Embora mintas bem, não te acredito;Florbela escrevia sobre o amor, coisa de que os poetas dissertam em verso porque a prosa é mais propícia aos amorosos enganados pela política.
Perpassa nos teus olhos desleais
O gelo do teu peito de granito...
Mas finjo-me enganada, meu encanto,
Que um engano feliz vale bem mais
Que um desengano que nos custa tanto!
Florbela Espanca - A mensageira das violetas
Descansem que não vou fazer uma prelecção poética. Não é matéria do meu mister, nem é norma do livro de estilo deste blog e, se posso fazer uso de quem sabe dessa poda, porque disparate a mal faria?
É inacreditável que amanhã faça anos. Tantos que lhes perco a conta e tão poucos que ainda não chegam para poder usufruir da calma que gostaria de ter, do sossego que merecia ter conquistado e do direito de não ter mais de aturar quem nunca fez por merecer ter direitos.
Chegado aqui, à idade do ouro como diz quem vende viagens e estadias, olho para os pinceis de uma vida passada entre todo o tipo de gentes e suspiro pela pressa com que tudo passou, tirando o tempo em que só havia tempo para o futuro.
Aos sessenta ainda se tenta. Valha-me isso (e a poesia).
LNT
[0.193/2013]