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terça-feira, 28 de junho de 2011

Nostalgia

MarEsta coisa de estar uns dias de papo para o ar à espera que o Sol se ponha na praia e a rezar para que as melgas não nos comam vivos quando o lusco-fusco avança tem o encanto que a vida de todos os dias não tem até porque, nessa altura e por muito que se reze, as melgas estão sempre presentes e mordem sem se importarem com a hora a que o fazem.

Sei que estou em férias, mesmo curtas, quando olho para o pulso e não vejo as horas, quando olho para a tv e os noticiários já foram, quando olho para um teclado e só lá vejo o gelo a temperar a vodka e a lima.

Cansa-me esta rotina dos minutos contados, da correria para que nenhum deles escape ao alinhamento de forma a evitar que a agenda se transforme num monte de simultaneidades e num exercício de omnipresenças impossível.

Pronto. Ponto marcado, tarefas anotadas, presenças garantidas. Lufa-lufa, que os Senhores Secretários de Estado já tomaram posse e a coisa vai começar a doer.

O que mais me custa é a saudade do mar, mesmo do de levante.
LNT
[0.239/2011]

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Braguilhas

BotãoUma das grandes vantagens de estar de férias, também dos blogs, é a não ter de se alinhavar o pensamento. A coisa compõe-se sem acentos e sem vírgulas, regista-se lá no fundo do inconsciente e fica para depois se dar sequência no regresso.

Mas o inconsciente, se for suporte de registo, é tão inconsciente que se perde no mesmo alçapão onde se armazenam as promessas eleitorais. Um limbo que, embora a Igreja diga hoje ser ienexistente, faz lembrar a pele doirada de Verão a descascar para que a rotina ressuscite e se esqueça o mar.

Sem essa memória do inconsciente fica só a das bolas de berlim com creme (apesar da ASAE), a das formas em X despidas e a de outras que mais valia que nunca se tivessem despido, o "chuááá" da rebentação, o salgado ranhoso das ostras e o miar rouco das gaivotas.

De uma porrada só volta a ouvir-se mau português, voltam os noticiários, os mortos, as greves, os despedimentos, as reentrés, os incêndios e as inutilidades das conversas e desconversas que dizem e desdizem no linguajar que justifica o nosso atraso.

Ainda assim aqui estou, alinhavando, e vós, pacientes, a aturar o meu abraço.
LNT
[0.297/2010]

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Allegro non molto

Alegre por voltar ao vosso convívio mas não muito por deixar o sal que o mar me deu como tempero. O barbeiro volta às lides, devagar, ao som dos violinos, revitalizado pelo Sol, embrulhado no espírito anarca desarrumado com que junta letras e com elas se mete em sarilhos de escritas alternativas.

Grato pelo vosso esperar, esperançado que voltem a ter paciência para concordar e discordar do palavreado que se seguirá, se possível em G minor.


LNT
[0.575/2009]