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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A roubalheira

LadrãoManuela Ferreira Leite, de quem me orgulho de divergir, disse ontem algumas coisas muito acertadas. Confirma-se que “eles” não são todos iguais. Ela é uma social-democrata de direita e a tríade Coelho/Gaspar/Borges são experimentalistas-fundamentalistas-radicais da Lei da Selva.

A um social-democrata, mesmo de direita, preocupa o social e está-lhe adjacente o humanismo. Aos robots servis do capital só está subjacente a primazia do dinheiro.

Muito haverá a dizer sobre esta intervenção de Ferreira Leite mas fico-me pelo conceito de roubo dos reformados a que ela chamou imposto, ignorando a universalidade que teria de ter para o ser.

Um reformado (gostam de lhes chamar pensionistas para os igualarem aos que recebem sem nunca terem contribuído) é alguém que entregou parte dos seus rendimentos a uma instituição para dela poder usufruir a partir de determinada altura. O dinheiro que recebe da reforma é por isso tão seu, como se o tivesse colocado no banco, ou numa conta poupança-reforma. É uma poupança privada (mesmo que forçada) feita ao longo da vida.

O que aconteceria se um cidadão que constituiu uma poupança chegasse à organização onde a constitui e lhe dissessem que não a retribuíam conforme estava acordado?

O Estado não é o BPN. Os gestores do Estado (os governantes) não podem ser uns Oliveira e Costa.
LNT
[0.424/2012]

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Anotem bem

FascismoHoje é sexta-feira, dia 18 de Novembro de 2011, data em que a grande maioria dos trabalhadores da administração pública recebeu o seu maior salário dos próximos anos, mesmo que ele seja o menor de todos os salários que os trabalhadores da administração pública receberam nos últimos dez anos em Novembro.

Em Janeiro deste ano veio, para ficar, uma desvalorização de perto de 10% dos salários desses trabalhadores, fossem eles administrativos, técnicos altamente especializados ou pessoal auxiliar. Em Setembro, ou coisa que o valha, foi anunciado que o 13º mês levaria um corte valente e pouco depois ficaram a saber que nos próximos dois anos, enquanto não se despedirem 100.000 desses trabalhadores, vão ser-lhes retidos dois meses de salário em cada ano.

Como se não bastasse ainda fazem ouvir que a equidade existe porque ao público é garantido emprego, apesar de haver 100.000 em linha de despedimento, porque ganha mais que o privado, apesar de qualquer médico, advogado, economista, informático, etc., do privado ter melhores rendimentos, apesar de serem exemplares no pagamento dos seus impostos, coisa que no privado se camufla com carros, telemóveis, cartões de crédito, contas de restaurantes e envelopes de fim do ano.

Mentem dizendo que há uma imposição dos agiotas que obriga a cortes nas despesas, como se a redução do pagamento de salários na administração pública não fosse uma forma de receita.

Dizem que esses cortes não se devem aplicar ao privado porque a lei não o permite, como se o permitisse no público e ainda rematam que o privado tem casa e escolas para pagar como se o público recebesse esses bens de borla.

Os malandros dos funcionários públicos, aqueles que lhes tratam dos pais e dos filhos, aqueles que lhes ensinam os filhos a ler, aqueles que lhes mantém os passeios limpos e as estradas em condições, aqueles que lhes garantem que os impostos são cobrados, aqueles que lhes garantem o pagamento das pensões, aqueles que os protegem e lhes proporcionam segurança, aqueles que defendem o seu País, aqueles que garantem a justiça, aqueles que são tão ou mais esforçados do que qualquer privado, tão ou mais competentes do que qualquer privado, tão ou mais dedicados do que qualquer privado, são o bode expiatório, o inimigo interno de um Governo preconceituoso embora ele próprio seja público.

Lembrem-se bem deste dia 18 de Novembro porque, ainda assim, no sacrifício exigido a um povo que tem o azar de ter dirigentes incapazes, incompetentes, ladrões e corruptos e que por o serem exigem escravatura para saldar o seu desleixo e gula, foi o último dia em que o esforço exigido foi cobrado em igualdade.
LNT
[0.525/2011]