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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Evacuem as galerias, façam silêncio

MagritteMesmo correndo o risco de me chamaram demagogo ou anarca continuo sem perceber como foi possível que Antónia Almeida Santos tenha permitido assistência na Comissão de Saúde da Assembleia da República, muito mais, sendo que um dos elementos desse público conseguiu tomar a palavra interrompendo São Macedo, um homem de Deus para quem só se deve olhar com os olhos no chão.

Para mais, a assistência contava também com a presença do filho de uma senhora que tinha falecido na semana anterior porque a burocracia portuguesa, a que São Macedo é, evidentemente, alheio (não fosse ele evidentemente alheio a todos os inconseguimentos que vem protagonizando desde que passou da finança do BCP para os desempenhos estatais, fisco incluído) o que obrigou Sua Excelência à concessão de uma audiência privada.

Fica claro, e é aqui que me irão chamar demagogo ou anarca, que as comissões parlamentares não podem permitir, como a deputada-presidenta bem informou, que haja intervenções dos cidadãos, muito menos se elas se destinarem a pedir clemência de vida.

As Comissões, como os Plenários, são destinados ao debate entre as nossas elites eleitas (ou designadas), são uma ferramenta de promoção, publicidade e de garantia de subsistência pelo protagonismo e assim há que inviabilizar que os anónimos não eleitos (ou designados) demonstrem a sua avidez pela vida e distraiam a comunicação social com efeitos colaterais.

Há que manter a coisa como está para que o divórcio com a democracia se concretize.

Amem!
LNT
[0.076/2015]

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Divinas comédias

Cimissão BESClaro que as comissões de inquérito da Assembleia da República têm importância política e podem ser um meio complementar de apuramento da verdade para efeitos judiciais (uma vez que registam falas).

É assim em Portugal como na maioria dos países democráticos.

Também é verdade que, como diz Paulo Querido, “A comissão hoje tão badalada produziu mais ruído do que informação. É justamente vista pelos inquiridos como uma oportunidade de apresentarem narrativas elaboradas para estratégias de gestão de crise. Uma parte dos parlamentares usa o palco com evidente deleite mediático

Mas a questão da coisa não me parece ser tanto do palco mas mais dos comediantes residentes que nele actuam, sempre com o ouvido no ponto, sem capacidade para desmontar o guião e sem rasgo para desconstruir as narrativas e os enredos que as suas divas convidadas trabalharam à exaustão (com profissionais da pantomima) para levarem a representação à cena.
LNT
[0.334/2014]