Mostrar mensagens com a etiqueta Cairo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Cairo. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

De tacho na cabeça

CairoTenho pena de não ter a imagem daquele egípcio que usava um tacho na cabeça para se proteger das pedradas. É do mais representativo que até agora vi sobre o que se está a passar no Cairo. Vale por mil banalidades recitadas pelos nossos repórteres e por duas mil imagens de carrinhas verdes a atropelar quem se lhes atravessa no caminho.

É a dignidade de quem não se deixa ficar quando defende aquilo em que acredita, embora eu continue a pensar que eles não estão a defender o que no ocidente se costuma chamar liberdade e democracia. Aliás o ocidente é perito em achar coisas que são loisas.

De repente lembro-me que a última vez que o ocidente entendeu que era preciso implementar uma democracia reuniu três patarecos pândegos nas Lajes recebidos por um barman que depois transformaram em lulu da senhora Merkel e decidiram invadir um país onde mandava um filho-da-puta para o transformar num outro país onde mandam hoje dezenas de filhos-da-puta. Isso custou milhares de mortos, destruição, terrorismo e um rabo entre as pernas e orelha baixa na retirada.

Mas voltando ao tacho na cabeça. Aquele egípcio será sempre, pelo menos para mim, o símbolo da raça humana, o exemplo vivo de que é sempre possível resistir, de que é sempre possível caçar com gato, caso não se tenha cão, o que até é coerente com a cultura felina das pirâmides.
LNT
Imagem: Public Intelligence
[0.028/2011]

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Sempre a aculturar

Burka - olhosFalamos sobre os outros como se falássemos sobre nós e com o atrevimento ignorante de quem se permite julgar.

Falamos sem sequer perceber do que falamos, sem entender a cultura de quem falamos, convencidos de que isso é cultura.

Falamos do Egipto à nossa luz, e ainda assim só com a luz que temos da cultura com que dormimos, porque pouco sabemos das culturas, até daquelas com quem dividimos o nosso País.

É por isso mesmo que ao olharmos para as ruas do Cairo achamos que aquilo é um vinte e cinco de Abril perfumado com jasmim.

Não conseguimos entender para onde eles irão (nem eles o saberão). Não alcançamos a cultura para além do museu destruído num museu feito nação, numa nação de escravos que constroem há milénios as peças desse museu. Estranhamos a mulher de burka cerrada que ontem apareceu em grande plano a gritar liberdade e democracia. E julgamos sempre as sombras moldadas na cruz como se houvesse uma cultura universal, uma só liberdade e uma só democracia.
LNT
[0.020/2011]