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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Escadeado à guilhotina

Corte cabeloAo contrário do que se passa nos táxis, nas barbearias, principalmente naquelas onde há tira-dentes a sangradores, as conversas não são só feitas para agrado da clientela mas também para que, quando no assento se repimpam os clientes mais exigentes em termos de escanhoado perfeito, se sinta que a navalha, a escapar, é capaz de cortar uma orelha. Raramente se dá a volta à praça exibindo o troféu, é verdade, mas a orelha, num tempo em que os cuidados de saúde estão pela hora da morte, acaba invariavelmente no lixo misturada com o resto da trunfa a varrer após a tosquiadela.

Os avisos estão bem destacados na montra ao lado. Pode-se fumar, o acordo ortográfico há-de ser matéria para as calendas, aceitam-se manicuras desde que devidamente credenciadas e diplomadas, o estabelecimento foi plivatizado e the rabbits transform come from outerspace to take over the world!

É por isso (por não haver o costume de dar a volta à praça a exibir o troféu) que muitas vezes passa desapercebida a conversa do barbeiro, como por exemplo aconteceu aqui e aqui, sem que alguém tivesse dado grande relevo, mas que agora não há gato pindérico que não levante o topete para amarfanhar a decisão. É o que dá economistas, na vertente da engenharia financeira, meterem as mãos no rabecão.

Espera-se que este deslize não se transforme em trambolhão e que em vez de uma orelha não haja quem venha a perder a cabeça.
LNT
[0.031/2012]

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Já fizeram o soro?

MagritteDeve haver aqui qualquer coisa que me escapa. Das duas uma, ou já mandaram fazer o soro indolor para a injecção atrás da orelha a aplicar a todos os bancários com mais de setenta anos, ou este novo encargo de gerir mais uns milhares de pensionistas irá significar a tal hipoteca das gerações vindouras que Passos Coelho e Paulo Portas gritavam há meia dúzia de meses ser necessário estancar.

Claro que agora servirá para tapar os desvios colossais que não há meio de serem identificados (as coisas na Madeira continuam a dar brado) e ainda sobrarão uns milhões para os amigalhaços, mas o futuro, a hipoteca dos vindouros e o colapso parecem mais que evidentes.

Reconheço ser uma área que não domino e enquadro nas ciências ocultas do ramo da engenharia financeira, mas faz-me espécie saber que os montantes vão ser desviados dos fins a que se propunham e os encargos ficarão para quem for o último a fechar a porta antes de se apagar a luz.

Haverá alguma alma caridosa que queira explicar?
LNT
[0.565/2011]