terça-feira, 16 de outubro de 2007

Botão Barbearia[0.158/2007]
Vergonha

Ben ShahnO Tomás Vasques alerta para aquilo que falamos quando falamos de política.

Alerta e faz bem em alertar porque enquanto nos prendemos com a tontarias dos ornitorrincos e as patranhas dos quadros electrónicos de alta tecnologia manipulados por meninas e meninos de plástico em cenário de propaganda televisiva, há dois milhões, repito, 2.000.000, insisto, quarenta estádios do Benfica repletos, que passam fome em Portugal.

A questão já não é sequer de vergonha, nem de despeito pelos trogloditas que se enchem nas mordomias por aí distribuídas, nem de inveja pela ostentação que brilha, nem pelas teorias dos bons resultados, nem das filosofias de direita ou de esquerda, liberais ou não, é uma questão de humanidade e de dignificação da condição de ser humano.

Se este engulho já seria difícil com a desumanização da economia, mais o é numa gestão que se pretende social mas se deixa afogar em obsessões doentias de resultados estatísticos e contabilísticos.

São dois milhões de pobres, declarados e reconhecidos, entre outros tantos disfarçados de remediados.
LNT
Rastos:
Link - Diário Económico
Link - Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos

8 comentários:

  1. Caro Luis, estamos de acordo. Perdemo-nos no teatro da política e esquecemo-nos dos fins da política. Os resultados estão à vista. Um abraço.

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  2. Em resposta à abordagem aqui deixo os versos que hoje publiquei:

    A pobreza

    A pobreza é um flagelo
    desta nossa sociedade
    nenhum político quer combatê-lo
    essa é a grande realidade

    Muita dela é encapotada
    porque aqueles que a sentem
    não a querem revelada
    mas isso ninguém desmente

    A estatística demonstra
    o seu número a crescer
    só falta vê-los na montra
    da miséria a parecer

    A carência já é tanta
    que o Banco Alimentar
    numa luta que se agiganta
    contra a fome que tem lugar

    Em contrapartida aumentam
    aqueles que enriquecem
    e esses nem sequer comentam
    a sorte que os favorece

    A riqueza também se alcança
    de maneira desonesta
    e há muito quem nela avança
    de forma pouco discreta

    Mesmo assim ficam impunes
    pelos actos que cometem
    da corrupção julgam-se imunes
    porque a justiça o consente

    A sociedade está podre
    porque a corrupção cresce
    aos ricos aumenta-lhes o odre
    mas o podre desfalece

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  3. Quando hoje li isto, fiquei aterrada. Depois do sobressalto inicial, percebi que desviava o olhar do que se vai passando à minha volta. Eu devia saber, mas era mais confortável fazer-me de ignorante.

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  4. E eles...ah e tal...pois tá fesquinho...e tal...
    Cambada!
    Não foi para isto que ... você sabe Luis, você sabe.

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  5. É aterrador. Por altura do dia mundial contra a pobreza - 17 de Outubro - saem os números para a boca de cena.

    Mau, mesmo, é o que existe por detrás do pano.
    E o que sofre, a vários níveis, quem quer ajudar famílias altamente carenciadas é absolutamente inenarrável.

    Estava a esquer "não recomendo" e apaguei, mas volto atrás:

    Recomendo, a quem tiver tempo livre e amor ao próximo (e ao país - sim, verdadeiro patriotismo sem ser futeboleiro de bandeira-à-janela), que tente ajudar famílias ou crianças em risco.

    Há todo um calvário de obstáculos (institucionais também) a vencer com muita persistência e, quando pensamos ter dado um pequeno passo em frente, volta tudo à estaca zero por uma qualquer idiotice burocrática ou entrave sistemático.

    As "quintas" da solidariedade em Portugal têm sempre muros altos e grandes portões fechados a cadeado.

    E saber que, quase sempre, bastava praticar (em vez de filosofar) a entreajuda para saltar o muro da exclusão.

    Aqui, sim, é preciso dar um grande pontapé. Não na bola. NA INDIFERENÇA.

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  6. Correcção: ...estava a escrever não recomendo...

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  7. Uma conclusão prévia( entre muitas outras):
    e lá se foi a classe média em Portugal

    Uma afirmação (revoltada):
    Meu caro LNT: o problema não é só da obsessão por critérios contabilísticos e estatísticos.
    O problema é mesmo e só de POLITICA.
    Ultraliberal.

    Repito a exclamação que já fiz no comentário a um dos teus posts:

    Portugal Livre JUSTO e Fraterno....precisa-se

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