quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O magano do canito

CanitoQuando o homem apareceu na televisão atrás do palanque, feito Dom Sebastião, a anunciar que se oferecia ao sacrifício de salvar a Pátria a partir das rendas de Bruxelas que entretanto ganhou, o magano do canito, a quem deve encanitar o nome de Rangel, tapou o focinho com as patas e deixou escapar um suspiro.

Eu, que lhes conheço as manhas, ao canito e ao Rangel, passei-lhe a mão pelo pêlo e tugi-lhe de mansinho que não se amofinasse. Aquilo era mais uma massada de cherne, coisa de mau cheiro mas de substanciais calorias, um caldo que mais tarde ou mais cedo se vai entornar.

Nada de novo. Brincadeiras e safanões de meninos guerreiros. Mais um chuto no berço.

O raio do animal, que é fino como um alho, enroscou-se aos meus pés, de costas viradas à pantalha e adormeceu.

Já não havia mais nada para ver nem ouvir.
LNT
[0.065/2010]

2 comentários:

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