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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Quinta de cinzas

VacaTenho pena que não exista a quinta-feira de cinzas. Nada teria melhor sentido até para contrabalançar o que acontece com a terça gorda que se faz suceder pelo cinzento da quarta-feira.

Em anos como este que corre, em que a terça-feira gorda (e temos a promessa de que todas as seguintes) foi objecto de intolerância porque o objectivo de empobrecimento não se compadece com farras obesas, há que punir com a carne aquilo que o peixe nunca punirá.

Custe o que custar, havemos de obrigar o Entrudo a falecer de tísica, tal como já fazemos com outros ruminantes enquanto as vacas andam de cornos no ar à espera de que as macumbas feitas com animais de crista resultem em precipitação.
LNT
[0.135/2012]

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Botão Barbearia[0.149/2009]
Folia ou morteCasa abandonada

Uma segunda-feira de Carnaval em trabalho seguida duma noitada de Óscares é quase tão angustiante como uma quarta-feira de Cinzas.

Não que uma e outra coisa não tenham os seus encantos, pois se até nos encantamos com outros triviais, mas deixam uma frustração galopante por não se poder bisnagar o chefe.

Se o trabalho se faz em Lisboa, menos-mal. O carnaval lisboeta diverte-se com as casas mascaradas de ruínas e os passeios e ruas travestidos de picadas do Alto Volta enquanto que os alfacinhas parecem narizes vermelhos implantados na cara de um qualquer palhaço.

Uma 2ª Feira de Carnaval, a trabalhar e em Lisboa, é pior que uma ida ao circo para ver um trapezista manco fazer duas piruetas e estatelar-se no chão.
LNT

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Botão Barbearia[0.766/2008]
As árvores que andamPraia de Carneiros

O Siô Manuel foi o guia e piloto da lancha que nos levou a conhecer o estuário do Rio Formoso no Pernambuco. Homem de cultura e pescador com o jeitinho de quem sabe as artes do Frêdo.

No Verão de Janeiro, o Siô Manuel contou tudo o que havia para contar, desde a heroicidade de um punhado de portugueses que ali fizeram frente aos holandeses, à História da Igreja de Carneiros, passando por outras estórias mais recentes de portugueses no Brasil e brasileiros em Portugal.

Ficou registado o banho de água tépida nas línguas de areia da foz, as ostras e os cocos na cabana da margem e a entrada pelos manguezais, florestas que andam pelo rio em busca do seu espaço de sobrevivência.

Para nós, habituados aos pinhais estúpidos que se deixam queimar mudos e quedos para alegria dos eucaliptais que os sucedem, aquilo era ficção pura. Árvores que se movem, que buscam o seu espaço de luz, lançando do tronco novas raízes, pernas que as deslocam e deixam para trás a morte por asfixia.

Vegetais espantosos de vida e serpentes que se recusam ao raquitismo da sombra das maiores que pretendem o Sol só para si.
LNT