O bicho é invisível, mas não é inexistente.
As pessoas são os hospedeiros, os meios de contaminação por excelência e os disseminadores.
Os óbitos são proporcionais às vagas nos cuidados intensivos? Os cuidados intensivos são isso mesmo ou, à falta de mezinhas para o combate à peçonha, são paliativos?
O número de mortes fora do contexto Covid-19 é um segredo de Estado ou é o estado de coma em que nos querem induzir?
As estatísticas e os achatamentos são a desumanização dos sentires e afectos nesta multidão de bolhas herméticas domissanitárias em que nos confinámos?
Os predadores deixaram de se alimentar? os enganadores deixaram de enganar? os manipuladores deixaram de manipular? os bandidos deixaram de abandidar, os egoístas deixaram de se ego-centrar, os malditos deixaram de pichar, a inteligência e o entendimento passaram a ser só armas na retórica?
Evocar as mesmas realidades sem considerar o tempo decorrido e sujeitar-nos à colagem de imagens com frases ditas ontem e hoje como se a Terra não tivesse executado a rotação e a translação tivesse sido suspensa é um propósito manipresto dos comunicadores ou só uma inanidade?
O extermínio do cancro da pirâmide invertida e dos indigentes irá salvar o segurança social e a saúde pública?
A robótica, a inteligência artificial, o confinamento do teletrabalho, o ensino à distância, a deslocalização e a consequente transição para a dependência de monopólios e ditaduras que abocanham as prioridades de distribuição e nos fazem dependentes de tudo o que abominamos, incluindo a má qualidade, o silêncio, a escravatura laboral, o trabalho infantil, o uso intensivo de trabalho sem direitos dos cidadãos nem livro de reclamações, são a lavagem da nossa consciência?
Tudo vai voltar ao que era, ou acabou uma era e tudo se vai revoltear?
No entanto, constato que a casinha de pássaros que tenho na varanda fez-se maternidade e o frenesim dos pais não pára para satisfazer os bicos que se abrem lá dentro.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.004/2020]