Quem não tem dinheiro não tem vícios

Como se pode esperar que um poder assente numa folha de cálculo (ainda por cima mal concebida e com erros graves nas fórmulas) entenda que o património cultural é um bem sucessório?

Como se pode esperar que um poder que tem por conceito que só os canudos são curriculum (ainda que sejam obtidos por equivalência), que o desemprego é efeito colateral do bom desempenho da governação, que as pessoas são valor estatístico isento de alma e sofrer, que a exportação de cérebros jovens é uma variante à zona de conforto, que todos os fins justificam os meios, mesmo os não referendáveis, que as promessas eleitorais só se destinam a obter legitimidade para mandar e que o património nacionalizado na sequência de desmandos quadrilheiros, corruptos e mafiosos é espólio que minimiza os prejuízos causados aos contribuintes?

Como se pode esperar de alguém que tem por cultura a arte de manipular resultados, um entendimento sobre a perenidade dos bens culturais?

O que se pode esperar de gente que considera a arte como um vício e justifica a delapidação do património cultural com a expressão: "Quem não tem dinheiro, não tem vícios"?
LNT
[0.045/2014]

Os tempos que correm

É muito mais cómodo e prático, embora dispendioso, dar uma Play Station que ocupe e faça um miúdo "desamparar a loja" do que lhe oferecer três bichos-da-seda. A Play Station alimenta-se do mistério escondido nas tomadas da parede e os bichos-da-seda obrigam a reconhecer uma amoreira.

Nos tempos que correm sobra, aos adultos obcecados com o caminho para o vazio, pouco tempo para a arte.

Aquela coisa de ir buscar a caixa de sapatos com os ovos do ano anterior e deles ver sair os bichos, alimentá-los até ao momento de desaparecerem escondidos num casulo e aguardar que a natureza os mascare de borboletas, era todo um programa de infância que incluía também a arte de trepar às árvores e uma outra arte fundamental que consistia em saber esperar.
LNT
[0.378/2010]

[0.886/2008]
Homens bons

Há sempre tempo para os amigos. Mesmo quando o tempo escasseia, mesmo quando tudo parece correr tão depressa que se não consegue segurar o tempo.

Um destes dias fui à casa de pessoal da EDP à abertura de um espaço de exposição onde o Aníbal Afonso foi homenageado numa sessão de imensa sensibilidade por um grupo que com ele aprendeu o sentido da camaradagem e da amizade, da arte e do desenho e que é na simplicidade e no desprendimento que o serviço social faz escola de utilidade pública.

Para além do que espelha na sua obra, o Aníbal Afonso consegue ir mais além nas palavras e ser sempre mais leal na franqueza com que, a sorrir, enfrenta a vida sem medo.

Seria impossível não lhe deixar aqui referência e desejar-lhe que possa durante muitos mais anos continuar a arranjar tempo para visitar o que ele passa para as telas.
LNT

[0.353/2008]
Registos Obsessivos

Mais uma vez Miguel Telles da Gama expõe na Galeria 111, no Porto.

Com abertura marcada para as 16 horas de hoje, prevejo que a mostra Registos Obsessivos, pintura, desenho e colagem, venha a ter sucesso semelhante aos que o Miguel já nos habituou nas dezenas de exposições anteriores.

A não perder, na Rua D. Manuel 246, até ao próximo dia 7 de Junho.
LNT

ET. Nesta coisa dos convites para as vernissages convém lê-los até ao fim para não se fazerem figuras tristes (o que aconteceu).
Como anteriormente tinha aqui escrito que a exposição seria em Lisboa (de onde acabei de chegar - corado com a argolada) peço desculpa a quem tiver sido enganado.
Em Lisboa está patente uma interessante exposição de Jorge Santos.
Rastos:

-> Galeria 111

[0.304/2007]
O último bolero de Maurice Béjart
LNT
(agradecido a Maloud pelo alerta)
Rastos:
- Béjart Ballet Lausanne
- A Tarde on line

[0.247/2007]
Boa sorte Mariza

Pela primeira vez há um português, neste caso uma portuguesa, entre os nomeados para um Grammy.

Mariza, com o álbum Concerto de Lisboa, pode hoje conseguir a proeza de receber o troféu na categoria 30 (Melhor Álbum de Música Folclórica), na oitava edição do Latin Grammy.

Resta desejar-lhe boa sorte, coisa que o seu talento não deveria precisar.
LNT

E.T. - Não foi desta.
O Grammy foi para Un Fuego De Sangre Pura. Los Gaiteros De San Jacinto From Colombia. [Smithsonian Folkways Recordings]

Rastos:
- Grammy.com
- 8th Latin Grammy Awards Winners List

[0.204/2007]
GPS N.14287 W8.63828

Todos recebemos inúmeros convites para abertura de exposições de pintura.

Uns mais protocolares, outros mais pessoais e finalmente os dos amigos de quem gostamos e que nos honram com palavras doces.

A Jú Novais desafiou a um passeio até Gaia, ao Hotel Mercure Porto-Gaia, onde expõe desde ontem e até ao dia 11 de Novembro a sua mais recente obra, passeio não viável por impossibilidade total deste barbeiro mas altamente aconselhável a quem gosta de ver e sentir a sensibilidade à flor da pele.

A ver por todos que possam passear e a não perder pelos residentes nas margens Norte e Sul do Douro desde que gostem de sentir na tela a alma de quem a pinta.
LNT
Rastos:
- Jú Novais

[0.080/2007]
Rego, my name is Paula Rego


Os portugueses orgulham-se, sempre, com as vitórias lá fora.

Pudera, porque as de dentro são sempre derrotas, ou os odiosinhos e as mesquinhices não fizessem do dia-a-dia a grife da Nação.

Pois então orgulhem-se, esqueçam Scolari e Mourinho e vão a Madrid, até ao Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, ver que artes são as artes deste País no exílio.

Passeiam, arejam, iberizam-se, aculturam-se e ainda ficam a entender que os museus são coisa de gente viva onde o rasgo de inteligência faz mais, muito mais, do que o rasgar pela subserviência.
LNT

[0.074/2007]
Marcel Mangel – Marcel Marceau

Merci, merci, merci.
LNT

[0.054/2007]
Imagine

Imagine que vive em Lisboa, que o Sábado é dia de descanso e que está num País deslumbrante onde, em Setembro, mar e céu são azuis, a brisa é suave e a temperatura amena.

Imagine que para esse dia tem dois convites:

- Um, para se fechar numa sala a ouvir debitar sobre dois anos e meio de Governo;

- Outro, para estar com amigos na inauguração de uma exposição mista de estilismo, fotografia e pintura, onde Deolinda Frazão, Fernando Carvalho e Fernanda Mourão apresentam sensibilidades e bom gosto junto ao Forte de São Julião da Barra.

Imagine que o primeiro evento implicaria comer uma bucha à pressa e muito café para aguentar o frete e que o segundo lhe permitia fazer tempo sobre o Atlântico, num almoço delicioso de duas horas, nas Furnas do Guincho.

Imagine e diga o que escolheria.
Certamente não duvidava, como o barbeiro não duvidou.

Notas de agradecimento:
1 - Agradecido a Deolinda Frazão e a Fernando Carvalho pelo magnífico convite e para informar que a exposição está patente até 14 de Outubro na Feitoria do Colégio Militar, junto ao forte de São Julião da Barra.
2 – Agradecido ao meu cartão de crédito que me proporcionou um excelente almoço sur mer.
3 – Agradecido a quem me fez tão boa companhia neste dia.
LNT