domingo, 6 de junho de 2010

A espuma dos dias

Guerra ColonialOntem quando vinha para casa ouvi no rádio um locutor anunciar, com grande frenesim, que os heróis-nacionais tinham acabado de sair de um lado qualquer e se dirigiam para o aeroporto onde rumariam a terras de África para cumprir os desígnios da Nação.

Lembrei-me de imediato de outros heróis a embarcar, independentemente da justiça da guerra para onde partiam, primeiro na Rocha de Conde d’Óbidos e depois na Portela, a caminho dos desígnios nacionais de então. Lembrei-me de que muitos deles não voltaram ou retornaram em caixas, de outros que ainda hoje sofrem de mazelas físicas e morais e de que à partida, em vez de cornetas barulhentas, tinham pais, mulheres e filhos com lágrimas nos olhos e lenços brancos nas mãos.

Comparo a heroicidade de quem o fazia porque acreditava ou a isso era obrigado, em nome de uma Nação, em sacrifício de um futuro, em troca de um miserável pré e da farda militar e as fardas larócas com que estes novos heróis-milionários se enfeitam para um sucesso que se lhes deseja, mas que não lhes trará consequências em caso de falhanço.

E irrito-me por ter de ouvir a baboseira de um qualquer locutor apelar à histeria e chamar, num posto de rádio, heróis-nacionais a um bando de artistas-mercenários.
LNT
[0.189/2010]

9 comentários:

ANTÓNIO AGOSTINHO disse...

Bem chutado...

Anónimo disse...

Uma boa parte dos profissionais da chamada comunicção social não sabe o significado das palavras.Por isso se ouvem baboseiras do género das que refere

mdsol disse...

Entendo-o. Bastava um pouquinho mais de cultura dos profissionais da comunicação social para que todos tivessem lugar. Colocado nestes termos custa a ouvir.

:))

Anónimo disse...

Luis
Este é o país que merecemos.
Fizemos muito pouco para merecer outro. Antes era Fado, Futebol e Fátima. O que é agora?
Será diferente? Julgo que a história da asa do penico, relatada num outro post se aplica aqui. Haja o Deus do Futebol que o resto não interessa nada.
Tenho muita vontade de retroceder no tempo. Mas que chatice ......

Unknown disse...

MUITO BEM !

Excelente e oportuno " post" !

Para que se não esqueça ... !

Os meus Cumprimentos

Vitor

maloud disse...

O locutor nunca deve ter estado em Figo Maduro, onde de noite chegavam as macas e umas senhoras impecavelmente penteadas e maquilhadas de avental branco dístibuíam maços de cigarros e velhas Flamas ou Séculos Ilustrados aos estropiados.

fatbot disse...

Senhor Barbeiro hoje em dia para ser HERÓI é necessário não ter educação ( não será o caso dos nossos jogadores ) é necessário ter um grande automóvel se possível bastante caro, é necessário ser vigarista ( não será o caso dos nossos jogadores ) é necessário falar com BONÉ ... é o caso dos nossos jogadores ... e ficaria aqui a enumerar tantas outras condições! Herói hoje não tem o mesmo significado que tinha e teve antigamente ... ENFIM! Resta hoje e SEMPRE a nossa Amizade ... até SEMPRE

Anónimo disse...

http://matosinhosapoiamanuelalegre.blogspot.com/

Paraquedista disse...

Muito simples:
Bastava perguntar à maior parte desses "piseudo" jornalistas, o sweguinte, quando, onde e como, começou a "actividade terrorista" que obrigou á ida de muitos jovens portugueses passar parte da sua mocidade. Vão ver a pobreza dessa canalha.
Aí, muitos foram tentar viver, a salto, noutros lugares.
A esses, eu não chamo cobardes.
Cobardes foram aqueles, alguns bem conhecidos, que desertaram das forças armadas e passraam a colaborar com os terroristas que deram origem a essa gurra DO ULTRAMAR, onde morreram muitos seus patricios.
Na minha terra chamam-se cobardes e FDP***.
Perguntem p. e. aao Alegre, o que fazia na emissora dos turras, depois de ser descoberto o que andava a tramar na Força Aérea e, se fosse sério, tinha agora uma boa oportunidade, mas a sério, de dizer às pessoas o que fazia um cobarde responsável por crimes de guerra, para justificar a sua vontade de querer ser um presidente, de quem?
Muita saúde para todos e, pensem que os heróis são aqueles que tentam defender algo que lhe diz respeito, com o risco da sua vida, sem pedir mais a não ser, que possa voltar a ser o que era, antes de partir para Angola, Guiné ou Moçambique..