A grande porra deste Governo é o moralismo. Não por ser moral ou ético, mas por ser moralista na velha tradição portuguesa do "olha para o que eu digo e não para aquilo que faço". É por isso que apela ao empobrecimento, à penitência e à fé, coisas de que, tirando o último valor, se isenta.
Faz lembrar as beatas que circulam pelas sacristias com um olho na caixa das esmolas dos pobrezinhos e com o outro na sotaina do abade, não vão perder a oportunidade de serem bafejadas com o perfume do incenso.
Sobre o valor dos conselhos dos moralistas basta ler Bocage.
Quem deambulou na infância e adolescência pelos hangars da santidade sabe que a qualidade da madeira com que se constrói a canoa para a travessia é muito mais importante do que a quantidade de paus necessários para a fazer e, principalmente sabe, que é indispensável betumar o casco de forma a garantir que a linha de água se manterá dentro dos parâmetros de segurança.
Os moralistas não o sabem e aqueles poucos que o sabem preferem não ter de se esforçar. Uns pensam que nunca navegarão nas canoas que constroem e os outros concentram-se na elaboração das justificações para o naufrágio remetendo-as para trás, ou para o destino, ou ainda para a vontade divina como se o futuro não fosse consequência dos próprios actos e o determinismo não resultasse da abstenção de o contrariar.
LNT
[0.150/2012]
Faz lembrar as beatas que circulam pelas sacristias com um olho na caixa das esmolas dos pobrezinhos e com o outro na sotaina do abade, não vão perder a oportunidade de serem bafejadas com o perfume do incenso.
Sobre o valor dos conselhos dos moralistas basta ler Bocage.
Quem deambulou na infância e adolescência pelos hangars da santidade sabe que a qualidade da madeira com que se constrói a canoa para a travessia é muito mais importante do que a quantidade de paus necessários para a fazer e, principalmente sabe, que é indispensável betumar o casco de forma a garantir que a linha de água se manterá dentro dos parâmetros de segurança.
Os moralistas não o sabem e aqueles poucos que o sabem preferem não ter de se esforçar. Uns pensam que nunca navegarão nas canoas que constroem e os outros concentram-se na elaboração das justificações para o naufrágio remetendo-as para trás, ou para o destino, ou ainda para a vontade divina como se o futuro não fosse consequência dos próprios actos e o determinismo não resultasse da abstenção de o contrariar.
LNT
[0.150/2012]