Ele não suportava estar arredado da cadeira do hemiciclo. Manuela, a cruel, num dos seus últimos actos como chefe do baronato tinha-o excluído da importância dos pares.
Todos tinham o seu tempo de borla. Até Manuela, Pacheco e os outros perdedores. Ele, para aparecer, tinha de se arrastar pelos jantares da carne assada, tinha de convocar os media a recibo verde, inventar casos, dizer coisas, dar e levar abraços, beliscões e beijos, uma canseira.
Ele, o chefe, não podia suportar a sombra, o esforço, o dizer vazio para parecer que dizia, e os outros, os já ex, mantinham-se presentes nas imagens fugidias do Canal Parlamento, nos directos, indirectos e montagens, à entrada dos Passos Perdidos, à porta da casa de banho, nos corredores com a campainha a tocar, rodeados de flashes, de luzes da ribalta, de canetas pejadas de inutilidades e dos empurrões das estagiárias em busca de uma vida menos parva numa qualquer redacção.
Declarou-se farto e se não podia apresentar as suas razões para tal frustração, criou outras que se prendiam com o inevitável, fazendo da inevitabilidade o bode expiatório da sua raiva e enviou definitivamente a Nação para a condição de manada de mansos sem pasto nem ração.
Passos Coelho não suportou ser moeda má nem estar longe dos Columbanos e da talha doirada dos Passos que ainda haveremos de ver se não terão sido Perdidos.
LNT
Fotos: António Colaço
[0.107/2011]
Todos tinham o seu tempo de borla. Até Manuela, Pacheco e os outros perdedores. Ele, para aparecer, tinha de se arrastar pelos jantares da carne assada, tinha de convocar os media a recibo verde, inventar casos, dizer coisas, dar e levar abraços, beliscões e beijos, uma canseira.
Ele, o chefe, não podia suportar a sombra, o esforço, o dizer vazio para parecer que dizia, e os outros, os já ex, mantinham-se presentes nas imagens fugidias do Canal Parlamento, nos directos, indirectos e montagens, à entrada dos Passos Perdidos, à porta da casa de banho, nos corredores com a campainha a tocar, rodeados de flashes, de luzes da ribalta, de canetas pejadas de inutilidades e dos empurrões das estagiárias em busca de uma vida menos parva numa qualquer redacção.
Declarou-se farto e se não podia apresentar as suas razões para tal frustração, criou outras que se prendiam com o inevitável, fazendo da inevitabilidade o bode expiatório da sua raiva e enviou definitivamente a Nação para a condição de manada de mansos sem pasto nem ração.
Passos Coelho não suportou ser moeda má nem estar longe dos Columbanos e da talha doirada dos Passos que ainda haveremos de ver se não terão sido Perdidos.
LNT
Fotos: António Colaço
[0.107/2011]
3 comentários:
Tenho ideia de que os coelhos não têm cloaca, pelo que não podem pôr ovos. Este coelho que o LNT fala deve ter pelo menos algum orifício disponível para que algum ovo, pleno de alternativas ?????, venha presentear os portugueses com enormes ?????? benesses na vida dos ditos.
Em vez de terem um ovo desconcertante de tal nome de PEC4, irão ter um enorme presente ovular, designado, qui sá por PEC5.
OVOS DO MESMO SACO. Digo, da mesma cloaca.
Boas
Excelente texto.
Com ele o esventrar de um estado de alma, um só, mas que nos vai consumir a todos por muitos anos. Afinal foi só uma ambição desmedida pelas luzes doiradas da ribalta.
O perigo que o narcisismo de Passos representa para o país reside na sua compulsiva tendência para dar saltos de coelho. Os estragos que possa provocar na sua caminhada para a fama, são-lhe soberanamente indiferentes. Talvez se lixe. Só espero que a sua irreprimível atracção pelos palcos não nos lixe a nós primeiro.
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