terça-feira, 15 de março de 2011

O absurdo

NuclearA humanidade tem de gerar energia suficiente para satisfazer o seu bem-estar. Esta afirmação, que nada tem de especial, inclui o conceito de estar bem mesmo quando, para gerar essa energia, se põe em risco a própria humanidade.

A argumentação é sempre a mesma. Foram tomadas todas as medidas de segurança e ficou comprovado que o colapso é impossível. Já se tinha dito o mesmo quando um simples iceberg tratou de realizar uma impossibilidade, ou a fusão de Chernobyl demonstrou que só é impossível o que ainda não aconteceu.

O Japão martirizado pelo abanão e pela água está a beira de voltar a lembrar gerações de má-formações, desta vez não provocadas pelo delírio bélico mas antes pelo modelo de bem-estar. Oxalá não, que aquele povo não merece tanta provação.

A Alemanha já anunciou que irá encerrar as suas centrais com mais de trinta anos (presume-se que as outras não porque, dizem eles, são seguras). Esperar-se-ia o mesmo em França e em Espanha mas as notícias não chegam.

E por cá, espreita-se a oportunidade .Cavaco já levou um rotundo não há três anos, veremos o que aí vem.
LNT
[0.086/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXVII ]

Cabanas - Copacabanas
Copacabanas - Cabanas de Tavira - Portugal
LNT
[0.085/2011]

segunda-feira, 14 de março de 2011

Cada vez mais à rasca

Tartarugas Electrónicas Ao excelente Post de Porfírio Silva no Machina Speculatrix nada tenho a acrescentar, deixando a ressalva da discordância sobre quem deverá tomar a iniciatia de atirar o País para o charco.
Por isso deixei lá este meu comentário:
Caro Porfírio
Tirando a parte de que deve ser o Governo a tomar a iniciativa de se demitir (ou em versão Eduardo Pitta, de apresentar uma moção de confiança na AR) revejo-me totalmente no teu texto e só não o assinaria devido a divergência sobre a iniciativa da demissão.
Cavaco tem de ser obrigado a fazer o mesmo que fez Eanes. Demitir o Governo para fazer eleger o seu Partido. Prevejo que não terá coragem para o fazer agora, porque o seu Partido ainda não existe. Se a questão fosse só luta política, o PS deveria fazer o que dizes mas, goste-se ou não de Sócrates, seja-se ou não um crítico activo das políticas de desbaratamento que pela sua mão e principalmente pela mão de uns tais a quem ele deu cobertura (o Vital Moreira chamava-lhes "roubalheira"), estamos em momento de emergência nacional e seria traição à Pátria deixar de lutar.
Se Cavaco entende que é na rua que se faz a democracia, ele que demita o poder democrático e assuma a responsabilidade do seu acto.
Se Coelho julga que consegue fazer melhor que Sócrates, que avance.
Se os defensores da "democracia apartidária" já têm um líder para governar e um staff para os representar na Assembleia da República, que façam o favor de dar o passo em frente e de mostrar a cara.
Abraço
LNT
[0.084/2011]

quarta-feira, 9 de março de 2011

Cinco contra um

Miguel Telles da GamaO Presidente dos dois milhões e tal de portugueses toma hoje posse do cargo de supremo magistrado da nação. Com o seu conhecido lema do "Presidente dos cinco contra um", conforme fez questão de afirmar na noite eleitoral ao proferir o azedo discurso de vitória, podia hoje evitar os gastos que vai fazer na pompa e circunstância paga com o dinheiro emprestado pelos "mercados" e rapado do sustento de todos, incluindo o dos portugueses que ele insultou e ameaçou.

Cinco contra um, pensamento solitário insatisfatório mas aliviante, um programa completo para o seu mandato como reformado.

Cavaco volta hoje, quarta-feira de cinzas, a nascer. Fraco, mas confirmando que para se ser honesto e ficar livre da acusação do pecado é preciso fazê-lo duas vezes.

Todos nós, incluindo os que o elegeram por omissão, temos o que merecemos.
LNT
[0.082/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXVI ]

Miguel Telles da Gama
Miguel Telles da Gama (2000) - Portugal
LNT
[0.081/2011]

segunda-feira, 7 de março de 2011

Vamos reinar antes que seja quarta-feira de cinzas

Carnaval


Segunda-feira gorda tem as suas vantagens. Trabalha-se sem grande alarido, anda-se no trânsito como se a crise fosse real e os carros rareassem porque os combustíveis estão caros (e não porque ficaram na sorna de uma ponte ou foram a banhos para a 125) e sabe-se que amanhã, por muito chuvoso que seja, é o dia em que os Cavacos, Sócrates, Coelhos e Portas vão andar pelas ruas, cabeçudos, a fazerem rir os tugas.

Depois chegarão as cinzas deste nosso contentamento. Tem sempre de as haver quando o circo acaba, quando os cabeçudos deixam de ter graça e quando a palavra reinar será substituída por raivar.
LNT
[0.080/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXV ]

Catatau
Catatau
LNT
[0.079/2011]

quarta-feira, 2 de março de 2011

A Nação à Rasca

Vieira da SilvaSó para início de conversa e para que fique claro:

Concordo que, em vez de chorarem pelos cantos embalados pelo faducho do "já não posso mais", vão para a rua gritar que é tempo de mudar, antes que os mandem embalar a trouxa e zarpar.

De resto considero que é muito mau caminho virarem-se contra os vossos pais para lhes dizer que a geração deles é a geração dos direitos adquiridos depois deles terem lutado para que esses direitos vos tenham permitido adquirir a tal preparação que agora fazem finca-pé em lhes atirar à cara. É muito mau caminho fazerem o jogo da guerrilha geracional contra aqueles que penaram toda a vida para vos dar habilitações (isso da preparação é outra coisa e não se deixem enganar, ainda vão ter de fuçar muito para atingirem a preparação dos vossos pais) que vos permitem ir além. É muito mau caminho considerarem o estudo como bagagem de viagem para primeira classe porque o que ele é, é um bem em si mesmo. É muito mau caminho deixarem-se escravizar. Foi exactamente para o evitar que os vossos pais prescindiram do muito que vocês agora têm.

Dito isto, deixem-se de chorinhos e vão à luta. Oxalá consigam dar um chuto nos manipuladores que se querem colar ao vosso descontentamento para continuar a chular-vos.
LNT
[0.077/2011]

Querem fiado?

Zé povinhoOlá Helena, não há muito para desenvolver. Sabe, melhor do que eu, que se aqui se restringiu muito do tecido de produção foi na lógica de construção do projecto europeu.

Essa lógica era muito mais do que simples monetarismo e finança e implicava, como aliás se faz em todos estes negócios, zonas demarcadas de produção e de serviços e coesão social.

A Alemanha e a França têm más praias. Têm um clima mauzito (a França menos). Têm a vantagem de serem o centro geográfico da Europa.
Espanha, Portugal, Grécia, Itália, etc. têm outras vantagens e outras desvantagens.

Se se aproveitarem as vantagens de cada um e se se criarem as “zonas demarcadas” passamos a ter um espaço comum onde se exploram as potencialidades de especialidade de cada um e criamos um espaço global melhor para todos.

Mas isto implica coesão, solidariedade, entreajuda, respeito pela soberania dos outros e pelas suas opções políticas e outras coisas mais que não adianta agora escrever. Isso implica também responsabilidade e cumprimento dos pressupostos, e aqui teremos falhado em parte, mas que ninguém se esqueça do atraso com que arrancámos quando nos metemos no projecto. Que ninguém se esqueça que o projecto implicava para nós muito mais riscos porque, ao deixarmos de produzir no sector primário e na indústria, ficámos muito mais dependentes dos outros para poder comer.

No entanto abrimos estradas, desenvolvemos ciência, formámos a nossa gente, criámos condições melhores para que a praia pudesse ser mais qualificada e de melhor qualidade. A praia passou a ter balneários, restaurantes limpos e passadeiras para protegerem as dunas. O que agora pretendem é que elas voltem a ser selvagens?

Houve e há erros, é verdade. Há muito para corrigir. Tudo isto implica também um processo de aprendizagem no erro. O que nunca por nunca poderá implicar é que, os que mais vantagens tiveram em todo este plano europeu, se queiram agora aproveitar para tentar estrangular parte dos povos federados e sugar-lhes o sangue até à morte.

Para quem pensou este espaço europeu, tudo isto e as contrapartidas, era claro.

A Sr.ª Merkel não deve saber disso, o que é normal. Onde ela vivia, na altura, odiava-se a ideia da União, quando ela se reuniu à União só pensou na reunificação da Alemanha.
LNT
[0.076/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXIII ]

Pavilhão Chinês
Pavilhão Chinês - Lisboa - Portugal
LNT
[0.075/2011]

terça-feira, 1 de março de 2011

O que eu lhe diria

Orelhas de BurroSe fosse eu que mandasse e se a senhora que quer mandar numa data de democracias, que julga serem suas regiões, me chamasse ao quadro negro, começaria logo por lhe dizer que tinha feito os trabalhos de casa e que não estava na disposição de aceitar que ela me mandasse fazer, de castigo, mais uns quantos tpc’s.

Isto era o início da conversa porque logo de seguida explicava-lhe que as salsichas têm duas pontas iguais, como afirmavam os anarquistas portugueses da década de setenta.

Explicava-lhe que deixámos de pescar, de cultivar, de ter leite, de produzir têxteis, de fazer siderurgia, de ter indústria naval, etc., porque cumprimos a nossa parte do acordo e que esse acordo tinha contrapartidas que importava fazer cumprir na outra ponta.

Explicava-lhe que os submarinos, os electrodomésticos e os automóveis dão emprego e receitas na Alemanha mas que tem de haver dinheiro para os comprar. Explicava-lhe que o Euro não é o Marco. Explicava-lhe que os portugueses não são os indigentes do Reich e que se os berlinenses quiserem vir à praia irão ter de pagar aos empregados de balcão e aos nadadores salvadores o mesmo que pagam dentro das suas fronteiras. Explicava-lhe que o nosso sistema de ensino público serve também para lhe fornecer a mão-de-obra especializada que ajuda a manter o motor da Europa a funcionar. E explicava-lhe muito mais, porque a senhora está a precisar que lhe expliquem coisas, principalmente se forem relacionadas com o respeito que os Estados Europeus têm de ter uns pelos outros e que essa é a base da coesão da União Europeia.

O que eu não lhe diria era que estava na disposição de tudo sacrificar para que ela ganhasse eleições no seu burgo até porque, mesmo que assim estivesse disposto, isso não dependeria de mim mas sim daqueles que me tinham dado mandato para lhe dizer tudo isto.

Talvez assim ela compreendesse que fosse melhor guardar as orelhas de burro em vez de mas tentar enfiar na cabeça.
LNT
[0.074/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXII ]

Xutos e Pontapés
Xutos e Pontapés - Portugal
LNT
[0.073/2011]