O pedido de casamento fez-se há uns meses na margem
sul entre bólides a cheirarem a novo e acepipes engordurados de pasteis de
bacalhau. A boda foi marcada ontem com juras de felicidade eterna e crocantes
pastelinhos de Belém.
O repasto será servido no centro cultural do
cavaquistão animado com a banda da presidência portuguesa europeia e terá por
prato principal o xarope boticário anti-SarS-Cov2 servido em agulha fina,
algodão de trufas e juice de proteína spike, regado com um albardado cirúrgico
branco e azul, colheita reserva de 2020.
Terminada a cerimónia os nubentes partirão para a lua
de mel de oito meses nos alicerces da barragem que fará o rio deixar de correr
e hão-de saltitar de nenúfar em nenúfar na extensa albufeira a formar até que o
guarda do caudal da quota máxima grite que chega.
As portuguesas e os portugueses irão embebecer-se com
os afectos e ternuras demonstradas na praça pública e entusiasmar-se com as sensuais cenas onde serão exibidas mamocas por cada pica dada.
No divórcio litigioso que se seguirá Outono dentro
todos os convivas rejubilarão com as revelações das diatribes e traições às
juras de amor e confirmarão que todas as fábulas findam com a frase:
E viveram felizes para sempre até que uma facada nas
costas os separou.
#BarbeariaSrLuis
[0.009/2020]
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