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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Croniqueta de vacanças [ III ]

Castelo de Areia
Não me agrada fazer política à volta das desgraças que se vão sucedendo, muito menos sobre aquelas que sei de antemão serem recorrentes. Mas ainda me agrada menos ver nas televisões os (as) megafones do actual poder político a dizerem que tudo o que há a fazer nos incêndios está a ser feito e a vangloriarem-se da capacidade que estão a demonstrar (lembram-se das cobras e lagartos que disseram em anos anteriores?).

Nos últimos dias tem-se visto nos ecrãs uma senhora fardada que reza as mais díspares sentenças e fala como se aquilo que se tem passado no terreno fosse uma vitória da competência, nomeadamente nos incêndios da zona de Tavira (os da Madeira nem comento até porque não estou lá para saber toda a realidade que Alberto João tenta esconder até com ameaças à comunicação social).

No entanto, por aqui em Tavira, a cinza cai na praia como se estivesse a nevar, o fumo invade tudo e forma nuvens como se o Sol estivesse em eclipse, a labareda vê-se à noite como se fosse um festival de luz e o trabalho silvícola e agrícola de gerações desaparece em cada nova chaminé que surge no horizonte.

Não farei demagogia à volta de tudo isto mas, por favor, parem com a máquina de propaganda, agora manobrada por fardas com dourados e rabos-de-cavalo, e tratem de ser sérios.

Todos sabemos que o fogo vai parar, até porque já pouco mais há para arder, mas não parará devido à propaganda e ao engano que querem promover. No mínimo tenham respeito por este povo a quem tudo tiram e a quem, em troca, cada vez dão menos.

Incêndio em Tavira

LNT
[0.354/2012]

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Croniqueta de vacanças [ II ]

Castelo de Areia
Um dia de calor, um dia de mais vento, um dia diferente dos dias que o antecederam.

Ao fim da tarde formaram-se nuvens negras quando nada o fazia crer. O mar sem couves, amansando, como diria qualquer alentejano, o cheiro a esturro que comprova ainda haver muito para arder nesta terra de estranhos.

A serra de Tavira (como diziam na TV e eu sem saber que havia uma) em fogaréu.

Desatino dos bombeiros, gente angustiada, o desleixo de sempre.

Incêndio em Tavira

LNT
[0.353/2012]

terça-feira, 17 de julho de 2012

Croniqueta de vacanças [ I ]

Castelo de Areia
Auto-estrada do sul com pouco trânsito. Dizem os distraídos que em Portugal só há carros de luxo, porque são esses que se vêm nas auto-estradas.

Há sempre duas formas de analisar as coisas.

125 com trânsito, Via do Infante com matrículas espanholas e muitos carros que se percebem alugados. Os cabelos loiros não enganam. Dizem os distraídos que em Portugal se ganha de mais, que há que empobrecer para que passemos a ser viáveis e fiquemos ao nível da Europa.

Há sempre duas formas, ou mais, de analisar as coisas.

Os restaurantes com a maior parte das mesas vagas e as que estão preenchidas a falarem nórdico, anglófono e castelhano. Na praia, e em barda, toldos e palhotas para alugar.
Chamam-lhe qualidade de vida e liberdade de escolha.

Há sempre duas formas de analisar as coisas.
A dos que continuam a poder e a da maioria que paga para que alguns possam.
LNT
[0.352/2012]