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sábado, 24 de outubro de 2015

Reaccionário ≠ Reformista




GambozinoDepois de ontem ter estado uma bela noite para ir aos gambozinos hoje, durante o dia, mantém-se essa propensão.

E quem não entende que a tradição de caçar gambozinos à noite já acabou (como muitas outras, por exemplo, a das mulheres não poderem votar, não poderem ir para a carreira judicial e não se poderem ausentar do País sem autorização escrita dos maridos), não conseguirá alguma vez entender que o Mundo avança por cada tradição que se quebra.

Há no entanto uma tradição que tenho muita dificuldade de entender que se possa quebrar. A da honra, ou palavra dada, aquilo que se chama “o acordo de cavalheiros” que consiste em cumprir com actos o que antes, mesmo que só com um aperto de mão, entre dois, ou com uma promessa eleitoral, entre quem se candidata e quem lhe entrega o voto, havia sido prometido.

Esta tradição, a da honra, muito mais valiosa do que qualquer outra resultante do “fazer de uma forma porque nunca se fez de outra” tem sido sistemicamente quebrada por quem hoje evoca as tradições para evitar o que a lei escrita contempla.

Todas as outras tradições, bem como todos os sermões moralistas que temos de aturar nos tempos que correm evitam a racionalidade e preferem os bons costumes que garantam o Status quo (in statu quo res erant ante bellum) ignorando que a maior parte das batalhas foram travadas para alterar tradições e costumes.

São estas coisas que dão sentido aos termos “reaccionário” e “reformista”.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.282/2015]

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Botão Barbearia[0.218/2007]
Pão por Deus

Cozido à portuguesaHoje, dia de Todos-os-Santos, que as americanices da moda fazem pintar como o Halloween (embora conste que a tradição seja irlandesa) é o tradicional dia do Pão-por-Deus (com raízes açorianas).

Trata-se de uma tradição católica em que os miúdos saem à rua para pedir comida, especialmente doces, frutos secos e castanhas, que lhes são oferecidos em sinal de solidariedade e fraternidade e em nome dos mortos evocados no dia seguinte como Fiéis-defuntos.

É tradição do 1º de Novembro o almoço de cozido, os figos secos, as nozes, as amêndoas, os pinhões e as castanhas cozidas com erva-doce acompanhadas de jeropiga.

As tradições andam amaldiçoadas pela bruxaria. Urge globalizá-las e disfarçá-las de abóboras luminosas e tricks and treats, não vá o diabo tecê-las e um destes dias em Dia-de-Todos-os-Santos termos os miúdos dos 2.000.000 de pobres portugueses a pedinchar qualquer coisa que lhes mate a fome.
LNT
Rastos:
Link - Espumadamente