sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Juros ao custo de um cavaco

Homem atadoNós percebemos.

Ele convenceu-se que a frase: "do que Portugal precisa é de um novo Salazar" é para levar a sério.

Convenceu-se que se lhe vestisse a pele, mandando as mulheres para o recato do lar dar função ao seu estatuto de dependentes do "chefe de família" e reaprenderem os lavores femininos, dizendo-nos que temos de estar caladinhos, fazendo-se providencial e sábio sem mácula e sem pecado, informando que sem ele será o dilúvio, montando-se na sobranceria ridícula e balofa do dia da raça, injectando o medo, ameaçando com dificuldades e aliciando aqueles a que chama "servidores do Estado", que os portugueses o levariam a sério e projectavam nele aquilo que Portugal precisa. Ele convenceu-se de que é possível andar para trás e que os portugueses estão dispostos a calçar as botas cardadas, para que ele e os seus amigos fiquem com as auto-estradas livres para poderem passear.

Nós percebemos. Ele julga que encarnando a figura de um novo Salazar os portugueses, esquecidos do que eram ao tempo, vão agradecer e dizer-lhe que é disso que Portugal precisa. Ele nunca entendeu que o medo só funciona se meter medo, como o Botas metia com a repressão sobre os insubmissos e incutindo a ideia de que todos são medíocres.

Nós percebemos a ideia e até acreditamos que muitos gostariam de ter um novo Salazar, mas esses muitos nunca voltarão a ser tantos que permitam que a ideia passe.
LNT
[0.013/2011]

2 comentários:

Anónimo disse...

É uma imagem que pega sempre.É só ler os blogues,de certos opinadores que pululam nos média.
Todos eles tão serviçais,tão curvadinhos á cata de migalhas,para segunda-feira solicitarem ums "entrevista" ao sr professor...Nada de pôr em causa o sr,o grande economista que vai salvar esta merda de rectangulo.As imagens que tenho visto destes seres nojentos,todos eles tão literados ,intelectualoides,a apoiarem um ser cinzento,diz bem o tipo de Pátria em que vivemos...não, realmente este País, não merece poesia. Merece a merda em que vai viver, nos próximos anos. Luis Reis

C.C. disse...

Oh Luis, que bem dito!