quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Surdinas [ LVII ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

Portugal, em vez de exportar maçãs para obter receitas, passou a dar graciosamente as macieiras ao exterior depois de as ter semeado, estrumado, podado e regado até serem frondosas.

Onde é que isto se lê? Nas beiças de um governo que manda emigrar uma juventude formada à custa do esforço nacional.

No que é que isto resulta? Na perda imediata de receitas, na futura falta de maçãs e, o mais grave, na desertificação dos campos onde só há macieiras que já deixaram de ter possibilidade de gerar novas flores.
LNT
[0.438/2012]

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Adriana e Sérgio / Bobi e Rex

Não consigo verter uma lágrima comovida com a estória da Adriana e do Sérgio. Faz-me lembrar outros relatos mais terra-a-terra onde pais e filhos morrem em barricadas opostas numa das muitas guerras civis que por aí andam.

Os brandos costumes e o romantismo - a pieguice, em suma - podem ser empolgantes e enternecedores, ouviste Pedro?

Adriana e Sérgio

Imagens melhores que "natas" enchem as primeiras páginas embora o instante só tenha durado o tempo em que o diabo esfregou um olho, o guarda baixou a viseira e a miúda de artes apanhou o cabelo. O flash estava no ar.

Adriana e Sérgio

Já me comove mais a Bóbi manifestante a regatear ao Rex, rottweiler polícia, a árvore que lhe estava vedada.

Adriana e Sérgio

Explica melhor o que os fazia ali estar.

Fotos daqui e dali.
LNT
[0.437/2012]
Republicado depois de ter tido a ajuda para localizar a imagem da Bóbi/Rex. Agradecimentos aos pisteiros e aos autores

Casa dos Segredos

CanoagemDizia ontem António José Seguro que aquilo que se passa no Conselho de Estado, morre no Conselho de Estado.

Concordo frequentemente com Seguro e também é assim desta vez, embora tenha um mas…

Tudo o que lá se passa, lá morre. Sem dúvida.

Mas o que muitas vezes acontece é que, quem foi ao funeral, aproveita a Missa de Sétimo Dia para fazer o elogio fúnebre.
LNT
[0.436/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXXX ]

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LNT
[0.435/2012]

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Da liberdade

RespirarNão é fácil sair-se à rua. Principalmente é difícil para quem participou activamente na construção da democracia e sabe que uma saída à rua, não enquadrada, pode ser sentida como um acto de rebelião contra a democracia representativa.

No entanto, há um outro sentir que, embora associado à ideia de democracia, é um valor superior à própria democracia, porque é algo de mais profundo e único e que ao contrário da democracia não tem significados vários, nem formas interpretativas diversas. A liberdade é um bem maior e, embora normalmente associada à democracia, não precisa dela para existir.

Foi em nome dessa liberdade (e num contexto democrático que talvez tenha extravado o conceito de democracia que sinto ter ajudado a construir em Portugal) que fui à Praça de Espanha no último sábado. Sabia o que lá iria encontrar e senti-me bem acompanhado pela liberdade dos outros.

Na rua, como em tudo na vida, há e haverá sempre quem esteja com intuitos diferentes dos nossos, inclusivamente com intuitos de se aproveitar da nossa liberdade para chamar a si o que não lhe compete. Mal de nós se não soubermos que assim é e mal de quem se convence poder-se apropriar da liberdade dos outros.

Das centenas de milhar de cidadãos livres que se juntaram na Praça de Espanha, seguiram o seu rumo uns poucos de milhares para o confronto militante. Foi uma vontade de uns quantos e uma lição de que os cidadãos não se deixam manipular pelo hooliganismo. Já o deveriam ter aprendido nos campos de futebol.

Quanto à democracia representativa chegou a altura dos Partidos anotarem que a liberdade e a cidadania já são bens intrínsecos. É bom que, mesmo não havendo tempo para parar, os Partidos Políticos reflictam profundamente sobre aquilo que se passou no último Sábado e possam arrepiar caminho.

Se insistirem que a Nação é um conceito abstracto e a cidadania só um conjunto de votos e não de pessoas, podem vir a ser surpreendidos por um futuro que nunca entenderão.
LNT
[0.434/2012]

O chumbo dos bons alunos

Orelhas de burroPaulo Portas tem saudades de andar nas feiras populares sem precisar de ser escoltado. De que lhe serve a colecção de bonés se não os pode usar? Irritou-se com a utilização abusiva do seu nome, zangou-se com a mentirola que Coelho lhe pregou ao convencê-lo de que aquilo que ia ser anunciado se devia a uma exigência dos credores e que ficou claro ser mais uma das patranhas de Coelho quando Gaspar anunciou publicamente que a troika não tinha feito tal exigência, amuou quando teve conhecimento de que a sua rapaziada, mais papista que o papa, fez declarações de apoio aos absurdos anunciados como se eles tivessem sido também congeminados por si.

Portas, saudoso do populismo e como sempre a olhar para o umbigo, abriu deliberadamente uma crise profunda, não no namoro com Coelho a quem nunca reconheceu qualidade, mas na solução do vazio que se criou a seguir às eleições. Com isso pensa ter conseguido passar pelo que aí vem, sem ser beliscado.

Passos Coelho continua a julgar que, por ter sido nomeado Primeiro-Ministro, está num patamar de superioridade que fará com que tudo e todos se submetam à sua vontade. A criancice que o caracteriza e a falta de estofo político que já demonstrou amiúde acabam de o transformar num calinas que nem os amigos e associados respeitam, ficando cada vez mais entregue aos que ainda sobrevivem à sua custa mas que lhe serão implacáveis logo que se perfile novo senhor.

Neste jogo pouco interessam as centenas de milhar que já tiveram um assomo de cidadania, de nada interessa a sequência de Portugal. Prefere, como sempre preferiu, a chantagem sobre todos os que lhe apontam outros caminhos, prefere a prepotência da ameaça da catástrofe e do caos. Revela-se um fundamentalista fanático preparado para o hara-kiri.

Zangado com a zanga de Portas anuncia ir pagar-lhe na mesma moeda sem sequer ter a noção de que Portas sabe mais a dormir do que ele acordado. Convoca o clã para dar mais lenha ao Conselho de Estado onde Gaspar vai ter voz própria para lentamente defender a teoria do empobrecimento pátrio.

A Nação na rua, as comadres zangadas e o xerife de canhota sacada são o deitar pela borda fora de toda a contenção que este povo estóico até agora revelou. O que estarão agora a pensar os mestres de tão bons alunos?
LNT
[0.433/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXXIX ]

15 de Setembro
15 de Setembro (a cidadania a acordar) - Lisboa - Portugal
LNT
[0.432/2012]

sábado, 15 de setembro de 2012

Para que não se esqueçam que o absurdo afecta as pessoas

Manif 2012.09.15
Durante os últimos dias ouvi mil vezes as estrelas que desfilam pelas passadeiras vermelhas da comunicação social perguntarem nas televisões o que se iria fazer com o resultado das manif’s que hoje decorreram.

Há gente assim, gente que gosta de fazer estas questões. É natural, porque o simples facto de serem as estrelas que passeiam pelas passadeiras da comunicação social já faz entender que as coisas têm de ter sempre, para eles, algum lucro.

Estive lá, no meio dos muitos milhares de portugueses que hoje saíram à rua com o intuito de nada lucrarem com isso. A grande maioria, famílias inteiras de classe média, desceram à rua desenquadradas, desalinhadas, corajosas e sem se deixarem manipular. Estiveram só com a intenção de lembrar aos senhores que desenham, no sossego dos seus gabinetes, os absurdos teóricos que aprenderam nos livros que esses absurdos afectam a vida de pessoas reais que eles pensam não existir.

Eram muitos milhares de pessoas. Penso que nunca vi coisa tão grande.

O resto andava também por lá. Líderes políticos à procura de vantagem, agitadores à procura do caos, gente diversa à procura de protagonismo e à espera de ganhar alguma coisa com isto.
LNT
[0.431/2012]