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terça-feira, 16 de outubro de 2012

A censura está a passar por aqui

Manif AR 20121015

As televisões noticiosas, já só falo destas porque nem vale a pena falar das de sinal aberto, passavam conversas da treta sobre a bola quando a malta do CERCO, de ontem, desatou à pancadaria.

Não me refiro à bondade ou à concordância com a pancadaria, nem ao CERCO, coisa que já tive a oportunidade de esclarecer não me ser respeitável até por lembrar outros cercos que em 1975 se fizeram para bloquear a democracia e a liberdade.

No entanto, tal como não gosto de assistir em directo a um terramoto, não prescindo de ser informado de que ele está a acontecer.

Ontem, enquanto as equipas de reportagem estavam no terreno sem informar da arruaça, os programas de chacha inundavam os ecrãs e as televisões não disponibilizavam informação escrita em rodapé. As redações mantiveram silêncio e registaram imagens para resumos que só passaram quando a acção ficou controlada.

As redes sociais já tinham filme e fotografia publicada há horas quando as notícias das televisões deixaram de estar sequestradas. Até lá (nas redes sociais) não faltaram comentários a justificar a ausência de directo e a impingir a teoria de que os directos só servem para fomentar mais violência. Teorias velhas de quem não estima a liberdade e de quem está sempre pronto para passar atestados de menoridade a um povo que se quer tutelado.

Aquilo que ontem se passou nas televisões portugueses foi uma vergonha e foi um precedente gravíssimo. Amanhã, com iguais justificativos, outras coisas serão escondidas, outra informação será adiada e um qualquer vizinho será levado pela calada da noite e só o saberemos quando formos convocados para o funeral.

A censura, ontem, voltou a passar por aqui.
LNT
[0.501/2012]

domingo, 14 de outubro de 2012

Nunca há vazio de poder

Cartaz de fundo da Manif de 13 de Outubro de 2012

Alguém saberá dizer quem é o autor e o que pretendeu com o cartaz que foi pano de fundo na manif cultural de ontem na Praça de Espanha?

A mim parece-me estranho e leva-me a alertar as forças democráticas para a sabida verdade de que nunca há vazio de poder.

Se os democratas não reagirem ao estado a que chegámos, reagirá a reacção. Se perante o definhamento da democracia se insistir que os prazos democráticos são para cumprir, custe o que custar, (como se em democracia não fosse sempre possível eleger e ser eleito) em vez de se revitalizar a democracia e liderar, alguém o fará por nós.

Não digo “Acordai”. Prefiro pedir que acordem, que sejam vigorosos, que parem a construção dos muros blindados que estão a construir com jogos florais e punhos de renda para que o povo não vos toque.

Levem para dentro das paredes do hemiciclo o grito de “basta” que se ouve cá fora.
LNT
[0.494/2012]