[0.674/2008]
Saudades do nada
Até parece que o mar não lavou o pensamento, que os pés não andaram descalços na areia em desvios de conchas e de uma ou outra alforreca. Até parece que o sabor das ostras, o ripanço do toldo, as leituras entrecortadas pelas idas à beira-mar (que porcaria de fim-de-estória, Vasco Graça Moura), os cafés e as amêndoa-amarga na esplanada do Maré-Alta, as amêijoas e os rosés da hora do jantar, as gargalhadas e as birras dos sobrinhos, as arrelias do dolce far niente, as implicações dos desocupados e o sabor mole da preguiça só foram sonho esperado que não se cumpriu.
Os regressos demonstram que afinal a vida é feita de papéis e discursos, de coisas rituais maçadoras, aparentemente importantes, intoleravelmente chatas e irritantes com contas para pagar que não fizeram férias e com trabalho infindo para lhes fazer frente.
Todos os anos é assim.
LNT
2 comentários:
numa altura de balanços o meu não deixa de ser bem mais "naif" .. ;) agora as contas, essas malditas, não folgam nunca, tem toda a razão.
Ainda estou abananada e já voltei há duas semanas.
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