Socialista sempre usarei o voto nacional e autárquico para eleger os meus representantes.

Se assim não fosse votaria Cristas na CML (se o Carlos Castro não fosse candidato a vereador) embora mantivesse o meu voto na Helena e no “não-sei-quantos”. Faria esse contrasenso, não porque goste de saber que Cristas pudesse ser a Presidente da Câmara de Lisboa que calça botas para visitar o que dantes se chamavam Bairros Sociais e agora se chamam Bairros Municipais, mas porque qualquer resultado a nível nacional ou autárquico que afronte Passos Coelho me serve na perfeição.

É que considero como desígnio nacional que o Primeiro-ministro no exílio passe a ser também o Presidente do maior Partido da oposição no exílio e muito gozo me daria passar a vê-lo com dois pins na lapela.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.066/2017]

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

As novidades europeias são preocupantes


Nacionalismos, abandonos do projecto europeu, forças sociais em declínio e avanços democráticos de forças extremistas que tudo farão, como sempre fizeram ao receber votos, para acabar com a democracia.

A preocupação das lições que a História nos dá mas que não parecem estar presentes no uso do voto ou, ainda mais, quando se inutiliza o voto ou se prescinde de o usar.

A culpa é dos eleitores que querem fugir dela convencendo-se que o seu alheamento não os responsabiliza.

A culpa é dos eleitos democratas que fazem tábua rasa das ideologias sociais que dizem estar extintas ao considerarem a realidade como uma causa e não uma consequência dos seus actos.

Ao empobrecer um povo, ao diminuir-lhe a qualidade de vida, ao reduzir o emprego e ao sacrificar o bem-estar de todos a favor da defesa da lei da selva abre-se o caminho para os que preferem ser tutelados a assumirem a responsabilidade e a obrigação de agarrar o presente para fazer acontecer o destino.

As novidades europeias são preocupantes principalmente porque as não europeias já passaram os limites do bom senso e o desperdício da capacidade de arbitragem que o projecto europeu deveria garantir nada augura de bom.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.065/2017]

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Inhas e Onas


Devido a uma dúvida que me assistia resolvi rever a matéria dada nas autárquicas de 2013 para recordar o desaire que os PSD/CDS tiveram em Lisboa após a entrada em vigor da Lei n.º 56/2012, de 8 de Novembro que reduziu as freguesias alfacinhas de 53 para 24.

Foi um tempo que alguns apelidaram de vitóriazinhas ou vitorinhas ou outro qualquer termo terminado em “inhas” para justificar coisas que agora não interessam para assunto mas que fizeram com que o Partido Socialista conquistasse 17 Juntas de Freguesia deixando para a coligação CDU a freguesia de Carnide com mais 1899 votos e para a coligação do PSD/CDS o Areeiro com mais 157 votos, Avenidas Novas com mais 101 votos, Belém com mais 775 votos, Estrela com mais 34 votos e Santo António com mais 444 votos. A Freguesia do Parque das Nações ficou na mão de independentes (Parque das Nações por Nós)

Veremos no próximo dia 1 as vitorionas ou outro qualquer termo terminado em “onas” com que se referirão os resultados vencedores.

Para além dessa curiosidade fica também a de saber o que irá acontecer nas freguesias onde a coligação PSD/CDS concorreu em 2013 e se os dois partidos conseguirão, agora que concorrem em separado, manter alguma delas.

Como sub-curiosidade saber quais as que ficarão para o CDS e para o PSD.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.064/2017]

sábado, 16 de setembro de 2017

Ide gamar


Um lisboeta contrata uma empresa para lhe fornecer um serviço e quando olha em detalhe para a factura percebe que mais de 50% do valor que tem a pagar não é do serviço que contratou mas sim de taxas camarárias, algumas das quais arrecadadas em duplicação.

Falo da factura da EPAL que funciona como disfarce da voracidade municipal no arrecadar de receitas duplicando o valor da notificação emitida pela Câmara Municipal de Lisboa para a Taxa de Saneamento (o que já é uma alarvidade sobre a alarvidade do IMI) e que com estas parcelas, escandalosamente diluídas na água dos alfacinhas, tributa o mesmo saneamento uma segunda vez.

Como é possível que a conta do fornecimento do serviço apresente o valor da água de 23,49 Euros e a soma das taxas municipais e IVA (e um “serviço” que não se sabe o que é) sobre esse consumo seja de 32,03 Euros?

Entretanto candidatam-se uma dúzia de maduros à Presidência da Câmara e nos debates públicos travados entre eles para conseguirem os votos que precisam para alcançar os seus objectivos nunca constam os assuntos respeitantes ao desvalijo com que sujeitam aqueles a quem pedem o voto.

Distraem-nos com boquinhas de casos e casas das suas vidinhas e invejas enquanto as suas mãos não saem dos bolsos dos lisboetas.

Ide gamar para a estrada!
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.063/2017]

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Os pesos e as medidas


Onde andarão os apoiantes do espectáculo que M. François Hollande montou em Paris para fazer desfilar um magote de lideres mundiais aquando do atentado de 2015?

Será que perderam a memória e neste momento se entretém a cascar nos manos Dupond e Dupont por terem ido a Barcelona prestar a prova de solidariedade que os portugueses nunca devem deixar de prestar aos nossos vizinhos ibéricos?
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.062/2017]

Nem só o bigode os distingue



Os manos Dupond e Dupont com e sem bigode.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.061/2017]

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Tiques de pertença


As gentes da nossa terrinha são muito estranhas.

Aqui há uns anos, em tempos de vacas gordas, não havia cão nem gato que não se tivesse esquecido das hordas de portugueses que se tinham feito a países terceiros e criticavam ferozmente os que, nessa altura, imigravam para Portugal.

Agora as críticas ao turismo são uma constante, normalmente feitas por quem nunca perdeu uma oportunidade para fazer turismo nas terras dos que nos visitam.

Nem o facto de isso ser um dos índices mais relevantes para o aumento de exportações, nem a ideia de que muito das melhorias da nossa economia se deve a estes fluxos de turistas faz tirar a cara de enjoado ao sentimento da pertença nacional.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.060/2017]

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Do altruísmo


Só meia dúzia de palavras sobre as mortes provocadas pela aeronave na Praia de São João na Caparica.

Tratou-se da execução de um procedimento de emergência de falha de motor e não de um despenhamento de aeronave.

Todos os pilotos que eu conheço (e são muitos) teriam, mesmo em caso de despenhamento, tentado evitar que a aeronave atingisse terceiros. Neste caso, tratando-se de uma aterragem de emergência (e não de um despenhamento) perante uma praia com pessoas, teriam decidido a amaragem mesmo correndo maior risco de insucesso, salvaguardando a vida dos banhistas. Para mais, a aeronave não transportava passageiros e o mar estava tranquilo.

Estranho que a justiça tenha aplicado as mesmas medidas de coacção aos dois tripulantes uma vez que a responsabilidade é unicamente do instrutor da aeronave que, perante a emergência, teve de assumir o comando da aeronave e tomar a decisão final.

O egoísmo e a falta de altruísmo não eram, no meu tempo e na minha escola, factores psicológicos aceitáveis para formar pilotos.

Espero que a justiça não tenha mão leve neste caso.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.059/2017]