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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Crianças pobres

Miudo FomeA moda agora, no tom politicamente correcto, é afirmar que não há crianças pobres mas sim crianças de famílias pobres.

Vale tanto como dizer que não há famílias pobres mas sim estados com bolsas de pobreza.

Percebe-se que a expressão é interessante por tentar fazer passar que todas as crianças têm a mesma igualdade de oportunidades, o que, aliás, também seria interessante aplicar aos pais e avós mas que não passa de hipocrisia paternalista na gama da que pretende a caridade em substituição da carta universal dos direitos humanos.

O tempo está de feição para estes trocadilhos. Veja-se a mentalidade que não considera pessoas desempregadas mas só percentagens de desemprego.

Há crianças pobres, e importa dizer isso hoje, no dia em que o Mundo olha para elas de forma mais atenta, para que se enfrente e resolva a questão sem paninhos quentes destinados a deixarem-nos dormir menos atormentados.

E esta realidade é inadmissível. Seja no Niger, na Grécia, em Espanha, em Portugal ou em qualquer outro ponto do globo.
LNT
[0.289/2012]

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dia da Criança

ChipDizia ontem Jerónimo que o actual poder não deveria cometer a hipocrisia de festejar o Dia da Criança. Fundamentava com a conversa dos subsídios, de que o PCP tanto gosta, mas que nunca explica como obter. Fundamentava com a habitual demagogia de fazer acreditar que o dinheiro não tem fim e que um subsídio ao consumo é um direito adquirido, tal como foi a Reforma Agrária, de que já não fala, ou as amplas liberdades, de que se esquece quando olha para os países que lhe servem de modelo.

Jerónimo não explicou, não lhe interessa explicar, que os subsídios, os abonos de família, não foram retirados a todos, mas somente a quem possivelmente nunca precisou deles para criar os filhos. Não explicou, porque não lhe interessa explicar, que esse dinheiro foi melhor investido a modernizar as escolas, onde as crianças passam o dia, do que gasto em abonos para mais um maço de tabaco ou um café dos pais.

Neste afã de mal dizer, só para dizer mal, Jerónimo, e outros, consideram os investimentos feitos na modernização das escolas, no seu apetrechamento com tecnologia, comodidades e com mais condições de bem-estar, um mal que não interessa contabilizar mas que todos os pais e alunos reconhecem no terreno como valor acrescido que, não só melhora as condições de aprendizagem, como ainda promove a adesão ao ensino.

Implica custos de manutenção, é verdade. Poderiam ter-se melhorado as condições ecológicas de forma a produzirem-se as mesmas condições tecnológicas e de conforto com recurso a energias mais limpas ou a melhores arquitecturas do ambiente, possivelmente sim mas o que se já se fez, e isso irrita-os porque está feito e as nossas crianças e jovens estão a usufruir com agrado desses equipamentos, é notável para quem gosta de ter para os seus filhos o melhor retorno dos impostos que paga.
LNT
[0.199/2011]

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Para ler alto às crianças

Desdentado
- Vem comigo – disse o rapaz – eu levo-te à terra e mostro-te coisas lindas.

- Não posso porque sou uma Menina do Mar. O mar é a minha terra. Tu se vieres para o mar afogas-te. E eu se for para a terra seco. Não posso estar muito tempo fora de água. Fora de água fico como as algas na maré vaza, que ficam todas enrugados e secas. Se eu saísse do mar, ao fim de algumas horas ficava igual a um farrapo de roupa velha ou a um papel de jornal, destes que às vezes há nas praias e que têm um ar tão triste e infeliz de coisa que já não serve e que foi deitada fora e que já ninguém quer.

- Que pena que eu tenho de não te poder mostrar a terra! – disse o rapaz.

- E eu que pena tenho de não te poder levar comigo ao fundo do mar para te mostrar as florestas de algas, as grutas de corais e os jardins de anémonas!

E nessa manhã o rapaz e a Menina, enquanto nadavam na água, iam contando um ao outro as histórias do mar e as histórias da terra.

Sophia de Mello Breyner Andresen
Menina do Mar
Versão completa em pdf
LNT
[0.428/2009]

Rastos:
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Minerva ≡ Universidade de Évora - Menina do Mar