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quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Botão Barbearia[0.041/2009]
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No extremo Norte, Cascais-Lisboa, outra estagiária de olhos azuis questionava o Edil sobre o mandato anterior que teria permitido a barbárie dos carros circularem debaixo do chão numa cidade que não prescindia dos engarrafamentos nos cruzamentos de superfície, bênção dissuasiva aos indígenas externos que evoluíam no alcatrão da urbe para gáudio dos mal-aventurados poluidores defensores da intoxicação das ruínas do Carmo lançando-lhes uma mão cheia de Co2 e partículas cancerígenas.

- O Zé bem tinha avisado, dizia solene o edil do submundo, este túnel é perigoso.
LNT

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Botão Barbearia[0.034/2009]
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Entretanto, na entrada do Marquês, juntavam-se ao reboliço das sirenes os flash dos paparazzi que, de máquina em punho, tentavam o acesso à fama e ao exclusivo.
A equipa de exteriores já tinha montada a mesa de maquilhagem onde se aparavam os pêlos mais desorganizados do Zé e se empoava o suor da adrenalina para que ficasse baço nas imagens.
Acesas as luzes, perguntava-lhe o estagiário de serviço se não se poderia ter evitado a tragédia, ao que ele respondia:
"Bem avisei quando, em defesa dos superiores interesses dos cidadãos, tudo fiz para que o túnel se não construísse, incluindo o facto de o ter transformado num encargo impossível de suportar".
Do escuro destacava-se o cheiro a queimado.
LNT

sábado, 10 de janeiro de 2009

Botão Barbearia[0.028/2009]
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Ainda mal montadas as faixas da polícia para que se não ultrapassassem os limites considerados de perigo e estabelecido o perímetro de aproximação, já os projectores das câmaras apontavam para a pivot da televisão que, à entrada do túnel e tendo por cenário um painel antigo de publicidade política com a cara do Zé, debitava, cabelos ao vento, aguardar mais notícias e noticiava que ainda nada havia para noticiar enquanto fazia previsões de que a situação poderia ser de extrema gravidade e que se desconhecia a identidade do sinistrado, calculando-se, pelo dramatismo do acidente, que se pudesse estar perante um caso de contornos indefinidos que envolviam estrangeiros ou, pelo menos, alguém de raça negra. Também não estava excluída a hipótese, dado tratar-se de um automóvel de grande potência, que o acidente tivesse por protagonista um jogador de futebol ou outra personagem marcante da sociedade portuguesa.
LNT

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Botão Barbearia[0.025/2009]
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Nem sequer era muito tarde. Passava um pouco do pôr-do-sol de Janeiro quando, sem luzes, entrou pelo túnel das Amoreiras à procura de encontrar o que lá ia buscar. O velocímetro marcava cento e oitenta quilómetros hora e os radares estavam desligados.

Morreu.

Diz-se que quis morrer num sítio mal afamado que em tempos todos consideravam perigoso.
LNT