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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Povo sábio de Lisboa [ II/II ]

Rossio - JanelaComo dizia no texto anterior desta série:
"Aquilo que os Partidos políticos continuam a ser incapazes de fazer, será feito pelos cidadãos-eleitores à medida que se vão despegando da pele aparelhista e da política clubista".

Esta realidade resulta da maturidade da democracia, da evolução do conceito de participação política e do enquistamento das forças políticas estabelecidas.


Alcântara
No passado Domingo foram entregues três boletins de voto a cada um dos eleitores de Lisboa que se dispôs a exercer a sua soberania. Cartolinas brancas, amarelas e verdes.

No tempo da obediência qualquer cidadão teria assinalado a sua opção de forma igual em todos eles mas o povo de Lisboa, ainda na ressaca da sua vontade de penalizar o PS por aquilo que considerou "arrogância da maioria", soube discernir o importante do supérfluo e na cartolina branca inviabilizou o mal maior, mandatando o executivo de Costa para decidir, retirando-lhe argumentos futuros para desculpas de falta de poder.

Depois pegou no voto verde, observou o que o rodeava e premiou ou penalizou os responsáveis, ao mesmo tempo que excluiu a possibilidade de ter à frente da sua Junta de Freguesia gente que pouco mais faz do que pregar e atrapalhar. Lembrou-se certamente de que "palavras, leva-as o vento" e que estavam a eleger gente para concretizar o seu bem-estar de todos os dias e moderar na Assembleia Municipal qualquer veleidade absolutisma.

Elegeu 25 Presidentes de Junta pela coligação de centro-direita, outros 23 pelo coligatório de centro-esquerda e mais 5 pela coligação vermelha-verde.

Finalmente escreveu no impresso amarelo como queria apimentar a Assembleia Municipal onde o executivo absoluto terá de fazer aprovar o mais relevante.

Elegeu 23 DMs do centro-direita, outros tantos do centro-esquerda, 5 fiéis da balança para que a balança pendesse para a esquerda e 3 animadores.

O resultado de tudo isto foi o equilíbrio notável que obriga uma maioria absoluta sem desculpa de falta de quórum para aplicar o projecto de governação sufragado, a negociar com as minorias.

Digam lá se este povo é sábio, ou não e se as forças políticas não têm de começar a entender que os votos que lhes são atribuídos e de que eles têm de cuidar durante a vigência do mandato se resumem a fichas de avaliação onde as pessoas-poder classificam o desempenho dos seus mandatários.

É a civilidade e a cidadania a tomar conta da coisa. Os Partidos e os abstencionistas que se cuidem.
Resumo de mandatos na Câmara Municipal de Lisboa:
PS: 9 vereadores (Um é o Presidente da CML)
PSD: 7 vereadores
CDU: 1 vereador
BE: 0 vereadores

Resumo de mandatos na Assembleia Municipal de Lisboa:
PSD: 23 deputados municipais eleitos + 25 PJF = 48
PS: 23 deputados municipais eleitos + 23 PJF = 46
CDU: 5 deputados municipais eleitos + 5 PJF = 10
BE: 3 deputados municipais eleitos

Juntas de Freguesia de Lisboa por Partidos
PSD: 25 Presidentes de Junta
PS: 23 Presidentes de Junta
CDU: 5 Presidentes de Junta
BE: 0 Presidentes de Junta
Nota 01: Para simplificar onde se lê (acima e em anexo) PS, leia-se Unir Lisboa e onde se lê PSD, leia-se Lisboa com sentido.
Nota 02:
Anexo com detalhes da composição da AML e AF por presidências
LNT
[0.654/2009]

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Povo sábio de Lisboa [ I/II ]

Janela RossioAquilo que os Partidos políticos continuam a ser incapazes de fazer, será feito pelos eleitores à medida que se vão despegando da pele aparelhista ou da política clubista.

Como dizia no final do texto de Balanço final do Votem em mim , "O povo de Lisboa é um povo esperto e sabedor" e comprovou-o. Abdicou da camisola política para inviabilizar a tomada do poder na Câmara Municipal por Santana Lopes. Para a Assembleia Municipal votou como entendeu e escolheu as Freguesias conforme melhor achou.

Fazendo contas e olhando as outras duas votações do dia, verifica-se que a desobediência foi forte, uma desobediência de cidadania baseada no bom senso e na vontade de indicar às lideranças que é tempo de convergir forças e de aliviar o entrincheiramento com que as esquerdas protegem os redutos, sempre mais interessadas na crítica destrutiva do que na construção de soluções.

A votação em Lisboa revela um sério aviso às forças de contra-poder. Ou tratam de defender os interesses dos seus eleitores assumindo as responsabilidades da governação e aplicando as teorias que defendem, ou perdem a sua confiança. Santana Lopes até fez o raciocínio correcto na noite das eleições mas, como não podia deixar de ser e na mesma onda romanceada de Manuela, Aníbal e José, preferiu perder-se em fantasias de espionagem e de conspiração e deixou escapar o "acordo secreto" para dramatizar a deslocação dos votos assertivos.

Povo sábio, este de Lisboa, que talvez tocado pelos antigos invocados por Alegre na Rua Augusta, soube distinguir e discernir garantindo que os Paços do Concelho não caíssem em mãos erradas.
LNT
[0.649/2009]

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