O que mais gosto nestes dias de vésperas do Santo António de Lisboa é do cheiro a fumo de sardinhas que vem dos pátios de Alfama e o que menos aprecio são as marchas pindéricas que, tarda nada, transformarão a capital no pior do chulé bairrista que são as invejas portuguesas.
Ainda assim tenho pena de não ver a desfilar, a caminho do Tejo, o Coelho de arco e balão / o Portas com os submarinos na mão / o palhaço com o seu narigão / o Alvarinho a dizer que sim e o Gaspar a responder-lhe que não.
Gosto do Santo António de Lisboa. (até tenho uma medalha comprada e benzida no Sacré Coeur que só não uso porque a cicatriz que me deixaram no pescoço ainda desaconselha o fio de prata em que a penduro).
Gosto da minha Lisboa dos contrastes, dos turistas, da arruaça, do fedorin das naus de então que entretanto se continua a espalhar pelos túneis do metro que aqui, ao contrário do Porto, toupeira pelas catacumbas da cidade.
Gosto dos manjericos e das miúdas que neles escrevem quadras de amor. Gosto deste calor que as faz mostrar as carnes e gosto do faducho, património mundial do destino a que nos rendemos.
LNT
[0.172/2013]
Ainda assim tenho pena de não ver a desfilar, a caminho do Tejo, o Coelho de arco e balão / o Portas com os submarinos na mão / o palhaço com o seu narigão / o Alvarinho a dizer que sim e o Gaspar a responder-lhe que não.
Gosto do Santo António de Lisboa. (até tenho uma medalha comprada e benzida no Sacré Coeur que só não uso porque a cicatriz que me deixaram no pescoço ainda desaconselha o fio de prata em que a penduro).
Gosto da minha Lisboa dos contrastes, dos turistas, da arruaça, do fedorin das naus de então que entretanto se continua a espalhar pelos túneis do metro que aqui, ao contrário do Porto, toupeira pelas catacumbas da cidade.
Gosto dos manjericos e das miúdas que neles escrevem quadras de amor. Gosto deste calor que as faz mostrar as carnes e gosto do faducho, património mundial do destino a que nos rendemos.
LNT
[0.172/2013]