quinta-feira, 24 de abril de 2014

Não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade

Cravo

Hoje, noite de Abril, sem lua,
A minha rua
É outra rua.

Talvez por ser mais que nenhuma escura
E bailar o vento leste
A noite de hoje veste
As coisas conhecidas de aventura.

Uma rua nova destruiu a rua do costume.
Como se sempre nela houvesse este perfume
De vento leste e Primavera,
A sombra dos muros espera

Alguém que ela conhece.
E às vezes, o silêncio estremece
Como se fosse a hora de passar alguém
Que só hoje não vem.

Sophia de Mello Breyner Andresen
Obra Poética I

LNT
[0.139/2014]

3 comentários:

  1. pretty nice blog, following :)

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  2. "Testemunho dos filhos de Manuel Tito de Morais:

    - E os amigos ainda hoje contam que nunca se servia do cartão de crédito da Assembleia.
    - Foi convidado para ir para o Conselho de Administração da GALP, e o meu pai hesitou e perguntou o que é que ia fazer, e o que é que não ia, e depois de várias conversas, a última pergunta foi: “Mas então quanto é que ganha um presidente do C.A. da GALP?” Disseram-lhe um número – eu não tenho a certeza mas era uma enormidade!
    - Ele achava que era imoral o que lhe davam como salário.
    - E o meu pai disse: “Então assim eu não posso ir. Mas então agora eu vou ganhar um salário desses, quando o salário mínimo são 30 contos?”
    - Pôs sempre os princípios à frente da sua vida privada.


    Independentemente de cor política vale a pena ver o documentário passado hoje na RTP2, às 11h00."

    Disse no Facebook, mas também fica bem aqui.
    Um abraço Luís.

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  3. Parafraseou Jorge de Sena e publicou Sophia?
    Como quer ficar a saber o que nem ele sabia?

    " Qual a cor da liberdade?
    É verde, verde e vermelha.

    Quase, quase cinquenta anos
    reinaram neste pais,
    e conta de tantos danos,
    de tantos crimes e enganos,
    chegava até à raiz.

    Qual a cor da liberdade?
    É verde, verde e vermelha.

    Tantos morreram sem ver
    o dia do despertar!
    Tantos sem poder saber
    com que letras escrever,
    com que palavras gritar!

    Qual a cor da liberdade?
    É verde, verde e vermelha.

    Essa paz de cemitério
    toda prisão ou censura,
    e o poder feito galdério.
    sem limite e sem cautério,
    todo embófia e sinecura.

    Qual a cor da liberdade?
    É verde, verde e vermelha.

    Esses ricos sem vergonha,
    esses pobres sem futuro,
    essa emigração medonha,
    e a tristeza uma peçonha
    envenenando o ar puro.

    Qual a cor da liberdade?
    É verde. verde e vermelha.

    Essas guerras de além-mar
    gastando as armas e a gente,
    esse morrer e matar
    sem sinal de se acabar
    por politica demente.

    Qual a cor da liberdade?
    É verde, verde e vermelha.

    Esse perder-se no mundo
    o nome de Portugal,
    essa amargura sem fundo,
    só miséria sem segundo,
    só desespero fatal.

    Qual a cor da liberdade?
    É verde, verde e vermelha.

    Quase, quase cinquenta anos
    durou esta eternidade,
    numa sombra de gusanos
    e em negócios de ciganos,
    entre mentira e maldade.

    Qual a cor da liberdade?
    E verde, verde e vermelha.

    Saem tanques para a rua,
    sai o povo logo atrás:
    estala enfim altiva e nua,
    com força que não recua,
    a verdade mais veraz.

    Qual a cor da liberdade?
    É verde, verde e vermelha."


    Obras de Jorge de Sena
    "40 anos de servidão"


    Agora já sabe; é verde e vermelha.




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