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sábado, 5 de dezembro de 2020

Está-lhe na massa do sangue



O taxista que há dentro de si

(Nota prévia: Este texto não é sobre Sá Carneiro, por quem nutro especial admiração pela sua coragem e valentia quando, na Assembleia Nacional, foi deputado da Acção Nacional Popular e fez frente a Marcello Caetano. Também não é sobre uma falha de motor à descolagem acabada em tragédia). 

Ontem no Expresso da Meia-noite, Marcelo, o Presidente da República (o depoimento foi feito a partir do Palácio de Belém) deixou que sobre ele pousasse a língua de fogo taxista e borrifou o fogo com gasolina velha de 40 anos no intuito de manter a chama acesa. 

Sobre o despenhamento de Camarate: 

“Formei uma convicção, como cidadão, que mantenho, de que não se tratou de um acidente, mas sim de um atentado…”

Ontem, Celinho, taxista pré-candidato que usa os meios disponibilizados pelo cargo de Presidente da República para poder fazer campanha fingindo não a fazer, voltou abjectamente ao método de criador de factos políticos em que é mestre. 

Não foi inocente, como aliás nunca o foi durante toda a sua vida pública e confirmou a convicção de Paulo Portas: 

"Deus deu-lhe a inteligência e o Diabo deu-lhe a maldade." 

Sá Carneiro, a caminho de uma derrota presidencial obtida há 40 anos apesar dos que imoralmente usaram a sua morte para fazerem da consternação nacional o maior acto de propaganda política alguma vez produzida em Portugal, tinha o slogan:

“Um Governo, uma maioria, um Presidente”

Marcelo mantém essa esperança para o seu segundo mandato embora invertendo a ordem. 
Conseguindo afastar Rui Rio, está na sua mente:

“Um Presidente, uma maioria, um Governo”.

Francisco Manuel Lumbrales de Sá Carneiro queria em Belém um António da Silva Osório Soares Carneiro para dele fazer um Américo de Deus Rodrigues Thomaz. 

Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa ambiciona ter em São Bento alguém a quem quererá transformar num Domingos Augusto Alves da Costa Oliveira.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.008/2020]

sábado, 4 de dezembro de 2010

Sá Carneiro e Amaro da Costa

Adelino Amaro da Costa e Francisco Sá CarneiroSe há trinta anos a direita democrática tinha líderes de respeito, devia-se ao trabalho que tanto Francisco Sá Carneiro como Adelino Amaro da Costa desenvolveram com coragem.

Infelizmente morreram no despenhamento do avião que os deveria ter levado ao comício onde esperavam travar a derradeira batalha para evitar que Ramalho Eanes fosse eleito Presidente da República. Foi um momento difícil para a jovem e então ameaçada democracia portuguesa, mas deixaram nela uma marca impossível de apagar.

Hoje já li muitos escritos sobre eles (principalmente sobre Sá Carneiro e incompreensivelmente muito pouco sobre Amaro da Costa, para já não falar da corajosa Snu Abecassis, de Maria Manuel Amaro da Costa e de António Patrício Gouveia, ou ainda dos tripulantes do Cessna - Jorge Albuquerque e Alfredo de Sousa) e, para além desses escritos, profecias que me parecem só possíveis num País onde se aguarda ainda o retorno de um rei morto, há séculos, no Norte de África.

Sá Carneiro, e também Amaro da Costa, foi(foram) relevante pela coragem e pela determinação. Projectá-lo na História de Portugal parece-me um acto necessário e justo.

Fazer projecções sobre o que seria hoje a democracia portuguesa se não tivesse morrido é um absurdo, ainda mais sabendo dos amores e dos ódios que ele conseguiu cultivar e que lhe custou (e a Snu) as piores e as mais graves afrontas.

Respeitemos a(s) sua(s) memória(s).
LNT
[0.449/2010]